TERUZ COMPLETA 80 ANOS E TEM
EXPOSIÇÃO NA BAHIA
Fotos Google e Divulgação
Fotos Google e Divulgação
Aos oitenta anos de idade,
completados no último dia 18, o carioca Orlando Teruz é uma das marcas
registradas da arte brasileira. Sua arte, que brotou de uma visita que fez
juntamente com seu pai ao Museu do Cairo, é cheia de vitalidade e riqueza de
nossas tradições populares. Uma temática rica e de belas formas e clima da
gente brasileira.
Obra Cavalos, óleo sobre tela de Orlando Teruz.
Obra Cavalos, óleo sobre tela de Orlando Teruz.
Tem uma produção invejável em
torno de 11 mil quadros já pintados, embora faça questão de afirmar que “nunca
fiz uma estatística, mas levantando a minha produção, ano por ano, cheguei à
conclusão de que estou atingindo aquela marca”. São telas espalhadas por todo
este Brasil e muitas no exterior. Agora, ele expõe a partir do dia 25 no Bahia
Othon Palace Hotel, graças ao trabalho do marchand Luís Caetano S. Queiroz que
deseja prestar-lhe uma homenagem, e para nós baianos é gratificante esta
exposição do mestre Teruz. O que ele não gosta é de retrospectiva “porque ainda
estou vivo e pintando muito”.
Acha que somente quando morrer é
que esta palavra terá sentido quando se referir a sua arte.
Realmente este artista tem razão,
porque aos 80 anos de idade continua pintando todos os dias, sem folgas aos
sábados e domingos, como tem qualquer trabalhador deste país. “Começo a pintar
pela manhã, interrompo para o almoço e continuo pintando até o sol desaparecer
no horizonte”. Um exemplo para os jovens pintores que realmente necessitam
trabalhar com muito mais afinco para vencer as dificuldades técnicas e
aprimorar sua arte.
O que se observa quando estudamos
a obra de Teruz é que conserva uma unidade, permanecendo firme em sua linha
criativa, vacinado contra influências e modismos momentâneos, que desviaram
tantos talentos. Mesmo sendo da geração dos intelectuais que levantaram a
bandeira do Modernismo neste país, o artista Orlando Teruz seguiu o seu caminho
impregnado de figurativo. Longe dos grupos que naquela época sacudiam as
academias e provocavam reboliços nas galerias e museus, este carioca, nascido
no bairro do Encantado, continuava criando suas figuras roliças em movimento
constante.
Mesmo quando surgem de frente ou de lado, em verdadeiros closes, não ficam imóveis, parecem que estão espreitando o que está passando ao redor. E estas figuras populares: as crianças que jogam bola, peteca, que empunham uma roda ou aro, que pulam corda, aparecem em suas telas num colorido original e num clima de grande ternura e leveza.
Certamente nunca alguém poderia
afirmar que Teruz não aceitava o modernismo, pelo contrário, sabemos que
juntamente com Lúcio Costa e o próprio Cândido Portinari batalhou pela criação
da Divisão Moderna no então acadêmico Salão Nacional de Artes Plásticas.
Mas sem dúvida que sua arte está
centrada entre o antigo e o novo, coisa que podemos constatar até hoje quando
está criando na tranqüilidade de sua Casa-ateliê junto aos pássaros e pequenos
animais que ainda sobrevivem na Floresta da Tijuca.
Reprodução da obra Jogando Peteca, outra tela do grande Truz.
Reprodução da obra Jogando Peteca, outra tela do grande Truz.
SUA VIDA
Orlando (Rabelo) Teruz nasceu no
Rio de Janeiro, a 18 de agosto de 1902 e em suas veias corre sangue árabe. A
vocação pictórica cedo despontou, ao percorrer, ainda menino, na companhia
paterna, os tesouros do Museu do Cairo.
Desde então, nunca mais se apartaria
do seu ideal artístico e aos 18 anos já se matriculava na Escola Nacional de Belas-Artes
no Rio de Janeiro, onde teve por mestres principais Rodolfo Chambelland e
Batista da Costa. A partir de 1924 participou do Salão Nacional de Belas Artes,
nele conquistando sucessivamente menção honrosa (1924), medalha de bronze
(1925), medalha de prata (1926), o prêmio de viagem ao estrangeiro (1937) e o
de viagem pelo Brasil (1942). Em 1931, junto com vários outros importantes
artistas modernos brasileiros, tomou parte do célebre Salão Revolucionário,
organizado por Lúcio Costa (então diretor da Escola Nacional de Belas-Artes), e
assim denominado por que nele, pela primeira vez, os artistas de orientação não-conservadora
ou acadêmica lograram exibir seus trabalhos. Foi também dos primeiros a optar
por expor seus quadros na Divisão Moderna do Velho Salão Nacional de Belas
Artes, ao ser criada em 1941.
