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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O CRESCIMENTO DA FOTOGRAFIA COMO ARTE - 15 DE JUNHO DE 1980


JORNAL A TARDE , SALVADOR, 15 DE JUNHO DE 1980

O CRESCIMENTO DA FOTOGRAFIA COMO ARTE

Esta foto é de autoria do fotógrafo Juvenal Pereira
Estamos assistindo à multiplicação de exposições de fotografias em todo o mundo. De simples instrumento de documentação de acontecimentos sociais e políticos, a fotografia ganha terreno no campo da arte.
Recentemente, um fato inédito ocorreu durante um dos leilões promovidos pela Sotheby Parke Bernet’s, templo consagrado na venda de quadros e esculturas de alta qualidade a preços altos.
Uma fotogravura de autoria do falecido fotógrafo Alfred Stieglitz foi rematada por 4.500 dólares, preço habitualmente alcançado apenas por quadros de qualidade.
Este exemplo serve para argumento forte contra aqueles que, teimosamente, insistem em colocar a fotografia como a prima pobre da arte. Os fatos e a multiplicação de exposições, muitas com sucesso internacional e nacional, também demonstram que a fotografia começa a ser encarada com mais seriedade no campo da arte. O mercado de fotografias antigas aumentou de maneira irrefutável, e eu mesmo tive oportunidade de verificar na viagem que fiz aos Estados Unidos, onde encontrei várias galerias vendendo fotografias e museus expondo-as. Esta nova posição conquistada pelos fotógrafos, em todo o mundo, está provocando mudanças em conceitos emitidos por diversas pessoas que viam a fotografia como uma arte menor.
Fotografar não é apenas apontar a máquina e acionar o botão. E preciso ter muita sensibilidade para conseguir captar toda a atmosfera que envolve o objeto fotografado.
E preciso saber o momento exato de acionar a máquina e, também, os instrumentos a serem utilizados. E verdade também que a fotografia desde seus primórdios, vem fixando em imagens as culturas, a história e o próximo ser humano, com resultados talvez mais satisfatórios do que qualquer outra forma de arte.
Nós, jornalistas, dizemos que uma foto fala mais que mil palavras. Isto é correto e tenha tido a comprovação desta afirmação todas as vezes que recebo uma foto de boa qualidade feita por um dos fotógrafos que trabalham neste jornal.
Gosto também de fotografar e sei quanto é difícil fazer uma foto significativa. E sou daqueles que defendem a fotografia como uma importante forma de expressão e que a vê como uma arte difícil e suavemente importante. Refuto àqueles que a colocam na prateleira da insignificância. Prefiro as boas fotos que a arte menor, feita por muitos pintores sem qualificação, que continuam insistindo em realizar exposições.
Por falar em fotografias, vocês não podem deixar de visitar a exposição fotográfica que está acontecendo na Galeria da Associação Brasil- Estados Unidos – Acbeu, no Corredor da Vitória . A mostra ficará aberta ao público até o próximo dia 20 .

PRIMEIRA TRIENAL

Inaugura-se, em 17 de junho próximo às 19 horas a Primeira Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo. Grandes mostras já foram feitas por Foto Cines Clubes, Salões; houve também exposições importantes de fotógrafos de renome, mas é a primeira vez que um Museu de Artes Plásticas no Brasil toma a iniciativa de criar uma Trienal de Fotografia de âmbito nacional.
Considerou-se o papel de elevado interesse que a fotografia vem assumindo em centros culturais mais desenvolvidos e, contando o Brasil e especialmente São Paulo; Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, com profissionais de grande seriedade e amadores da fotografia de excelente nível, achou fotografia de excelente nível, achou o MAM que o momento é mais do que adequado e nasce assim a Primeira Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo.
Com sugestões e observações em geral, obterá o MAM um aperfeiçoamento maior nas próximas trienais.
Para assegurar o nível da programação, o MAM convidou um certo número de fotógrafos de prestígio e abriu inscrições a todos interessados em participar. Como pode ser notado pelo regulamento, as normas estabelecidas não são rigorosas.
Deu-se o máximo de elasticidade quanto á temática e a dimensão dos trabalhos.
Exigiu-se unidade plástica, temática ou conceitual. Nas próximas trienais, novos critérios poderão ser estudados.
A seleção dos inscritos foi feita por um júri constituído por cinco membros: três convidados e dois da Comissão de Arte do Museu. Cláudio Kubrusly, fotógrafo profissional, Moacyr R. de Oliveira, crítico e titular da seção de fotografia do Jornal da Tarde de São Paulo, Zeka Araújo, coordenador do setor de fotografia da Funarte do Rio de Janeiro, Fábio Magalhães, artista, professor da FAU PUCC e FAU Mackenzie, e diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e Fernando Lemos, jornalista, editor de “Artes Visuais” da Folha de São Paulo. Os dois últimos nomes são membros da Comissão de Arte do MAM.
Esta foto integra a exposição organizada
pela Acbeu

