JORNAL A TARDE, SALVADOR, 15 DE DEZEMBRO DE
1980
SIRON FRANCO EXPÕE NO MUSEU DE
ARTE MODERNA
Obra da série Semelhantes, número 18 |
Finalmente a Bahia recebe Siron Franco uma das gratas revelações dos últimos anos nas artes visuais. Natural de Goiânia, este artista não faz uma pintura bonitinha, aqueles quadros que chamam a atenção das pessoas que não entendem nada de arte, mas que gostam das coisas bem feitinhas. Sim, porque a arte dele nada tem a ver com o bonito, com o bem comportado. Tudo gira ao contrário. Nos mostra uma realidade cruel, a irreverência, com uma postura de digestão difícil. É uma arte forte onde figuras com narizes e bocas desproporcionais têm seus órgãos seccionados por grossas faixas em cores berrantes.
Os
olhos são grandes, como a olhar para o infinito as tantas coisas erradas que os
mandatários andam fazendo por aí afora, em todos os setores da atividade.
Outras
nos lembram as múmias, que podem ser qualquer um de nós, que somos massificados
e escravos de horários, regras ou etiquetas rígidas. A verdade é que a pintura de Siron Franco não passa
despercebida, mesmo para os que não gostam
da crua realidade. O impacto é uma presença constante na obra deste
artista que nos traz a noção das coisas que nos rodeiam e que tentamos
camuflar. Vivemos numa fantasia, enquanto o real que para muitos passa, por
algum tempo, despercebido, um dia aflora e os pegará desprevenidos.
Outra da série Semelhantes, nº 37 |
Como diz Millôr Fernandes: “Nos rastros do ser humano Siron só ver o calcanhar de Aquiles. É tendencioso em geral apenas para evitar as tendências generalizadas. Mas segue todos os caminhos, maneira melhor de nunca chegar onde é mais esperado.
Pergunto:
Mas quem mandou o Aquiles deixar o calcanhar a descoberto? Diz a tradição que
foi um menino que descobriu que o pé do
diabo é recebido. Portanto foi Siron que descobriu a vulnerabilidade do
calcanhar da nossa sociedade capitalista cheia de contradições e distorções as mais variadas.
QUEM
É
Em 1973, Siron Franco fez sua primeira individual no Rio de Janeiro, inaugurndo a Galeria Intercontinental, Prêmio de Viagem ao México, no Primeiro Salão Global da Primavera,
Arte Moderna. Prêmio
Internacional de Pintura na XIII Bienal de São Paulo, participação na Coletiva
de Artistas Brasileiros no Japão. Individual na Galeria Cosme Velho, em São Paulo. 1976- Viagem
pela Espanha (trabalha com José Luiz Verdes, em gravura). Esteve na França,
Inglaterra, Holanda e Alemanha. Em 1978, individual na Galeria Bonino, Rio de
Janeiro. Em 1979, participações como convidado, na representação brasileira, na
XV Bienal Internacional de São Paulo.Agora,
de 16 a 30, no Museu de Arte Moderna da Bahia.
ORIGINAIS
DE DA VINCI BATEM RECORDE E SÃO
DOADOS A MUSEU
DOADOS A MUSEU
O
milionário norte-americano Armando Hammer adquiriu o manuscrito de Leonardo da
Vinci, de propriedade de um particular, por 5 milhões e 280 mil dólares
(338.976.000 cruzeiros).
Falando
à imprensa na saída do leilão, Hammer, radiante por ter conseguido adquirir o Códice Leicester depois de dois anos de tentativas e por um preço muito mais
baixo do que o previsto disse que deixará em testamento o manuscrito para o
Museu do Condado de Los Angeles.
Disse
que agora as 36 páginas do manuscrito de 470 anos serão separadas e expostas
por todo o mundo, começando por Londres.
Da
Vinci “nunca teve a intenção de fazer um livro, de foram que eu separei as
páginas”, disse Hammer.
Acredito
que será mais interessante que os peritos o vejam, como era a intenção original
de Leonardo.
O
manuscrito, uma espécie de caderno com esboços e anotações feitas em uma letra
ilegível, inclinada para trás, foi vendido pelo Conde de Leicester a cuja
família o documento pertencia desde 1717, para pagar impostos de trans missão
de herança da fortuna do quinto conde.
“Há
dois anos venho tentando comprá-lo diretamente da família Leicester”, disse
Hammer, de 86 anos, que é presidente da Companhia Occidental petroleum e
proprietário de uma coleção de arte avaliada em muitos milhões de dólares. “Mas
nunca conseguimos nos reunir e então eu... O comprei desta maneira”.
