A TARDE , SALVADOR, DOMINGO, 13 DE JANEIRO DE 1980.
Um
quadro, o do mestre do Renascimento italiano, Rafael, desaparecido durante 200
anos, foi encontrado no lugar mais provável de todos:
Na
parede de um museu. É a tela A Madona de Lorenzo, que estava no Museu Conde,
em Chantilly, era uma cópia feita por um dos discípulos de Rafael. Mas estudos
recentes e exames científicos da obra levam a crer que se trata de um original
o quadro com Sagrada Família.
Cecil
Hilton Gould, da National Gallery de Londres, foi quem descobriu a primeira
pista. Ele observou que o número de inventário 133 estava pintado exatamente da
mesma maneira e colocado no mesmo lugar que o número de um outro Rafael, o
“Retrato do Papa Júlio”. Os peritos tiraram então radiografias do quadro e de
outras cópias conhecidas, mostrando que só não apareciam estudos preparatórios
para figura de São José na Sagrada Família.
Isto
levou à conclusão de que Rafael decidiu incluir o São José na última hora, em
lugar da janela aberta para o campo que é um motivo característico do
Renascimento. Apenas Rafael faria uma mudança tão espontânea na composição da
pintura, realizada por encomenda do papa Júlio Segundo e que depois foi para a
coleção do cardeal Cipião Borghese.
TINTORETTO
O
israelense Rajmond Vinokur, de 42 anos, foi preso por agentes do Departamento
Federal de Investigações (FBI) num hotel nova iorquino, sob a acusação de
tentar vender uma obra-prima de Tintoretto roubada na Alemanha durante a
Segunda Guerra Mundial e hoje avaliada em mais de um milhão de dólares.
A
tela, chamada A Sagrada Família com Santa Catarina, foi roubada por tropas
russas de uma galeria de arte em Dresden, hoje parte da Alemanha Oriental.
Rajmond
Ninokur, de TelAviv, marcou um encontro no Hotel Westbury e pretendia vender a
pintura por 250 mil dólares, segundo o promotor encarregado do caso, Eugene
Kaplan, que disse ainda que Vinokur recentemente contrabandeou a tela da Europa
para os Estados Unidos em uma de suas freqüentes viagens ao país.Vinokur,
prosseguiu Karplan, só fala hebraico e russo e as tentativas de saber algo mais
sobre ele foram infrutíferas.
Segundo
o promotor, ignora-se completamente onde a obra foi parar desde que foi roubada
em Dresden.
Karplan
atribuiu o sucesso na recuperação da tela de Tintoretto ao trabalho de um
agente do FBI que se fez passar por um comprador potencial do quadro como o
original de Tintoretto que fora roubado. Acrescentou que entrara em contato com
representantes da Alemanha Oriental em Nova Iorque , os quais lhe disseram que seu
governo tem interesse em reaver a pintura e levá-la de volta a Dresden.
Vinokur
foi formalmente acusado e poderá pegar um pena de mais de dez anos de prisão e
multa de mais de 10.000 dólares.
PROJETO
UNIVERSIDADE JÁ ESTÁ CONSOLIDADO
Experimental
de 1977, consolidado a partir de 1978, o Projeto Universitário da Funarte-
destinado a desenvolver a criação artística no meio estudantil nas áreas
plásticas, música, folclore, fotografia, cinema, teatro e dança- atendeu no ano
passado 57 universidades em todo país, apoiando 237 sub-projetos e investindo
CR$22 milhões 487 mil.
Os
recursos aplicados pela Funarte visaram a criar, como nos anos anteriores, uma
infra-estrutura material necessária ao prosseguimento do projeto mais, a partir
deste ano, as universidades se comprometeram a investir em recursos humanos.
Depois
de atingir a meta estabelecida para 1979, a integração das universidades com as
comunidades onde elas se situam, o projeto pretende, em 1980, integrar também
os demais órgãos culturais destas comunidades.
O PROJETO
O
Projeto Universidade nasceu de uma circular do diretor executivo da Funarte,
Roberto Parreira, em 1976, dirigida às universidades do país, oferecendo o
apoio da fundação aos eventos artísticos e culturais que elas promovessem.
