JORNAL A TARDE, SALVADOR, 18 DE NOVEMBRO DE 1985.
NOVA FIGURAÇÃO GALEGA SERÁ MOSTRADA DIA 29.
Trabalho de Manuel R. Moldes - à esquerda -, e os traços de Antón Patiño, à direita |
Já
Castelão pronunciava um discurso no Dia da Galícia, no Teatro Garcia Bardón de
Vigo, em 1930, enfocando o galeguismo na arte e naquela época também já dizia a
nossa tradição artística dormia o sono da morte.
O
QUE DEBEMOS Ó CENTRALISMO
As
aspiracións permanente do pobo galego, os seus ancelos fondos, os seus
instintos profundos, son combatidos polos patrioteiros de chin-chin, que moitas
veces falam fachendosamente em nome dun progreso imaxinario; mais é tempo de
decirlles que o progreso non vai cara a uniformidade sinón cara a armonía. E se o progreso fose cara esa unidade antipática,
antiestética, antinatural e criminal, por enriba do progresso está a perfeción; e
nós, por um desexo de perfeición e por unha
dinidade persoal, non queremos que na fala dos nossos abós, que na lingoa dos
Cancioneiros, se siga eispresando, somentes, a incultura e a probeza, que, por
outra parte, lhe debemos ó centralismo.
Que
sigan chamándonos separatistas os ananuxos da política centralista. Nós
seguiremos traballando ledamente, cantando; seguros de que no velho tronco
hispànico nascerá unha nova ponla frorecida.
Ouh
aqueles versos de Pondal:
Non
cantes tan tristemente,
probe e desolada nai;
probe e desolada nai;
non
lle cantes cantos brandos,
pra adormecelo rapaz,
onde está a cova do sono,
no céltico carballal.
pra adormecelo rapaz,
onde está a cova do sono,
no céltico carballal.
Cantalle
cantos ousados que esforzado o peito fan.
Cántalle
o que xá cantara o nobre brado Gundai.
A
luz virá para a caduca seria
dos fillos de Breogán
dos fillos de Breogán
A
exposição será realizada no Museu de Arte da Bahia, no Corredor da Vitória a
partir do dia 29 próximo, reunindo trabalhos dos artistas Rafael Baixeras
(1947), José Luís de Dios (1943), José Freixanes (1953), Menchú Lamas (1954),
Antón Lamazares (1954), Ana Mazoy (1954), Manoel R. Moldes (1949), Guillermo
Monroy (1954 (1982), Antón Patino (1957), Manuel Ruibal (1942) e Pablo Sause
(1958).
A
PRAÇA DO MESTRE DALI
Depois de alguma surpresas em São Paulo
outra figura surpreende não o nosso país, mas todo o mundo artístico. Trata-se
do legendário Salvador Dali, que foi vítima há algum tempo de queimaduras que
lhe prostraram no leito até hoje.
Porém, ele continua lúcido e irreverente. Na semana passada ele recebeu a visita do
prefeito de Madri, Sr. Tierno Galvan que acompanhado de assessores lhe trouxe
um contrato para assinar para a construção de uma praça monumental a ser
localizada no centro de Madri com projeto do artista. Dali promete que a praça
será uma das atrações da Espanha.
OUTRA
ESCULTURA DE CALASANS NETO PARA A CIDADE
Calasans
Neto buscou inspiração na Lagoa do Abaeté para produzir mais uma de suas obras.
Desta vez, mirando-se na “metamorfose dos habitantes da lagoa”, como disse,
Calasans montou uma estrutura metálica com cerca de 10 metros de altura, em
chapas de ferro resinadas e metal para mostrar que “os bichos podem se
transformar em pessoas e vice-versa”. A escultura foi encomendada pela
Nitrocarbono, dentro do Projeto de Valorização da Orla marítima e será
instalada nas proximidades do Quiosque de Janaína, na subida para a Lagoa do
Abaeté. A Nitrocarbono vai entregar a escultura à comunidade, que será sua
guardiã. A data da inauguração está indefinida, podendo ser 2 de dezembro, dia
do samba, ou 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara.
UMA
CARTA QUE MERECE SER LIDA PELOS BAIANOS
Salvador,
11 de novembro de 1985.
Prezado
Reynivaldo
Acabo
de ler o seu comentário “Artistas lutam por um espaço no Rio Vermelho”,
publicado n’A Tarde de hoje (dia11).
Como
um dos mais apaixonados defensores da transformação da velha fábrica de papel
do Rio Vermelho em espaço cultural, fico contente com a sua entrada em campo,
com a força da sua coluna, na defesa do Rio Vermelho. Na verdade, defender o
Rio Vermelho é defender também a nossa Cidade, sempre governada por homens insensíveis
e mais preocupados em satisfazer as exigências de grupos econômicos do que a
comunidade. E olhe, que, no caso da luta pela fábrica, essa comunidade envolve
nada mais nada menos que figuras como Jorge Amado (que na semana passada em
conversa telefônica comigo se disse “indignado com a insensibilidade dos nossos
governantes”), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Fernando Gabeira, Calasans Neto,
Juarez Paraíso, Thales de Azevedo, todo o Conselho de Cultura, Câmara de
Vereadores e Assembléia Legislativa.
Você
certamente é testemunha do abandono da Concha Acústica do Teatro Castro Alves.
Do Parque de Pituaçu. Do Museu de Ciência Tecnologia. Do Parque de São
Bartolomeu. Do Abaeté.
De
tantos outros espaços, que enumerá-los seria no mínimo cansativo.
Creio
que você tem um compromisso com a Bahia, no mínimo por escrever em um jornal do
porte d’A TARDE, em denunciar a se envolver com estas lutas.
A
ampliação dos espaços para a cultura e o lazer da nossa cidade não beneficiar
apenas a grupos de artistas e intelectuais mas toda a cidade e você, tenho
certeza, sabe muito bem disso.
Parabéns
pelo seu artigo e espero que sua coluna e todo o espaço que você dispõe n’A
TARDE, possam ser ocupados por uma campanha de defesa do Rio Vermelho. Enfim
uma defesa da cultura de nossa terra. Não tenho a menor dúvida que o potencial
criado do povo baiano tende a diminuir se medidas concretas e urgentes não
forem tomadas. Receba o meu cordial abraço, Nelson de Luca Pretto.
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