Tendo participado de muitas das
mais importantes e abrangentes mostras de arte brasileira realizadas no
exterior- pintores modernos brasileiros em Londres, 1944; pintores brasileiros em Buenos Aires e Montevidéu,
1945; mostra internacional de arte sacra no vaticano, 1958, etc. – Teruz
realizou igualmente numerosas individuais, em cidades como Rio de Janeiro e
Paris, Belo Horizonte e São Paulo, Recife e Fortaleza. Autor de abundante
produção, o que se explica tanto por sua operosidade como pela extensão de sua
gloriosa carreira de mais de 60 anos, possui obras em algumas das mais notáveis
coleções públicas de arte contemporânea, como o Museu do Ermitage, em Moscou e
da International Business Machine, em Nova York , o Museu Calsberg, de Copenhaque e o
Museu de Arte de São Paulo, Assis Chateaubriand, o Museu Nacional de Belas Artes
do Rio de Janeiro e o Museu do Vaticano, o Museu de La Plata , na Argentina, e o
Palácio de Buckingham, de Londres.
Sua mais recente exposição
individual teve lugar ainda há poucos meses no Museu nacional de Belas Artes do
Rio de Janeiro, constituindo-se numa homenagem do principal museu oficial de
arte brasileira aos sessenta anos de sua carreira de pintor. Há longuíssimos
anos Teruz não expunha em
São Paulo , daí a oportunidade da recente mostra e a
expectativa de que se tem
Revestido, tanto mais que, nela, Teruz esteve
expondo, pela primeira vez, uma importante série de seus desenhos, junto a uma
vintena de óleos.
Orlando Teruz reside no Rio de
Janeiro, em sua imensa residência-ateliê museu da Muda da Tijuca.
ANTUNES EXPÕE NA KATTYA A
EXUBERÂNCIA DAS BEGÔNIAS
EXUBERÂNCIA DAS BEGÔNIAS
Está de volta à Bahia o pintor
Antunes, que expões desde a sexta-feira na Kattya Galeria de Arte. O paulista
Antunes tem especial ligação com a nossa cidade, que sempre de uma forma ou de
outra serve de temática para seus trabalhos. Com sua formação de arquiteto ele
consegue trabalhar bem o desenho, mesmo quando busca fugir do figurativo,
tentando dar um cunho de sua individualidade. Neste momento o artista nos
apresenta uma mostra onde sobressaem as begônias e as paisagens vistas da
janela de sua casa, nos arredores de são Paulo. A luminosidade e o emprego de
cores neutras nos dão a alegre sensação de um verdadeiro jardim, onde as
plantas respiram e exalam o perfume de suas flores. Antunes soube trabalhar bem
com a vegetação exuberante, o que a meu ver não aconteceu com os quadros onde
surgem trabalhadores urbanos e rurais. As soluções encontradas ainda não
satisfazem do ponto de vista da técnica e também da composição. Obra Vaso Branco, tela que ilustra o catálogo da mostra de Antunes.
Parece que as figuras estão
soltas em espaços mal definidos. Também um quadro, que por sinal estava
localizado no final da segunda sala da galeria, apresenta uma solução plástica
não muito feliz onde predomina o amarelo.
Porém, tudo isto é superado com a
qualidade das telas da atual fase de Antunes, que nos brinda com seus vegetais
apresentados em belas composições, com equilíbrio de formas e cores. Antunes é
um paciente artesão que trabalha sua arte com muito rigor e com a preocupação
em criar coisas que agradem e acima de tudo traduzam a sua sensibilidade.
Nascido em bebedouro, em São Paulo , Antônio
Augusto Antunes Netto começou a desenhar no Paraná. Retornando a São Paulo, em
1954, estudou Arquitetura onde, diplomou-se em 1961.
Em seguida assumiu o cargo de
professor assistente da cadeira de Paisagismo, onde ficou até 1973. Já fez
várias exposições em capitais brasileiras e até mesmo no exterior. Já expôs
algumas vezes em salvador e sempre retorna com novidades em busca de uma
linguagem plástica cada vez mais criativa.
IDMACH RETORNA COM EXPOSIÇÃO
DE SUA ARTE NO HOTEL MÉRIDIEN
DE SUA ARTE NO HOTEL MÉRIDIEN
A frase de Oscar Niemeyer “Nesses
tempos em que as artes plásticas se tornam tão contraditórias e os caminhos mais
fáceis se insinuam para os eternos dilemas, o meu amigo deve se sentir à
vontade, lembrando sua passagem indispensável pelas escolas de arte e pelos
mestres da pintura” está inserida no catálogo do baiano Idmach que está expondo
suas telas no Hotel Méridien. Nascido no bairro da Federação, ainda menino
acompanhava o movimento do Terreiro do Gantois e ouvia atento o bater dos
atabaques. Também, era atraído pela plasticidade do casario colonial. Viajou
para o Rio e depois de trinta anos, poderia estar imune ou mesmo ter esquecido
a sua terra. Mas ao contrário, suas paisagens, o casario é mesmo os personagens
de suas telas trazem mais ou menos acentuada a marca registrada do nosso clima
e do nosso misticismo.
A figura de um velho que
retratou, baseado em informações de uma filha contribui para este clima místico
às suas exposições. Idmach sabe trabalhar com a luz e a sombra e suas telas,
embora tratando de uma temática muito utilizada, têm a marca de sua individualidade.
Visitei a sua exposição e fiquei
sabendo de sua indignação com a falta de cooperação de que foi vítima, porque
as pessoas encarregadas de divulgá-la não fizeram como deveria. Mas, quem puder
ir ao Hotel Méridien será gratificado com a beleza e a plasticidade das telas
de Idmach, que retratam a nossa Salvador, os nossos terreiros e nossa gente.
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