Anteriormente, estas iniciativas eram esporádicas e encaminhadas diretamente ao
antigo Departamento de Atividades Culturais do MEC, atual Secretaria de
Assuntos culturais, SEAC.
A
circular foi respondida em 1977, ano em que foram atendidos 21 pedidos de
universidades, duas particulares, uma municipal e as demais federais. Estes
pedidos foram analisados pela Funarte e esta análise mostrou que não havia uma
linha definida, não se criavam hábitos culturais, nem se desenvolviam trabalhos
com base nas comunidades a que pertenciam. Eram apenas eventos que se esgotavam
em si mesmos.
Em
conseqüência, já em 1977, algumas linhas gerais do projeto foram definidas
:
no campo de artes plásticas criaram os salões estaduais universitários; no de
música, procurou-se apoiar as orquestras de câmera e os conjuntos
universitários de música popular ou erudita; no de teatro incentivou-se a
formação dos grupos universitários amadores e, no de folclore, os estudantes
trabalharam na elaboração do Atlas do Folclore, da Campanha de Defesa do
Folclore Brasileiro, além dos seminários promovidos na área.
Ainda
em 1977, recomendou-se também, que os
trabalhos deveriam ser planejados e executados por universitários, e para eles,
e que os projetos culturais da Universidade obedecessem a um calendário,
permitindo que, já no início do ano, se soubesse o que seria feito até
dezembro.
Em
1978, 45 universidades participaram do projeto e outros pontos ficaram estabelecidos. O primeiro foi a
insistência no investimento de atividades, que lhe interessassem as diversas
regiões, visando valorizar as culturas locais. Foi estimulado,
nesse
ano, o intercâmbio entre as diversas universidades e a Funarte incluiu também o
apoio ao filme super 8.
Neste
ano foi criada uma Coordenadoria Geral
do Projeto em cada universidade, com a função de reunir os interesses de todas
as áreas de atividaede cultural da escola, envolvidas no projeto. Em 1979
constatou-se a existência de um número cada vez maior de estudantes, atuando como
agentes culturais. Um exemplo disto é que em 1977 existiam apenas seis corais
universitários e hoje, quase todas as escolas possuem seus corais.
Houve,
também, um aumento de público, isto é, um envolvimento maior na comunidade. O
Festival Maranhense de Corais, por exemplo, foi realizado em 1977 num auditório
para 500 pessoas enquanto , este ano, um auditório maior para 1.200 pessoas,
lotou e foi insuficiente. Observou-se ainda que todas as universidades já tem
seu próprio calendário cultural, o que não existia antes. Isto mostrou que a
relação da universidade com o projeto é agora muito mais comprometida. O Projeto Universidade foi também o embrião de
outros projetos integrados à Funarte, mas, para se ter uma idéia do que ele é
hoje basta citar o conhecido Festival de Arte de São Cristovão, da Universidade
Federal de Sergipe, onde , no ano passado na sua oitava edição foram aplicados
quinze mil cruzeiros.
