JORNAL A TARDE,SALVADOR, DOMINGO,03 DE
AGOSTO DE 1980
UMA VIAGEM AO PASSADO ATRAVÉS DA
FOTOGRAFIA
Quem
não gostaria de voltar no tempo e saber como era mesmo a Praça Castro Alves? Ver
aquela árvore de 25 metros
no Campo da Pólvora onde, as suas sombras, começou o futebol na Bahia? Ver os
bondes e homens de chapéus e sobrecasacas? Nem tudo é impossível. Claro não se
trata de uma máquina de volta no tempo, mas através das fotografias
colecionadas por Antônio Marcelino podemos ver tudo isso e muito mais. Cerca de
2 mil pessoas já viram a exposição Memória Fotográfica das Capitais Brasileiras nos Séculos XIX e XX que está no hall da Biblioteca Central nos
Barris e por lá fica até o dia 28 deste mês. Depois segue para o Instituto
Isaías Alves no Barbalho.
Na antiga Praça Castro Alves ficava o monumento a Cristóvão Colombo |
Antônio
Marcelino atribui rainha Vitória da Inglaterra e ao Imperador D. Pedro II este
seu acervo: “A rainha Vitória mandou seus fotógrafos para documentar o nosso
país e D. Pedro II foi o primeiro fotógrafo amador do Brasil, inclusive
atraindo muitos interessados para essa arte”.
Antônio
Marcelino não é só colecionador de fotografias antigas. Ele é proprietário do
Tempostal - templo de postais, onde encontra-se um dos maiores acervos do mundo
em cartões postais. E seu interesse começou desde quando era criança. Enquanto
seus colegas colecionavam flâmulas, chaveiros e caixas de fósforos, ele juntava
estampas de sabonete Eucalol. Quando adolescente descobriu o cartão postal. E
com seu próprio esforço continua aumentando sua coleção.
CONCURSO
DO PAPA
O
Núcleo de Fotografia da Funarte está convocando os fotógrafos de todo o país,
profissionais ou amadores, para participar da coletiva Visita do Papa ao
Brasil, o núcleo não quer apenas expor o “retrato do Papa”, mas mostrar todo o
movimento em torno de sua visita, desde os preparativos até a sua repercussão.
Os
interessados em participar da coletiva poderão enviar seus trabalhos até às 18
horas do dia 08 de agosto, para a Coordenação do Núcleo de
Fotografia-Funarte-Rua Araújo Porto Alegre, 80- Centro- Rio de
Janeiro-CEP20030.
Cada
fotógrafo poderá mandar até cinco fotos, no tamanho máximo de 28 cem para as
fotos quadradas e até 36 cm
para as fotos retangulares, em cor ou preto e branco. O fotógrafo deverá enviar
ainda 2 (duas) cópias de cada original, 18X24, em papel brilhante e em preto e
branco, para a impressão do catálogo da exposição e para divulgação na
imprensa.
Esta foto, Menina,de Romualdo Bahiense,poderia participar desta promoção da Funarte, pela sua plasticidade. |
Para
evitar danos, as fotos deverão ser embaladas com papelão protetor. A Funarte
não se responsabilizará por qualquer dano ou extravio do material, antes de
chegar à Coordenação do Projeto.
As
fotos serão selecionadas por uma comissão de trabalho composta de cinco
fotógrafos que estarão reunidos no fim da semana seguinte à entrega das fotos,
para escolher e estabelecer uma unidade no material recebido. Esse grupo será
formado por Waldir Afonso (PE), Cândido Alberto da Fonseca (MT do Sul), Pedro
Pinto (PA), Epitácio Valle de Queiroz (AM) e Zeka Araújo (coordenador do
Projeto de Fotografia).
Ao
remeter as fotos o fotógrafo concorda em ceder o material selecionado na Mostra
de Fotografia nº 8, sem exigência de qualquer direito autoral. O caderno será
vendido e o resultado da venda será reinvestido na edição de novos catálogos.
Mostra
de Fotografia é uma reprodução do material exposto na galeria, com impressão em
off-set, em preto e branco, papel couché. Tem uma tiragem de 3 mil exemplares e
56 páginas.