Inscreveram-se cerca de 150 candidatos,  de todo o Brasil e foram selecionados os trabalhos de 43 fotógrafos: André de Souza Rosa, Penna Prearo, Berenice Toledo, Bernando Alps, Bruno Scharfstein, Camila Butcher, Carlos Edmundo Fadon Vicente, Carlos Henrique do Souto, Cláudio Pulhesi, Cláudio Tozzi, Clóvis Vieira Loureiro Jr., Eduardo Maugeri Chaubet, Emídio Luisi, Fàbio de Mesquita Sampaio, Fernanda Cintra Pimentel, Flávia Bocciarelli, Gerson Zanini, Heloísa Helena Fernandes (Hélô), Hugo Sgawa, Humberto Cezar Menescal Sampaio, João Baptista Alves Costa Spínola, João Carlos Otta, José Carlos Bisconcini Gama, Juan Pratgnistós, Júlio Bernardes, Júlio Covello, lamberto Scipioni, Léo Kocinas, Leonardo Tiozo Hatanaka, Lóris Zanotta Machado, Marcos Bonissom, Mário Belloni Jr., Maurício Valadares, Mauro Holanda, Osmar Vilar de Melo, Pedro Vasquez, Regina Bittencourt, Rolan Fernandes Pimenta, Sérgio Bianchi, Solange de Moraes Curi, Vera Lúcia Albuquerque, Vivian Gottheim, Walter Carvalho.
Participarão, além destes, 28 convidados: Ameris Paolini; Ana Helena Mariani, Britta Pimentel; Domício Pinheiro, Dulce Carneiro, Dulce Soares, Francisco Albuquerque, George Racz, Heitor Magaldi Filho, Hildegard Rosental, João Urban, Jober Brochado da Costa, Júlio Abe Wakahara, Juvenal Pereira, Kim Ir Sem Pires Leal, Leonid Streliaev, Luiz Carlos Felizardo, Luiz Trípoli, Madalena Schwartz, Mazda Perez, Miguel Rio Branco, Milton Guran, Orlando Britto, Pedro Martinelli, Pierre Verger, Ricardo Chaves, Roberto Maia, Sérgio Sade.
Estão representados, assim, trabalhos de fotógrafos dos estados de: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Ceará, Maranhão.
O júri de seleção e premiação outorgou o prêmio “1ª trienal de Fotografia do MAM de São Paulo” a Miguel Rio Branco, do Estado de São Paulo.
Os cinco prêmios de Aquisição foram destinados a Ana Helena Mariani, de São Paulo, Carlos Henrique do Souto, de São Paulo, orlando Britto, de Brasília, Vera Lúcia Albuquerque, de São Luiz do Maranhão e Leonardo Tiozo Hatanaka, de São Paulo.

LYGIA MILTON NA KÁTIA GALERIA
A pintora Lygia Milton com algumas  obras recentes

Uma das maiores expressões da arte feita na Bahia volta a expor, desta vez na Kátia Galeria de Arte. Trata-se da artista Lygia Milton cujo catálogo apresenta opiniões de várias pessoas ligadas ao movimento artístico, inclusive algumas palavras que escrevi sobre sua obra.
Dizia eu que Lygia é a pintora do silêncio. E seria alguém capaz de pintar o silêncio, isto é transferir para a tela toda a atmosfera que envolve um lugar silencioso? Se alguém me fizesse esta pergunta eu acertaria: Lygia Milton. Ela consegue, com suas linhas retas e com horizontes longínquos, traduzir todo o silêncio que poderíamos encontrar numa rua, numa casa ou numa sala.
Uma pintura que deixa o observador tranqüilo e descansado. O que chamo a atenção é que as figuras escolhidas por Lygia se encaixam perfeitamente àquela ambiência do silêncio.
Acrescentaria, hoje, que a obra de Lygia mostra um pouco de contraste com a sua personalidade alegre e descontraída. Para quem não a conhece pode imaginar que trata-se de uma pessoa introvertida, que fala pouco e evita um contato com gente. Ao contrário, Lygia é uma pessoa aberta, alegre e que gosta de conhecer coisas e gente. E Jorge Amado, falando também sobre sua obra, disse que ao falar dessa pintora é necessário e exato dizer-se que ela não se conformou com o sucesso inicial, ao talento instintivo buscou somar a pesquisa de novas tendências, dando dimensão mais ampla ao traço e à cor com que resguarda a nossa fisionomia, a lembrança das casas e da vida. Sua exposição será aberta no próximo dia 19, às 21 horas, e deverá ser vista por todos aqueles que gostam de arte.



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