Hammer
disse que o preço foi “uma pechincha”, apesar de ter quase triplicado o recorde
anterior do preço alcançado por um manuscrito e ultrapassado o dobro do preço
alcançado por um livro impresso.
O
preço, no entanto, foi muito menor do que a previsão de alguns peritos, de 25
milhões de dólares (1.605.000,000 cruzeiros).
Esperava-se
uma forte competição entre os principais museus do mundo devido a raridade e
importância do manuscrito, mas isto não aconteceu e o lance foi feito em dois
minutos.
Todas
as páginas do “Códice Leicester” mostram a genialidade de Da Vinci, um homem
que chegou a algumas conclusões que antecederam em séculos o seu tempo.
O
manuscrito tem uma ligação próxima com algumas pinturas de Da Vinci, inclusive
a sua obra mais famosa a Mona Lisa. “Sem o Códice Leicester, a Mona Lisa não
teria existido”, diz a introdução do catálogo de venda, escrita por Carlo
Pedretti.
O
manuscrito foi iniciado por volta de 1508 e fala sobre as propriedades da água,
fluxo, vapores e nuvens. As idéias de Da Vinci, no entanto, corriam com tanta
velocidade e mudavam tanto de assunto que Pedretti afirma que “tem grandes
lacunas de um assunto para outro”. O manuscrito fala sobre guerra submarina
-ele talvez tenha inventado o periscópio nestas páginas, de astronomia e luz,
de mecânica e drenagem de pântanos, de represas, bate-estacas e inundações.
MURAL
Nova
escola - Uma nova escola de arte, Visuais Escola de Arte, está funcionando no
Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, e já realizou uma exposição de seus alunos
visando incentivá-los. Entre os alunos está nossa colega Núbia. São 35 alunos
que durante seis meses vêm estudando variadas técnicas.
Seis
crianças - A artista Débora Fontes trabalha há mais de um ano com crianças da
Escola de Educação e Atividade Infantil. O resultado é uma exposição de Ednei
Lima, Cláudia Botelho, Heleneide Andrade, Ivna Vilas Boas, Ptolomeu Cerqueira e
Adriana Nascimento.
Praga
do Cadastro - A praga do cadastro está invadindo o interior do Estado. Depois do
fiasco no Museu de Arte Moderna da Bahia resolveram levar a praga para o interior. Tomara que Santo Amaro seja a
última cidade contaminada...
Artistas
sergipanos - Estão expondo na Galeria Eucatexpo, até 19 do corrente mês.
Participam Adauto machado, Anete Sobral, Caã, Carmen Lima e Pithiu,
representantes da nova geração de artistas de Sergipe.
R. Souza - No Salão de Festas, do Edifício Itamaracá, na Avenida Euclides da Cunha, 115, Rita santos de Souza, R. Souza está expondo alguns trabalhos com a temática casario. Segundo Oscar Caetano “ela aprendeu cedo a distância que separa as cores-luz das suas homônimas –pigmentos. Aprendeu, igualmente, a manobrar a tríade das cores simples com os seus complementos, conseguindo reduzir a distância aludida, com a obtenção de tons e valores apropriados”, Foto I.
Registro-
Por falar em Sergipe o senador Lourival Baptista, do PDS, registrou nos anais
do Congresso que a Coordenação Central de Extensão, da UFBA realizou de 3 a 31 de outubro passado o V
Salão Nacional Universitário de Artes Plásticas, sob a coordenação de Ivo
Vellame.
Pedro
Roberto - Expõe no Museu Regional de Feira de Santana até o próximo dia 28. Já
realizou várias exposições coletivas e individuais e tem apresentação no
catálogo de Anna Maria Pedreira Franco que fala das suas qualidades pictóricas.
Hamilton Ferreira- Está expondo no Praiamar Hotel, na Ladeira da Barra até o dia 26. O tema é o mesmo: Orixás. Ele vem recriando há vários anos esta temática desde quando resolveu largar a tesoura e a navalha para dedicar-se à pintura.Hamilton depois exporá no Rio de Janeiro e São Paulo. Foto II.
Arte
e Natal - Anna Georgina, Antônio Lobo, B. Odorico, Cláudio Perazzo, Cristiano
Coelho (MG), Elita Seixas Maia, Itamar Espinheira, José Arthur, Lugmar (MG),
Núbia, Sauro de Col (SP), Sérgio Sampaio e Rescála estão expondo na Galeria
Panorama até o próximo dia 18.
Dê
um presente inesquecível, uma obra de arte.
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