AS
ESCOLAS
Em
1979 participaram do Projeto as seguintes escolas: Universidade Federal do Acre
( AC) ; Universidade do Amazonas ( AM), Universidade Federal do Pará ( PA),
Centro de Estudos Superiores do Estado do Pará ( PA), Universidade Federal do
Maranhão (MA), Universidade Federal do Piauí ( PI), Universidade Federal do
Ceará ( CE), Universidade Estadual do Ceará ( CE), Universidade Federal da
Paraíba ( PB) Universidade Federal de Alagoas ( AL), Centro de Estudos
Superiores de Maceió ( AL), Universidade Federal de Sergipe ( SE), Universidade
Federal de Pernambuco (PE), Fundação Centro Educativo de Comunicação Social do
Nordeste (PE), Universidade Federal da Bahia (BA), Universidade Estadual de
Feira de Santana ( BA) , Universidade Católica de Salvador ( BA), Universidade
Federal de Minas Gerais ( MG), Universidade Federal de Uberlândia (MG),
Universidade Federal de Viçosa (MG), Fundação Percival Farquhar (MG),
Universidade Católica de Minas Gerais ( MG), Universidade Federal do Espírito
Santo ( ES), Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ), Universidade Federal
Fluminense ( RJ), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (RJ),
Sociedade de Ensino Superior de Nova Iguaçu ( RJ), Faculdade de Filosofia de
Campos ( RJ), Faculdade de Educação, Ciências e Letras de São Gonçalo (RJ),
Fundação Técnico Educacional Souza Marques (RJ), Faculdade de Comunicação e
Turismo Hélio Alonso (RJ), Universidade Católica de Petrópolis ( RJ),
Faculdades Integradas Estácio de Sá ( RJ), Faculdades Integradas Bennett (RJ),
Centro Unificado Profissional (RJ), Universidade Federal de São Carlos ( RJ),
Universidade Federal do Paraná (PR), Universidade Estadual de Londrina (PR),
Universidade Estadual de Maringá (PR), Universidade Federal de Santa Catarina
(SC), Fundação Educacional do Alto Vale do Rio Peixe (SC), Universidade Federal
do Rio Grande do Sul ( RS), Universidade Católica do Rio Grande do Sul ( RS), Fundação
de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado ( RS) Federação
de Estabelecimentos de Ensino Superior de Novo Hamburgo ( RS), Fundação
Universidade de Brasília ( DF), Universidade Federal de Goiás (GO),
Universidade Federal de Matogrosso (MT).
TELAS
DE ALOÍSIO VALLE
A
exposição de 40 telas do pintor fluminense Aloísio Valle irá encerrar a
temporada de férias do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro com
data marcada entre 30 de janeiro e 24 de fevereiro de 1980.Incentivado
por Walmir Ayalla, crítico de artes plásticas e redescoberto pelo marchand
Evandro Carneiro, que já conhecia suas obras através de discreta participação
do pintor no ambiente artístico, Aloísio Valle chega aos 73 anos maduro para o
lançamento que irá recuperar todo o tempo perdido no próprio ostracismo,
acrescentou Ayalla.
Barcos, obra do pintor Aloísio Valle |
O
primeiro contato de Aloísio Valle com as cores deu-se em Niterói cidade que ele
fez de moradia desde os 3 anos de idade e de onde nunca quis sair, sua
identificação com os barcos, como demonstra em grande parte de seus quadros Domingo no Estaleiro, Cais do Estaleiro, Cabo Monte foram definidos por Ayalla
como “uma possibilidade de se tocar o real, tem origem em sua infância, quando
se dedicava a construção de embarcações de pequeno porte, chegando a se
empregar em um estaleiro.
A
presença do mar e de seus barcos cravados na areia à espera de um destino, como
Aloísio Valle argumento, foi um primeiro passo.
No
final da década de 20, com perspectiva de vir a tornar-se um pintor,
matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes, sendo aluno de Marques
Júnior,. Cunha Melo e Rodolfo Chamberland .
Paralelamente
a sua atividade na Escola restava-lhe como opção de vida as decorações de
clubes e alguns biscates para a Prefeitura de Niterói. Ayalla conta que fez de
tudo, arquiteto, pedreiro, eletricista, até criador de sua pequena caixa de
pintura, um modelo inédito que ele bolou”.
Aloísio,
em quase todas as telas está intrinsecamente ao lado do mar”, como ele mesmo
afirma. Ponta da Areia, Ilha da Conceição, Barcos da Carreira, Luz do Sol,
não passam de alusões ao mar nas tardes frias que serviam de ideia ao pintor.
Ele lembra que as formas figurativas são pretextos para composição e ordem
cromática. Walmir Ayalla acrescenta que, além disto existe a importância que
por trás de tudo está um pintor do processo ao ar livre.
Essa
não será a primeira exposição de Aloísio Valle, mas é uma forma de não mostrar
seus trabalhos em esquema de Salão oficial.
DALÍ IRÔNICO
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