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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

GERAÇÃO 70 NO MAB NA PRÓXIMA SEXTA- FEIRA - 22 DE JULHO DE 1985 -


JORNAL A TARDE SALVADOR 22 DE JULHO DE 1985

  GERAÇÃO 70 NO MAB NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA

Os artistas integrantes da Geração 70 com o professor Ivo Vellame e este colunista

A partir de sexta-feira, dia 26, às 21 horas, o Museu de Arte da Bahia estará abrindo suas portas para a vernissage da exposição Geração 70. Cinqüenta trabalhos de qualidade serão mostrados ao público baiano, produzido por um grupo de artistas inserido na contemporaneidade e no palpitar de emoções sinceras. Jovens e criativos, eles se diferenciam entre si pela abordagem dos temas, pelas técnicas que utilizam e, inclusive, pela maneira de encarar o universo social, que lhes cerca. Mas, estão intimamente ligados com o compromisso de fazer sempre melhor, de criar a cada instante trabalhos que realmente vão melhorando de qualidade. Passo a passo vão dando identidade a suas obras,, compostas de elementos que possibilitam a sua identificação. Enfim, trabalhos que têm personalidade, pois são reconhecidos de longa sem a assinatura de seus autores.
Vencemos todas as etapas e, a partir de hoje, estaremos distribuindo os catálogos de Geração 70, com um visual programado por Washington Falcão, que também participou ativamente de todas as dificuldades que enfrentamos para o sucesso desta exposição. Quero agradecer a todos, especialmente aos artistas, que tanto se empenharam, que tanto se preocuparam em produzir novos trabalhos para apresentá-los em primeira mão. Quero agradecer a cada um deles, em particular ao Astor Lima, sempre ocupado na Embasa, onde trabalha, e que aproveitava o tempo disponível para cuidar de suas cinco esculturas que mostrará no MAB. O Maso, com suas telas, onde, utilizando apenas o branco, conseguiu formas e volumes sensacionais. Ao Fred Schaeppi, que nos chega com um trabalho apurado, onde as massas,que antes utilizava, foram substituídas por uma superfície mais lisa e as figuras aparecem mais soltas e belas. Ao Guache, com suas figuras que lembram marionetes e fantoches, e ao Justino Marinho, com seus desenhos que apresentam relevos. Ao Flori com suas figuras multiplicadas, e ao Chico Diabo, que tanto trabalhou em Etsedronn, e agora nos chega com um trabalho novo. Ao Murilo, que mostra a preocupação com as nossas coisas, com situações do cotidiano. Ao Zivé, que expõe o lado estúpido dos homens.
Ao lado dos plásticos, teremos os espetáculos de dança com Lívia Serafim, Lia Rodrigues, Grupo Tran Chan, Leda Muhana, Martinez, Bete Gleber, e um espetáculo de teatro organizado por um acontecimento cultural desta Bahia que tanto necessita de movimentação neste setor . Todos estão ensaiando, cada um cuidando especificamente do seu setor para que tudo dê certo no dia 26.
Quero aproveitar da oportunidade para lembrar aos artistas da necessidade de uma reunião que deveremos fazer na próxima terça-feira, ás 16 horas no museu de Arte da Bahia, Corredor da Vitória,  para definirmos alguns problemas, especialmente os plásticos, dançarinos, músicos e atores. Temos que saber e conhecer de perto os espaços para evitar possíveis dúvidas. Tudo tem que ser devidamente definido para não acontecerem aquelas situações onde tem que se apelas para o jeitinho brasileiro. Sei que todos são responsáveis , profissionais, mas exatamente, mas exatamente por isso é que precisamos amarrar tudo para que não aconteçam atropelos.
Acho que vencemos praticamente todos os obstáculos, normais a qualquer realização, especialmente quando a gente tem que fazer seleção e envolve tantos artistas.
Detalhe de uma obra
de  Fred Schaeppi
Astor Lima mostrará trabalhos
feitos com sucata
O apoio do Heitor Reis, da Fundação Cultural, foi decisivo para que esta exposição se tornasse realidade. Sem falar do papel de Sante Scaldaferri, que sempre está dispostos a apresentar discussões em torno de assuntos que digam respeito à arte baiana. Sante também foi um dos idealizadores desta mostra, e é preciso que façamos justiça ao seu trabalho junto á Fundação Cultural. Também quero destacar mais uma vez a postura de Ivo Vellame pela sua decidida participação e inclusive pela sua compreensão quando discutíamos assuntos outros que deveriam nortear a nossa presença junto á Geração 70.
Justino Marinho
Propositadamente não trago a público as divergências que existiram em determinados momentos, porque foram superadas com o diálogo civilizado e, portanto, pertencem ao passado. Morreram no nascedouro. O que interessa é que estamos diante de uma exposição vitoriosa que reflete o ânimo realizador desta gente Uma exposição que se propõe a ser um marco na História das Artes da Bahia porque ela rompe os limites de uma simples coletiva, porque os artistas não foram agrupados de qualquer forma por critérios de amizade ou de mercado. Portanto, ai começa a despontar uma grande diferença. Também é evidente que a seleção que fizemos já demonstra por si só um grande distanciamento pela qualificação, pela isenção e, principalmente, pela produção, independente de mercado. Critérios de amizade e comercialização não entraram, porque no meu entender são critérios que devem estar afastados de uma exposição que se propõe a ser um marco de uma Geração.
Prof. Ivo Vellame
Maso e a sua arte hiper-realista
Também não podemos esquecer o zelo de Michel e Arestides Baptista, que cuidaram das fotografias, e de outras pessoas que tiveram papéis significativos e que terão ao desempenharem funções quando da  montagem, solenidade de abertura, e durante o coquetel . Quero destacar a contribuição de Luis Jasmim, como diretor do Museu de Arte da Bahia, que cedeu o espaço, e acima de tudo que participou, como uma pessoa sensível que é, das discussões e das etapas que a Geração 70 percorreu até agora.

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