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sábado, 1 de dezembro de 2012

OBRA DE MARIA ADAIR É UM RIO DE VIDA E EM AÇÃO -18 DE JUNHO DE 1984


JORNAL A TARDE, SALVADOR, 18 DE JUNHO DE 1984.

OBRA DE MARIA ADAIR É UM RIO DE VIDA E EMOÇÃO

Maria Adair pintando
O rio sempre exerceu um fascínio entre os homens desde os tempos mais primitivos. Procurando matar sua sede e a caça mais abundante, o homem primitivo, mesmo no período em que era nômade, sempre estava em contato com o rio. Os séculos foram se sucedendo e ele viu a necessidade de fixar-se perto do rio. Lembremos de nossos índios cujas tribos em sua grande maioria estão fixadas às margens dos rios ou próximas.
E, quantas e quantas cidades surgiram por este mundo afora às margens dos rios. Veio o progresso industrial e este mesmo homem que buscava sobrevivência, através do uso de sua água e da apreensão de peixes para comer, passou a poluir os rios matando a flora e fauna.
Despejos industriais e fluentes orgânicos são lançados às toneladas destruindo parte da vida de muitos deles. Já aparecem na imprensa as informações sobre o rio morto! Não existe coisa mais cruel do que um rio morto, sem fauna ou flora. Suas águas carregam substâncias nocivas a própria vida. E que destino cruel, logo o rio que tanta vida traz.
Foi exatamente este fascínio pelo rio que tocou de perto Maria Adair. Ela confessa ter morado em Pittsburgh, uma cidade cortada por três grandes rios e depois em Iowa City. Foi exatamente um rio menor, o Iowa River, que tocou mais de perto em suas emoções.
Assim, ela cruzou durante os dias várias vezes por cima de pontes que cortam o seu curso. Uma dessas pontes é exclusivamente para pedestres e neste passar constante vieram fixar em sua mente toda aquela vida que se desenvolve dentro do seu próprio volume d’água, e o que parece em suas margens. As árvores frondosas, a vegetação rasteira, bem esverdeada, e os peixes e moluscos. Sendo a vida um tema constante no trabalho de Maria Adair, o Iowa River serviu como uma plataforma de onde ela lançou a sua criatividade que explodiu em grandes e pequenos trabalhos, detalhando segmentos da vida.
O nome de sua exposição, Um Rio de Emoções, é o somatório disto tudo e uma integração perfeita com o caminho que Adair já vinha percorrendo. Pequenina como o Iowa River (em relação a outros grandes rios), Maria Adair tem uma força que nos deixa perplexos.
Parece um desses rios que banham as areias quentes do nosso sertão! No verão seu leito é fino e, muitas vezes desaparece em alguns trechos. Mas, bastam as primeiras chuvas que, torna-se caudaloso e é capaz de levar pontes, estradas no seu desejo incontido de espalhar a vida, por quilômetros e mais quilômetros, naquelas terras áridas. Maria Adair também é um desses turbilhões que deseja espalhar emoções e vida. Vibra como uma menina que começa a sentir o desabrochar da maioridade. Assim, desabrocham suas flores, suas células que pulsam, o microcosmo, a fluidez dos líquidos que nos dão a certeza da vida. O emaranhado de curvas que vão singrando o branco das telas, tomando seus espaços em linhas suaves e sinuosas. Os campos mais largos lembram as lagoas, as marcas que o rio vai deixando na brancura da areia. Este rio de emoções é antes de tudo o palpitar da vida, e neste momento em que tanto se maltrata a natureza, nada mais gratificante que este trabalho de Maria Adair, que ora expõe no Museu de Arte da Bahia, na Vitória
Vejamos os nomes de seus trabalhos: Um Rio de Emoções, série de quatro trabalhos com 1,21m x 3,65m; “Macho-Fêmea”; uma série de oito trabalhos (óleo sobre Duratex); 1,21 x 2,75, “O homem que virou flor”, série de sete trabalhos, óleo sobre tela de 1,00x 0,73; “Flor”, série de nove trabalhos de dimensões variadas “Microcosmo”, série de 66 trabalhos de 21cmx30cm com técnica mista sobre papel. “Emoção fluido-horizontal”, série de seis trabalhos de 1,50mx2,50m e de 1,75mx2,50m, e finalmente, “Considerações”, série de 20 peças de tamanhos variados, óleo sobre madeira e fio de nylon.
Portanto, até o dia 13 de julho você tem oportunidade de navegar por este rio de emoções, e sentir o palpitar da vida que borbulha e explode na obra de Maria Adair. Tudo isto reflete exatamente a sua inquietude, a sua força criativa.
Ao mesmo tempo ela está ainda expondo em dois outros lugares: na Art Boulevard Galeria, até o dia 23 de junho, e no Berro d’Água Bar e Restaurante, até o dia 15 de agosto.

