JORNAL A TARDE SALVADOR 22 DE
JULHO DE 1985
GERAÇÃO 70 NO MAB NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA
Os artistas integrantes da Geração 70 com o professor Ivo Vellame e este colunista |
A partir de sexta-feira, dia 26, às 21 horas, o Museu de Arte da Bahia estará abrindo suas portas para a vernissage da exposição Geração 70. Cinqüenta trabalhos de qualidade serão mostrados ao público baiano, produzido por um grupo de artistas inserido na contemporaneidade e no palpitar de emoções sinceras. Jovens e criativos, eles se diferenciam entre si pela abordagem dos temas, pelas técnicas que utilizam e, inclusive, pela maneira de encarar o universo social, que lhes cerca. Mas, estão intimamente ligados com o compromisso de fazer sempre melhor, de criar a cada instante trabalhos que realmente vão melhorando de qualidade. Passo a passo vão dando identidade a suas obras,, compostas de elementos que possibilitam a sua identificação. Enfim, trabalhos que têm personalidade, pois são reconhecidos de longa sem a assinatura de seus autores.
Vencemos
todas as etapas e, a partir de hoje, estaremos distribuindo os catálogos de
Geração 70, com um visual programado por Washington Falcão, que também participou
ativamente de todas as dificuldades que enfrentamos para o sucesso desta
exposição. Quero agradecer a todos, especialmente aos artistas, que tanto se
empenharam, que tanto se preocuparam em produzir novos trabalhos para
apresentá-los em primeira mão. Quero agradecer a cada um deles, em particular
ao Astor Lima, sempre ocupado na Embasa, onde trabalha, e que aproveitava o
tempo disponível para cuidar de suas cinco esculturas que mostrará no MAB. O
Maso, com suas telas, onde, utilizando apenas o branco, conseguiu formas e
volumes sensacionais. Ao Fred Schaeppi, que nos chega com um trabalho apurado,
onde as massas,que antes utilizava, foram substituídas por uma superfície mais
lisa e as figuras aparecem mais soltas e belas. Ao Guache, com suas figuras que
lembram marionetes e fantoches, e ao Justino Marinho, com seus desenhos que
apresentam relevos. Ao Flori com suas figuras multiplicadas, e ao Chico Diabo,
que tanto trabalhou em Etsedronn, e agora nos chega com um trabalho novo. Ao
Murilo, que mostra a preocupação com as nossas coisas, com situações do
cotidiano. Ao Zivé, que expõe o lado estúpido dos homens.
Ao
lado dos plásticos, teremos os espetáculos de dança com Lívia Serafim, Lia Rodrigues,
Grupo Tran Chan, Leda Muhana, Martinez, Bete Gleber, e um espetáculo de teatro
organizado por um acontecimento cultural desta Bahia que tanto necessita de
movimentação neste setor . Todos estão ensaiando, cada um cuidando
especificamente do seu setor para que tudo dê certo no dia 26.
Quero
aproveitar da oportunidade para lembrar aos artistas da necessidade de uma
reunião que deveremos fazer na próxima terça-feira, ás 16 horas no museu de
Arte da Bahia, Corredor da Vitória, para
definirmos alguns problemas, especialmente os plásticos, dançarinos, músicos e
atores. Temos que saber e conhecer de perto os espaços para evitar possíveis
dúvidas. Tudo tem que ser devidamente definido para não acontecerem aquelas
situações onde tem que se apelas para o jeitinho brasileiro. Sei que todos são
responsáveis , profissionais, mas exatamente, mas exatamente por isso é que
precisamos amarrar tudo para que não aconteçam atropelos.
Acho
que vencemos praticamente todos os obstáculos, normais a qualquer realização,
especialmente quando a gente tem que fazer seleção e envolve tantos artistas.
Detalhe de uma obra de Fred Schaeppi |
Astor Lima mostrará trabalhos feitos com sucata |
Justino Marinho |
Propositadamente
não trago a público as divergências que existiram em determinados momentos,
porque foram superadas com o diálogo civilizado e, portanto, pertencem ao
passado. Morreram no nascedouro. O que interessa é que estamos diante de uma
exposição vitoriosa que reflete o ânimo realizador desta gente Uma exposição
que se propõe a ser um marco na História das Artes da Bahia porque ela rompe os
limites de uma simples coletiva, porque os artistas não foram agrupados de
qualquer forma por critérios de amizade ou de mercado. Portanto, ai começa a
despontar uma grande diferença. Também é evidente que a seleção que fizemos já
demonstra por si só um grande distanciamento pela qualificação, pela isenção e,
principalmente, pela produção, independente de mercado. Critérios de amizade e
comercialização não entraram, porque no meu entender são critérios que devem
estar afastados de uma exposição que se propõe a ser um marco de uma Geração.
Prof. Ivo Vellame |
Maso e a sua arte hiper-realista |
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