JORNAL A TARDE SALVADOR 10 DE OUTUBRO DE 2000
JOÃO AUGUSTO NO PALÁCIO DA
ACLAMAÇÃO
Reprodução de obra recente de João Augusto que integra a exposição.
A EMOÇÃO DE SÉRGIO RABINOVITZ
Até 14 próximo, a Universidade Estadual
de Feira de Santana está promovendo a exposição do artista baiano Sérgio Rabinovitz,
na Galeria de Arte Carlo Barbosa, do Cuca (Centro Universitário de Cultura e Arte). Com a mostra de 15 telas em
acrílica, a Uefs comemora os cinco anos da galeria. Sérgio é um artista
contemporâneo, tem no forte traço gestual e na tradução abstrata do cotidiano a
essência maior da sua obra inquieta e renovadora. A pincelada larga, despojada,
associada à dramática e vibrante utilização das cores é o toque inconfundível
de toda sua produção. O artista, que vem de uma temporada pelo sul do país, com
a mostra do Museu de Arte contemporânea do Paraná, em Curitiba, fala com
entusiasmo do que apresenta em Feira : “são trabalhos de grande impacto visual
que tratam essencialmente do cotidiano de um ponto de vista bastante abstrato
revelando a realidade em pequenos fragmentos, estimulando o espectador a
participar ativamente e construir também a realidade sobre a visão do artista”.
E continua: “vejo a pintura essencialmente como registro de passagem. Da
passagem do tempo e do espaço, da passagem do homem sobre a Terra e da sua ação
transformadora sobre ela. Da passagem de um indivíduo e do registro de sua
visão pessoal do mundo e do homem ao seu redor. Percorro minhas telas com a
ansiedade do grafiteiro que percorre os muros da cidade. Escutando o tempo, na
contemplação das inscrições futuras, assim me faço pintura. A visão centrada no
estreito espaço entre o real e o imaginário. Entre a parafernália visual
moderna e as mais remotas lembranças ancestrais. Pintura-gesto-ação. O momento.
A vida revelada a cada instante. Pintura-magia. O gesto herdado de quando só
falávamos ao redor do fogo”.
Transcrevo estas palavras de
Sérgio porque elas trazem uma carga emotiva muito significativa para se
entender os seus traços, que, para alguns leigos, parecem despretensiosos.
ARLEO MOSTRA INSATISFAÇÃO
“ O meu trabalho é feito da
insatisfação que tenho na pintura plana e a experiência que adquiri em
cenografia e restauração de prédios antigos, igrejas e outros”. Da fusão da
escultura com a pintura (assemblage), ele acredita que estabelece a possibilidade
tátil de percorrer e entender a sua arte, até mesmo para àqueles que não podem
ver. É muito grande o percentual da população que não pode ver, é muito grande
o percentual da população que não pode ver porém, desenvolve uma
hipersensibilidade tátil e emocional, que nem sempre encontra condições de
leitura nas manifestações artísticas a não ser na música e na escultura. Com
pesquisa de diversas texturas, garimpando em prédios antigos e elementos do
nosso cotidiano, conclui que a melhor maneira de harmonizar estes elementos
seria uma pintura despretenciosa e abstrata, levando em conta que os relevos se
fazem desenhos e não formas que costuram a presença das esculturas em cada
quadro criado. Ele está expondo no Museu da Cidade, no Largo do Pelourinho, até
o dia 31 próximo.
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