JORNAL A TARDE, SALVADOR, 05 DE
AGOSTO DE 1985
PAINEL DE GENARO ESTÁ SENDO DESTRUÍDO
Painel de Genaro de Carvalho no prédio da antiga Escola de Comunicação da Ufba. Uma das placas de madeirit já apodreceu e outras estão em péssimo estado de conservação. |
Pintado
em uma grande lâmina de madeira, que foi afixada à parede, o painel de Genaro,
por muitos anos serviu para a contemplação dos leitores que freqüentavam a
Biblioteca Central da Universidade e que, até há pouco tempo, funcionou no
prédio onde hoje está instalada a Escola de Comunicação. Os estragos,
generalizados por todo o trabalho, estão à vistas e têm merecido severas
críticas dos observadores, que não se conformam em ver uma obra tão bonita
desprestigiada.
Com
fundo azul claro e grandes folhas coloridas, o painel precisa ser restaurado
imediatamente, antes que seja totalmente danificado. A parte central
apresenta-se com manchas, como se estivesse ficado sob uma goteira. No lado
esquerdo, na parte baixa, um pedaço da obra foi arrancado e, em seu lugar,
colocaram madeira em cor natural, como se fosse uma janela. “Não é possível
tanto desleixo”, comentou a estudante Rosana Cardoso, aproveitando para
criticar, também, o abandono da própria universidade, cujos prédios
encontram-se deteriorados e em péssimo estado de conservação. “Esse painel
abandonado é o retrato de toda a UFBA.”, afirmou a estudante.
GALERIA
BONINO EXPÕE AS PINTURAS DE AGLAIA
Autêntico,
sincero, afetivo e independente. Assim se pode descrever um quadro de Aglaia. À
primeira vista a pintura de Aglaia pode parecer naif (ingênua) mas certamente
não é primitiva. Por trás de uma abordagem simples por vezes até simplista e
simplória, se encontra algo mais complexo e cerebral. O manejo do pincel é
feito com conhecimento teórico e prático, a combinação de cores é de grande
sabedoria e a simplificação é voluntária. A afirmação é do crítico Marc
Berkovitz, ao fazer a apresentação da mostra de telas à óleo, que Aglaia fará
na Galeria Bonino, em Copacabana, no Rio de Janeiro, e cuja vernissage será no
próximo dia 06 de agosto, funcionando no horário das 10 às 12 horas e das 16 às
22 horas.
O
homem em seu habitat.
Eis
uma característica forte da obra de Aglaia. Em seus quadros, a figura humana
interliga-se com o céu, o sol, a terra, a fauna, a flora, onde a vida gira em
torno do elemento humano, da fantasia e da realidade. Este seu estilo simples,
ressaltando as figuras humanas e os tipos comuns é explicado por ela mesma como
decorrência de seu grande contato com as crianças. Ela trabalhou 15 anos como
professora de arte, tendo a oportunidade de desenvolver técnicas de pintura,
desenho e escultura.
Criar
é uma viagem que se faz a um mundo mágico, diz Aglaia. Pinto quatro ou cinco
telas simultaneamente sem perder o fio da meada. A concepção, a forma e as
cores vão surgindo normalmente. Acho que temos de ser coerentes e isso eu
aprendi com as crianças, que não têm preconceitos e usam em seus desenhos as
cores que sentem.
Aglaia
foi aluna de Augusto Rodrigues, na Escolinha de Arte do Brasil. Estudou Gravura
com Orlando da Silva e Isa Aderne Vieira. Formou-se em Comunicação Visual
pela Escola Nacional de Belas Artes, onde também aprendeu técnicas de pintura.
Entre
outras exposições coletivas, Aglaia recebeu menção honrosa em 1976, na mostra
realizada no Palácio de Cristal, na cidade serrana de Petrópolis. Em 1980, realizou
a sua primeira exposição individual, que teve lugar no Caesar Park Hotel, no
Rio de Janeiro.A
segunda mostra individual foi realizada em 1982, na Galeria Brasiliana, em São Paulo. A terceira, na
Galeria Charting, no Rio , em 1983. Agora volta a apresentar seus quadros na
Galeria Bonino, situada na Rua Barata Ribeiro 578, em Copacabana, no Rio de
Janeiro.
BIENAL
ABRE SUAS PORTAS NO DIA 04 DE OUTUBRO
Trata-se do maior evento internacional produzido no Brasil que qualquer
campo de atividade. A Bienal de São Paulo é uma das quatro maiores exposições
do gênero em todo o mundo, ao lado da Documenta de Kassel (Alemanha Ocidental) e das bienais de Veneza e
de Paris.
Criada
em 1951, a
Bienal chega à sua 18.ª versão com uma proposta que procura refletir O Homem e
a Vida, apresentando o que há de mais significativo na produção plástica
contemporânea de artistas brasileiros e estrangeiros, complementada por
exposições museográficas sobre a história da modernidade recente. Desta forma,
proporciona-se ao grande público e aos artistas e intelectuais, em particular,
oportunidade única em toda América Latina
de conhecimento e experimentação das questões que compõem arte visuais nos dias
de hoje.