As
fotos expostas passarão a fazer parte do acervo da Funarte, considerando a
necessidade de se constituir e preservar uma memória fotográfica nacional. A
utilização das fotos para outros fins, só será feita com a prévia autorização
do autor. A exposição será itinerante, e a Coordenação do Projeto se reserva o
direito de levá-la a outros estados ou países que a solicitarem.
A
galeria não tem cunho comercial, mas o fotógrafo que deseja vender a sua
produção poderão fazê-lo diretamente ao comprador sem precisar pagar qualquer
comissão. Os trabalhos não selecionados serão devolvidos pelo Correio.
A
INFESTIVIDADE DE UM FESTIVAL
“Penso
que não existe absolutamente nada a falar sobre arte na Bahia, nem adianta
qualquer papo, principalmente de um Festival. Se soubesse jogar xadrez, não
estaria escrevendo este texto, estaria melhor fazendo uso do raciocínio. Um
poeta belga contemporâneo diz mais ou menos o seguinte,- a gente não está mais
certo da realidade do que quando ela é uma ilusão. Mas não se trata de ilusão,
então tudo não passa de uma incerteza.
Um
festival no mínimo é uma festa, com deboches e histerismos culturais,
ornamentado de gargalhadas pequenos burgueses. O Festival de Arte Bahia não
consegue nem ao menos atingir este estágio de perfeição, é o supérfluo cultural
de uma cidade enfeitiçada com o ridículo de não se entender nada da arte
contemporânea.
Um
espaço duvidoso que não oferece nem um produto para ser questionado com certa
inteligência.
Este
festival se alimenta da dispersão e da fragmentação de práticas variadas,
eventos múltiplos e mundanos, naturalmente para o passatempo de uma classe
média que não dispõe de um capital cultural mais amplo. E um acontecimento
cultural quase surdo no meio cultural da cidade. Não reconhecemos um festival
com defeitos que possam ser refeitos, mas sim um produto de um meio de arte
acionado por estátuas (A.L.M. Andrade).
A
tela de Peter Paulo Rubens, medindo 1,85 X 2,05 foi leiloada nos salões do
Christi, em Londres. Os
lances duraram apenas três minutos e o comprador, sir Geoffrey Agnew, um
conhecido marchand; conseguiu adquiri-lo por 2,3 milhões de libras
esterlinas, aproximadamente 280 milhões de cruzeiros. Após Julieta e sua Ama,
de Turner, e o Retrato de Juan de Pareja, de Velásquez, Sansão e Dalila é o
terceiro quadro mais caro vendido nos últimos anos. A obra integrará o acervo
da Galeria Nacional de Londres, o mais importante museu de arte da Inglaterra.
CONFERÊNCIAS
DE DETLEF NOACK
De
12 a 16
de agosto, a partir das 9;00 horas, no Salão Nobre da Escola de Belas Artes da UFBa.,
o Prof. Noack falará sobre as Culturas Mundiais e Sua Influência Sobre a Arte Moderna e Contemporânea. As
inscrições na secretaria da Escola de Belas Artes. Serão fornecidos
certificados aos participantes pela direção do ICBA.
POSTAIS
DE ROSA CABRAL
Um
mil e quinhentos postais,estão sendo distribuídos há algum tempo pela
Bahiatursa com rostos de crianças brasileiras. Tratam-se de postais feitos com
várias fotografias de autoria de Rosa Cabral. Ela conseguiu retirar deste
Brasil gigante momentos felizes e infelizes vividos por várias crianças
centralizadas na objetiva de sua máquina.
A
doçura de Rosa confunde-se com a doçura das criancinhas fotografadas, porque a
artista quer acima de tudo que as crianças vejam os adultos como elementos
portadores de paz e desprovidos de ódio. Uma visão poética, sonhadora, porém
que pode se concretizar se estas crianças povoarem os corações dos que tiveram
oportunidade de receber estes postais.
Por
meio dos correios lá se vão as criancinhas de Rosa para os Estados Unidos,
Holanda e outros países levadas em aviões e navios modernos colocando um pouco
de doçura nos corações.
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