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domingo, 19 de agosto de 2012

VISUAIS - JOÃO AUGUSTO NO PALÁCIO DA ACLAMAÇÃO - 10 DE OUTUBRO DE - 2000


JORNAL A TARDE SALVADOR 10 DE OUTUBRO DE 2000

JOÃO AUGUSTO NO PALÁCIO DA ACLAMAÇÃO

 Ele pertence a uma família de artista. O velho Manoel Bonfim, o grande escultor afro desta Bahia, e um irmão. Mas vamos falar de sua obra, que é calcada na tradição de nossos velhos casarões, mosteiros e nesta paisagem marinha rica de cores e luzes. Esta terra banhada pela imensidão do Atlântico, que trouxe a colonização portuguesa, a qual nos deixou aí um rico legado de arte. Assim, João Augusto, com sua paciência, vai transportando para a tela a riqueza deste patrimônio e transmitindo toda a ambiência do silêncio e da contemplação. Estará expondo a partir do próximo dia 13, no Palácio da Aclamação. O que posso assegurar é que ele vem melhorando a sua técnica a cada dia, o que demonstra uma qualidade ímpar do profissional que procura aprimorar a arte. Começou a pintar sozinho, foi procurar a Escola de Belas Artes e lá aprendeu com seus mestres a pintar melhor. Portanto, é sempre bom quando a gente sente que o artista vem lutando para vencer obstáculos e ganhar mais habilidade no manejo do pincel e da técnica.
Reprodução de obra recente de João Augusto que integra a exposição.

                                   A EMOÇÃO DE SÉRGIO  RABINOVITZ

Até 14 próximo, a Universidade Estadual de Feira de Santana está promovendo a exposição do artista baiano Sérgio Rabinovitz, na Galeria de Arte Carlo Barbosa, do Cuca (Centro Universitário de  Cultura e Arte). Com a mostra de 15 telas em acrílica, a Uefs comemora os cinco anos da galeria. Sérgio é um artista contemporâneo, tem no forte traço gestual e na tradução abstrata do cotidiano a essência maior da sua obra inquieta e renovadora. A pincelada larga, despojada, associada à dramática e vibrante utilização das cores é o toque inconfundível de toda sua produção. O artista, que vem de uma temporada pelo sul do país, com a mostra do Museu de Arte contemporânea do Paraná, em Curitiba, fala com entusiasmo do que apresenta em Feira : “são trabalhos de grande impacto visual que tratam essencialmente do cotidiano de um ponto de vista bastante abstrato revelando a realidade em pequenos fragmentos, estimulando o espectador a participar ativamente e construir também a realidade sobre a visão do artista”. E continua: “vejo a pintura essencialmente como registro de passagem. Da passagem do tempo e do espaço, da passagem do homem sobre a Terra e da sua ação transformadora sobre ela. Da passagem de um indivíduo e do registro de sua visão pessoal do mundo e do homem ao seu redor. Percorro minhas telas com a ansiedade do grafiteiro que percorre os muros da cidade. Escutando o tempo, na contemplação das inscrições futuras, assim me faço pintura. A visão centrada no estreito espaço entre o real e o imaginário. Entre a parafernália visual moderna e as mais remotas lembranças ancestrais. Pintura-gesto-ação. O momento. A vida revelada a cada instante. Pintura-magia. O gesto herdado de quando só falávamos ao redor do fogo”.
Transcrevo estas palavras de Sérgio porque elas trazem uma carga emotiva muito significativa para se entender os seus traços, que, para alguns leigos, parecem despretensiosos.

                                           ARLEO MOSTRA INSATISFAÇÃO

“ O meu trabalho é feito da insatisfação que tenho na pintura plana e a experiência que adquiri em cenografia e restauração de prédios antigos, igrejas e outros”. Da fusão da escultura com a pintura (assemblage), ele acredita que estabelece a possibilidade tátil de percorrer e entender a sua arte, até mesmo para àqueles que não podem ver. É muito grande o percentual da população que não pode ver, é muito grande o percentual da população que não pode ver porém, desenvolve uma hipersensibilidade tátil e emocional, que nem sempre encontra condições de leitura nas manifestações artísticas a não ser na música e na escultura. Com pesquisa de diversas texturas, garimpando em prédios antigos e elementos do nosso cotidiano, conclui que a melhor maneira de harmonizar estes elementos seria uma pintura despretenciosa e abstrata, levando em conta que os relevos se fazem desenhos e não formas que costuram a presença das esculturas em cada quadro criado. Ele está expondo no Museu da Cidade, no Largo do Pelourinho, até o dia 31 próximo.

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