JORNAL A TARDE SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2001
50 ANOS DA BIENAL PAULISTA
Acabo de receber o convite para a abertura da exposição
Bienal 50 anos.
-Uma homenagem a Ciccillo Matarazzo, que será aberta amanhã,
a partir das 19 horas, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, portões
2 e 3, em São Paulo. O
convite é de Carlos Bratke, presidente da Fundação Bienal de São Paulo. Como
sabemos o industrial Ciccillo foi um dos grandes mecenas deste País, ajudou
muitos artistas brasileiros, especialmente os imigrantes, que residiam em São Paulo , e foi o
fundador da Bienal paulista. Portanto, uma homenagem mais do que justa.
UNIVERSO EM CORES DE M. NONATO
O multifacetado M. Nonato ou Nonato, como é mais conhecido,
está expondo, até o próximo dia 3 de junho, na Rua da Fonte, Aeroclube Plaza
Show, reunindo 30 trabalhos em acrílico sobre tela, que ele denominou de
universo das cores II. Uma produção em que a emoção dá lugar à técnica, e o
êxtase extrapola os limites da consciência. A tela recebe grande carga emotiva,
registrando, como num flagrante de uma câmara fotográfica, aos instantes da
criação. Na verdade, ele não tem o pincel como instrumento de ação na busca de
sua expressão e na configuração dos traços e manchas que enchem de cores as
telas.
Reprodução da foto de Nonato, com o instrumento que pouco usou para pintar as telas desta exposição.
Ali está registrada a expressão dos seus sentimentos que
parecem emergir de um mundo em permanente espaço de ebulição. Está preso- como acontece com a maioria dos novos pintores, embora ele tenha 54 anos - a
influência de Jackson Pollock, o que não o que não é nenhum demérito, mas é preciso
soltar estas amarras e prosseguir navegando no mar azul, em busca de um porto.
Ousar é preciso, ao artista que se propõe a ter a obra reconhecida com de
qualidade. Tendo iniciado a carreira artística: aos 50 anos, Nonato é uma
autodidata e teve seu primeiro contato com a arte ainda na infância
acompanhando seu pai, que trabalhava como santeiro. Cearense da Cidade de
Crato, Raimundo Nonato Marques, ou M. Nonato, nasceu em 30 de maio de 1945. Em
apenas quatro anos produziu mais de mil telas, mantendo um acervo particular
com cerca de 200 quadros. Desde 1976, reside na Bahia, onde vem descobrindo o
dom artístico.
ITALIANO QUER PINTAR NA BAHIA
Ele vem de uma família de artistas e está em Salvador procurando
um espaço para desenvolver sua arte. A exemplo de outros turistas, está
encantado com a cidade e insiste em vencer os obstáculos para produzir a arte
nos trópicos. Trata-se do pintor e escultor italiano Angelman, 39 anos.
Ele está expondo várias peças na Akitem, na Estrada do Coco,
e residindo, provisoriamente, na Cidade Baixa.
Vem ainda mostrando alguns trabalhos em galerias da cidade
tentando agendar uma exposição. Tem enfrentado algumas dificuldades. A arte
dele merece ser olhada, porque o artista tem uma boa técnica e produz uma arte
sintonizada com o seu tempo. Talvez esteja angustiado, porque o mercado de arte
baiano vem enfrentando altos e baixos, devido à instabilidade na economia. Com
os salários achatados e engessados, a classe média fica impossibilitada de
consumir obra de arte e, com isso o mercado estreita-se. Chamaram-me a atenção,
particularmente, as cores fortes- talvez aí já esteja inconscientemente
presente a influência desta luz intensa de nossa cidade- e também as peças grandes de cerâmica,
esculturas que necessitam de um espaço ao ar livre.
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