SUA VIDA

Nascida em 1938, em Itiruçu, Bahia, Maria Adair fez o curso de Licenciatura em Desenho e Plástica na Universidade Federal da Bahia e, desde 1975, tem participado de exposições coletivas na Bahia, Goiás, São Paulo, Paris, Pittsburgh, Iowa City e New York.
Treze exposições individuais no Brasil e em USA. Em 1980, deixou o Brasil. Foi para os Estados Unidos onde estudou, viajou, visitou museus e centros de arte, fez amigos, integrou-se com a cultura de outros povos vendo-as de perto, analisando-as e entendendo-as melhor, tanto nos States, onde se demorou mais, quanto no Canadá, França e Inglaterra. Durante um ano estudou inglês na Universidade de Pittsburgh, Pensylvania.
Depois obteve mestrado em arte pela Universidade de Iowa. No período em que viveu nos EUA, montou seis exposições individuais em Pittsburgh, Sewickley, Iowa City e Washington D.C. Participou de três coletivas: a primeira com um grupo de artistas brasileiros, no Carllow College em Pittsburgh, em 1981. outra com os membros do Iowa City Johnson Arts Council, em 1982.
E mais outra com artistas americanos na Stephen Edward Galleries em Soho. New York, no mesmo ano.
Ainda em 82 apresentou no University of  Iowa Museum of Arte, um trabalho de arte integrada com dança, projeção de slides, pintura e videocassete. Muito de seu trabalho foi adquirido e se espalhou por coleções particulares em vários estados dos Estados Unidos, na França, Turquia, Panamá, Venezuela e Japão. Também, hoje, seu trabalho está na Embaixada Brasileira em Washington D.C. e na sede do Brazilian American Cultural Institute em D.C.

               HELY LIMA: PROJETO MILIONÁRIO

Faz dois anos que um grupo de trabalhos do artista baiano Hely lima intitulado Tales of New York City está sendo exibido internacionalmente com muito sucesso. A abertura foi em Paris, em setembro de 1982, depois em Nova Iorque em abril de 1982, depois em Nova Iorque em abril de 1983, a seguir em Estocolmo (parte) em junho, e Tóquio em outubro do mesmo ano, e em março deste ano na Universidade Duke, da Carolina do Norte, abrindo assim uma série de exibições em grandes universidades dos Estados Unidos.
Devido ao sucesso de Tales of New York City, fundações e galerias de cinco países (Estados Unidos, França, Japão, Itália e Alemanha) vão patrocinar Americana, um novo grupo de trabalhos do artista, cujo custo de produção está orçado em cerca de 1 milhão de dólares e cuja execução demorará 2 anos, aproximadamente, e requererá uma equipe de 20 artistas, os quais colaborarão com Lima no audacioso projeto.
Não foi revelado qual a porcentagem do artista, mas se sabe que ele reterá a propriedade das obras, as quais só serão liberadas após a última exibição, prevista para a cidade de Kyoto, no Japão, no ano de 1989.
A abertura oficial de Americana será na cidade de Nova Iorque com data prevista para finais de 86 ou início de 87. A seguir a coleção viajará para as exibições europeias e asiáticas.
The Sidewalk Café parte do grupo de trabalhos do artista Hely Lima intitulado Tales of New York City, os quais receberam críticas da imprensa européia, americana e asiática, as quais enftizaram os “picantes” comentários sociais. Note o cartaz anunciando “R.R.” com o presidente Reagan no corpo de E.T ( Foto maior).

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