IBERÊ CAMARGO É MAIS UMA VÍTIMA DA
VIOLÊNCIA URBANA
VIOLÊNCIA URBANA
Guache de Iberê Camargo,que foi exposto na década de 70 em São Paulo. |
Todos
que acompanham as artes plásticas no Brasil conhecem o trabalho de Iberê
Camargo. Ganhador de vários prêmios inclusive de melhor pintor brasileiro na VI
Bienal de São Paulo. Este homem, nascido em Restinga Seca ,
pequenina cidade do Rio Grande do Sul, jamais pensara na fama e muito menos em
envolvimento de tal envergadura. São mais de 40 anos de arte. Quem vê sua
pintura pensa ser uma artista impulsivo, apaixonado, romântico, que pinta
sofregamente com gestos largos
intempestivos. Nada disto, Iberê pinta com calma e sua pintura é
demorada e apurada.Não
podemos deixar de lembrar que foi um dos principais expoentes da arte abstrata
neste país. Nascido em 1914, Iberê viveu
a época abstrata intensamente, embora fosse forte opositor ao
abstracionismo construtivo, “por não ter nada a ver com a geometria ou a
matemática (sobre os quais repousou também o concretismo)
De temperamento arredio. Iberê sempre está trancafiado em seu atelier que é o “meu submarino”. Dizia ele, em 1972: “Aqui é meu submarino.Quando pressinto o barulho, fecho as escotilhas e afundo ". E mais adiante:
De temperamento arredio. Iberê sempre está trancafiado em seu atelier que é o “meu submarino”. Dizia ele, em 1972: “Aqui é meu submarino.Quando pressinto o barulho, fecho as escotilhas e afundo ". E mais adiante:
O artista Iberê Camargo, falecido |
Na
mesma entrevista, Iberê dizia a Marinho de Azevedo que “o fantástico do homem é
escrever do nada. Mas, daqui a um milhão de anos, que importância vai ter isso?
Acho que vivemos num universo que é o resto de uma grande fogueira e que as
estrelas são suas últimas brasas". E o destino quis que Iberê deixasse o seu
submarino em pleno centro do Rio de Janeiro e saísse com sua secretária,
desprotegidos, para enfrentar o caos urbano.
Agredido
e humilhado, reagiu. Agora, amarga sua atitude que deve ser considerada dentro
de todo um contexto social e econômico adverso àquelas pessoas civilizadas e
tranqüilas.
BAHIA ENCERRA UM CICLO DE 13 ANOS DE TRABALHO DE MÁRIO CRAVO NETO
No
próximo dia 11, Mário Cravo Neto estará lançando no Salão Nobre da Reitoria da
Universidade Federal da Bahia o livro Bahia com texto de Jorge Amado, onde
ele evidencia os traços e aspectos culturais do povo que habita a Bahia de
Todos os Santos. O lançamento tem o patrocínio da Rhodia S/A, que é mais uma
empresa que ajuda o desenvolvimento das artes e por isso merece aplausos.
Sobre
as fotografias de Mário Cravo Neto, tenho falado em outras ocasiões,
principalmente sobre aquelas que enfocam a cor, a forma e os movimentos de
nossa gente. Diz o artista que há muitos anos vinha tentando concretizar este
sonho, o qual seria dar, através do seu trabalho, uma resposta “de
agradecimento a uma cidade e a um povo do qual faço parte”. Neste momento ele
vê seu sonho concretizado e esta procura encerra um ciclo e uma vivência de 13
anos. Espero que o livro Bahia seja o início promissor e marco para outros
ciclos e outros livros tão belos e ricos como este.
Que
Mário Cravo Neto continue procurando, através de suas fotografias, paz,
quietude e a solidão dos personagens que enchem e esvaziam estes espaços.
O
escritor Jorge Amado disse: “Cravo Neto, com suas fotos, nos dá uma das chaves
do segredo mágico da Bahia: paz, quietude e solidão, palavras do próximo
artista, ás quais eu acrescento: vida, povo e amor”.
NEM
ATLAS SUPORTA O PESO DAS TORRES DE PETRÓLEO
Este desenho de George Shaffer ilustra a capa da revista econômica Impact, número 31, mês de novembro passado, vai aqui reproduzindo pela sua qualidade gráfica. Como todos observam, representa o Atlas segurando o globo terrestre onde aparecem as torres de petróleo. O Atlas da mitologia grega recebeu o castigo de segurar o globo depois de uma revolta.
Pertencente
ao ciclo das divindades marinhas, conhecido também por Homero ter-lhe atribuído
o conhecimento de todos os abismos do mar, ele suportou com garlhardia todo o
peso dos céus.
Mas,
o fardo parece que está pesado demais. São as torres que se multiplicam nos desertos
e nas áreas abissais dos oceanos. Estão valendo peso de ouro. O negro sangue
que jorra das entranhas da Terra representa um forte peso para as economias
mundiais. Elege e derruba governos, cria pacotes econômicos, gera falências e,
enriquece califas e intermediários, transforma subdesenvolvidos em donos do
dinheiro. Mas, tudo isto parece deixar alheios, nossos economistas e, o artista
George Shaffer esqueceu apenas de colocar o mapa de nosso próprio país, que já
está com uma inflação que rompeu a casa dos 100 e ruma para os 200. O sangue
negro continuará jorrando das entranhas da terra. Os preços continuarão
aumentando e as torrinhas se multiplicando nos desertos e oceanos para o bem
daqueles que souberam pesquisar ou quem sabe, foram beneficiados por um deus
qualquer. Atlas é que não o foi.
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