A
18.ª Bienal Internacional de São Paulo abrangerá dois núcleos, três
exposições-satélites e dezenas de eventos paralelos: a) Núcleo I- Produção
Artística Contemporânea, Nacional e internacional. Aqui estão incluídos os
trabalhos de artistas como Borofsky (EUA), John Davies (Grã-Bretanha) e Daniel
Buren (França), ao lado de brasileiros consagrados internacionalmente, como
Leonilson, Guto Lacaz e Daniel Senise; b) Núcleo II- A parte nacional reúne uma
visão do Expressionismo, com obras de Portinari, Anita Malfatti e Lasar Segall,
entre outros, sendo a produção histórica internacional representada por grandes
nomes, como os do colombiano Botero, do cubano Wifredo Lam e do italiano Emílio
Vedova;
c) Exposições Satélites - 1) O Turista Aprendiz percorre o caminho de Mário de Andrade pela Amazônia, chegando à Bolívia, revisitado em ensaio fotográfico de Maurrem Bisilliat e completado por uma coleção de máscaras bolivianas. 2) A Criança e o Jovem na Bienal reunirá trabalhos que estudantes da rede oficial de escolas particulares farão no próprio recinto da exposição, uma experiência inédita em eventos de tal significado no Brasil. 3) Sciene Fiction finalmente mostrará obras de 50 artistas estrangeiros, reunindo pinturas, esculturas, holografias, vídeos, desenhos arquitetônicos, ilustrações, som e filmes; d) Eventos Paralelos- Com a participação de artistas plásticos de arte e músicos da Europa, estados Unidos e América Latina, serão realizados simpósios, mesas-redondas, conferências e performances.
c) Exposições Satélites - 1) O Turista Aprendiz percorre o caminho de Mário de Andrade pela Amazônia, chegando à Bolívia, revisitado em ensaio fotográfico de Maurrem Bisilliat e completado por uma coleção de máscaras bolivianas. 2) A Criança e o Jovem na Bienal reunirá trabalhos que estudantes da rede oficial de escolas particulares farão no próprio recinto da exposição, uma experiência inédita em eventos de tal significado no Brasil. 3) Sciene Fiction finalmente mostrará obras de 50 artistas estrangeiros, reunindo pinturas, esculturas, holografias, vídeos, desenhos arquitetônicos, ilustrações, som e filmes; d) Eventos Paralelos- Com a participação de artistas plásticos de arte e músicos da Europa, estados Unidos e América Latina, serão realizados simpósios, mesas-redondas, conferências e performances.
Com
destaque especial para a música, que terá a participação de John Cage, a
programação terá também ventos de dimensão internacional nas áreas de cinema e
vídeo.
Quando:
a 18.ª Bienal Internacional de São Paulo será inaugurada dia 4 de outubro, às
10 horas, em solenidade presidida pelo presidente da República, José Sarney.
Terá a duração de 73 dias, encerrando-se a 15 de dezembro. Nesse período deverá
ser visitada por um público estimado em mais de 200.000 pessoas.
Onde:
no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera. Os mais de 30.000 metros
quadrados do pavilhão serão inteiramente utilizados pela
Bienal, que terá ainda eventos paralelos em outros locais, que serão
oportunamente divulgados.
Como:
a 18.ª Bienal começou a ser organizada em fevereiro de 1984 com a aprovação
pela Diretoria Executiva, de projeto elaborado pela Curadoria de Arte e pela
Comissão de Arte e cultura da Fundação. Iniciou-se, então, a gigantesca
operação que envolve desde contatos permanentes no exterior ao trabalho de uma
comissão interdisciplinar de montagem integrada por especialistas das diversas
áreas, sob o comando da diretoria Executiva. Para viabilizar um empreendimento
de tal dimensão, a Fundação bienal mobiliza todo seu corpo de funcionários,
contrata profissionais especializados e ainda conta com a participação de colaboradores
ligados a outras instituições culturais.
Por
que: uma das inovações da 18.ª Bienal será o seu aspecto didático. Sem prejuízo
da qualidade e da sua condição de acontecimento de vanguarda a Bienal deste ano
oferecerá ao grande público todas as inovações e facilidades, com o objetivo de
tornar mais proveitosa e agradável sua permanência na exposição. As crianças e
as adolescentes terão um tratamento diferenciado. Toda a rede de ensino oficial
e particular será convidada a levar seus alunos à Bienal, que colocará à
disposição monitores habilitados a prestar um atendimento especial.Com
isso, procura a Fundação Bienal criar condições para que o acesso do grande
público, ao entendimento da arte, seja ao mesmo tempo, um exercício de
admiração e de prazer.
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