JORNAL A TARDE, SALVADOR, 28 DE
MAIO DE 1984.
O EXPRESSIONISMO SELVAGEM DE
HELLA DE SANTAROSSA
A obra Maria Maria- Magdalena, de Hella |
Na
conferência e no posterior debate na Escola de Belas Artes, seu tradutor foi
Franz Buchetmann, diretor do instituto Goethe que a convidou para fazer, no
próximo ano, uma exposição em Salvador. nesta sua passagem pelo Brasil ela fez
duas exposições: uma em São
Paulo , no Museu de Arte Contemporânea, e outra em Curitiba,
na Sala Funarte. Mas essas não foram as duas cidades visitadas. Esteve em
Olinda, onde passou o Carnaval, e pretende visitar a Amazônia.
Hella De Santarossa |
Hella recentemente com obras de sua autoria..Influência baiana? |
Ficou
também impressionada com o Carnaval de Olinda, que confessou ter chegado ao
delírio.Em São
Paulo , ainda em
busca de novas formas de expressão, frequentou um terreiro de umbanda.
“Registrei
todas as músicas. Tudo o que não pude captar mentalmente está agora gravado em
vídeo”. Sobre a arte berlinense, Hella disse que, na verdade, se trata de um
novo expressionismo selvagem de onde emerge uma arte agressiva, irreverente, mal
acabada, que se mistura sem quaisquer preconceitos à música erudita e às bandas
de rock.
O
CHEQUE SEM FUNDOS DO ARTISTA ALMANDRADE
O
arquiteto e artista vanguardista A.L.M. Andrade o tão desmoralizado cheque para
expressar sua indignação diante da sociedade de consumo, onde o dinheiro dita
normas. Aliás, tudo gira em torno dele, especialmente neste momento de crise e
super inflação. O dinheiro é assunto em qualquer bate-papo. Assim A.L.M Andrade
vê o cheque.
“A
arte ou o saber sobre o plágio ou a semiótica do sarcasmo. Tudo é possível para
tornar visível a obscuridade do fazer social e cultural. Ao artista é concedido
o direito de dissimular o valor e a ordem
das coisas e do mundo, inventar ilusões, relações e inutilidades, falsificar
simbolicamente sob o olhar do vigilante e sem ludibriar a vítima. Uma surda
gargalhada contra o rito da sociedade do crédito e o precário poder do talão de
cheque. Para que serve um cheque de um banco falso? Quem o aceitaria? A
garganta deste cheque é a marca do artista, mas esta marca não pertence ao
circuito das instituições bancárias, é um conjunto vazio. Sem dúvida, é uma
fraude, aceita com risos no meio de arte, de onde emergem suas significações
críticas”.
A
PINTURA VISIONÁRIA DE PIERRE BONNARD
Paris
(AFP)- Setenta quadros mais representativos
dos últimos 27 anos de Pierre Bonnard (1867-1947), o mestre francês da pintura
visionária, são apresentados no Centro Pompidou, Beaubourg de Paris. Os
organizadores da mostra destacaram os
trabalhos feitos por Bonnard entre 1920 até a sua morte, ou seja, quando a sua
obra adquiriu um caráter profundamente intimista e pessoal. Dos 70 trabalhos,
15 são nus, como o famoso Nu dans La Baignore de 1937, ( Foto ao lado) onde se afirma a sua engenhosa
disposição da fonte luminosa, bem como a harmonia dos contrastes e a audaz
perspectiva colocam literalmente o espectador no mundo mágico e sensual do
artista.
Bonnard,
que se orgulhava de não pertencer a nenhuma escola, demonstrou ao longo de sua
carreira que soube ir confirmando, graças ao pincel e a tela, a sua transbordante
personalidade. As harmonias sombrias das cenas das ruas de Paris e dos nus da
década 1890-1900 seguiu em sua obra a adesão ao “cromatismo subjetivo”, de
tonalidade clara e de uma construção quase abstrata da imagem, que o
transformam, sendo contemporâneo de Braque e Matisse, numa das figuras
essenciais da modernidade.
ARTISTA
AMERICANA RETRATA CANDOMBLÉ
Realizou
uma exposição, na Galeria da Associação Cultural Brasil Estados Unidos, a
pintora norte-americana Patrícia Huntington, composta de óleos, com colagens em tecido. Formada em
artes plásticas pela Universidade Brown (Providence, Rhode Island), Patrícia
mostrou 23 quadros, inspirados no candomblé, tema pelo qual a artista confessa
ter se apaixonado desde 1978, quando esteve no Brasil pela primeira vez.
Artista americana Patrícia Huntington com suas obras |
A
pintora diz que seu trabalho vem sofrendo evoluções e alguns dos quadros dessa
exposição representam mais formas e linhas e outros apresentam uma
predominância do jogo de cores, procurando fazer combinações de profundidade e
movimento. Apaixonada pelo experimento, ela diz que gostaria que as pessoas
experimentassem mais do atual momento. Desde dezembro em Salvador, patrícia tem
como experiência algumas coletivas e individuais realizadas no EUA, inclusive
na cidade de Nova Iorque.
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