QUATRO PINTORES NA GALERIA PANORAMA
Os pintores Adilson Santos, J.Murilo,
Sérgio Souto e Sílvio Jessé estão expondo, até o próximo dia 14, na Panorama
Galeria de Arte, que fica na rua Nelson Gallo, no Rio Vermelho. São
conquistenses ou residem lá, com exceção de Adilson Santos, que nasceu em
Vitória da Conquista, mas há muitos anos mora no Rio de Janeiro. Tive a honra
de fazer a apresentação deles no catálogo, numa exposição que é significativa
porque, além de reunir quatro bons artistas, mostra a arte feita no interior.
Vejam o que escrevi sobre cada um deles:
Adilson Santos – “O artista conquistense Adilson Santos, radicado
no Rio de Janeiro há vários anos, é uma referência no mercado de arte
brasileiro. Com a pintura calcada nos ex-votos, ele faz uma arte surrealista de
alto nível. Sempre introduzindo elementos, a exemplo de maçãs, cajus, peras,
guarda-chuvas e até brinquedos de crianças, suas obras ganham mais interesse.
Neste jogo, Adilson nos transmite uma paz interior, em locais fora deste
ambiente tumultuado do nosso planeta Terra. Algumas figuras, criadas por Adilson
Santos parecem que estão espreitando o espectador com um olhar inquisitivo,
como a perguntar: o que está achando da minha expressão?“Este diálogo silencioso e
instigante mexe com a nossa sensibilidade”.
Reprodução de tela de Adilson Santos, que é um dos mais requisitados artistas baianos.
Reprodução de tela de Adilson Santos, que é um dos mais requisitados artistas baianos.
Sílvio José -“A caatinga exala um perfume indescritível quando
chegam às primeiras trovoadas de novembro.
O acinzentado da estiagem dá
lugar ao verde do mandacaru ,do cajueiro em flor, e ela explode em cores e
cheiros.
Só o sertanejo é capaz de sentir
e expressar este ambiente cativante. Inóspito na seca e doce com a chuva.
Sílvio Jessé é um amante da caatinga de onde ele retira a essência de sua arte.
E, sua mostra vem exatamente no
período das trovoadas, quando o sertanejo refaz seus planos e deixa o desânimo
de lado. Este quadro, que a princípio parece caótico, tem uma harmonia que, às
vezes, destoa aqui ou ali. Mas tem harmonia, e ele sabe, captar esta harmonia e
coloca nas telas as cabras, o mandacaru, as árvores retorcidas estilizando-os
dentro da sua visão pictórica”.
J. Murillo -“Sem medo de exagerar, J. Murillo é um dos bons
pintores näifs que tem este País no momento. Ele tem participado de várias
exposições e salões e conseguido destaque. Pinta sua gente simples nos folguedos
interioranos, nas manifestações sociais e políticas e lembra até de Brasília,
aquela ilha de fantasia, concreto e modernidade, que de longe quer impor
conceitos e métodos para um Brasil tão vasto e tão plural. O desenho e o traço
são simples, mas ele consegue superar tudo isto criando situações únicas e
belas. Outra coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de elementos, o
detalhamento das coisas na simplicidade do pintor näif”.
Sérgio Souto-“O artista Sérgio Souto apresenta cenas do cotidiano,
dando ênfase aos espaços urbanos, enfocando as cidadezinhas do interior.
Pinta o casario, namorados nas
ruas, cachorros correndo atrás de gatos, pessoas jogando conversa fora nos
bares e ruas. Enfim, como um cronista do pincel vai construindo este mundo
calmo e longe da agitação das metrópoles. Ali a vida flui com mais vagar, as
pessoas se conhecem e se respeitam. A cidadania brota espontaneamente. Já na
metrópole, vale a lei do mais forte ou do mais indisciplinado. Não que nesses
locais do interior não existam indisciplinados e aqueles que querem levar
vantagem em tudo. Lá ,
também existem, mas são exceções. Enalteço esta preocupação em fixar estas
cenas de Sérgio Souto porque elas tendem a desaparecer com a invasão da
globalização, com a importância de conceitos e comportamentos discutíveis de
novelas e outros programas de baixa qualidade da TV.
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