JORNAL A TARDE SALVADOR,
TERÇA-FEIRA, 17DE ABRIL DE 2001.
SANDRA REY NA ACBEU
No próximo dia 20, a gaúcha Sandra Rey
mostra três peças, desdobradas em outros trabalhos, que vão ocupar áreas
estratégicas da galeria Acbeu.
Cruzando técnicas, que envolvem
desenhos, pinturas, gravuras e efeitos de computador, a artista explora a
possibilidade de criar profundidade, fugindo à perspectiva clássica,
centralizada de um ponto de fuga. Essa profundidade, criada em suas peças,
resulta de um método de trabalho que, utilizando-se das modernas tecnologias da
computação, sobrepõe, num mesmo plano, mais de 80 imagens.
Segundo Sandra, ao dispersar o
olhar do espectador sobre o plano visual, ela abre novas alternativas à
imaginação. “ Procuro o desfocamento do olhar do público”, explica. É um tipo
de experiência semelhante ao que se vivencia com as nuvens, nas quais se podem
ver carneiros, montanhas ou mesmo rostos. No caso encontrado numa velha parede
de um manicômio em Porto
Alegre , o desenho foi digitalizado e interferido através de
efeitos no computador.
MESTRA E ALUNA ESTÃO EXPONDO
A artista Anna Georgina está
expondo, juntamente com a aluna Graça Pizani, na Galeria Panorama, que funciona
na Rua Nelson Gallo, no Rio Vermelho. Enquanto Graça pinta a figura humana, Ana
apresenta 10 telas em acrílica, com cores fortes do abstracionismo. A exemplo
do seu pai, já falecido, Anna é uma artista que vem através dos anos orientando
os primeiros passos e despertando nas pessoas a habilidade da pintura. Tenho,
neste espaço, sempre dado guarida aos novos talentos, incentivando-os a
percorrer o longo caminho em busca do reconhecimento. O sucesso dependerá da
capacidade individual de cada aluno, que deve pintar e pintar.
Na reprodução da foto vemos a artista Ana Georgina com a aluna Graça Pizani.
OS ESTANDARTES DE JORGE LUIZ
Jorge Luiz da Fonseca nasceu em
1966, em
Conselheiro Lafaiete , Minas gerais, onde até hoje vive
trabalha como maquinista de trem e artista autodidata.
Absorveu as experiências da
infância, vivida com seus outros sete irmãos, entre a ferrovia e a zona boêmia,
ao lado da mãe religiosa e adepta das crendices populares, tendo também
freqüentado por inúmeras vezes o ateliê de costura da tia, que vestia com
exuberância e muita criatividade as meretrizes locais. Aos 4 anos, perdeu o
pai, um guarda-chaves da Central do Brasil, que sonhava ver um filho doutor.
Aos 10 anos, começou a trabalhar como balconista, depois, transferiu-se para
uma marcenaria e, aos 20 anos, prestou concurso para a Central do Brasil. Desde
então, exerce a função de maquinista de trem de carga.
Começou a pintar, mas logo
descobriu que ele não era suficiente para extravasar suas inquietações e sua
sensibilidade. Nas longas viagens do trem que conduzia, levava uma velha maleta
de couro recheada de linhas, agulhas e panos, que mantinha escondida dos
companheiros. Aproveitava todo o tempo disponível para bordar estandartes. Nas
horas de folga, visitava centros culturais existentes no trajeto dessas
viagens. Numa dessas visitas, encontrou uma ficha de inscrição para o Salão de
Campos, na qual inscreve suas obras, pela primeira vez, e, já no ano seguinte
(1996), recebe o 1º prêmio. Desde então, sua obra vem sendo mostrada com
regularidade, participando de importantes coletivas e realizando algumas
individuais nas principais capitais brasileiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário