JORNAL A TARDE SALVADOR 20 DE
AGOSTO DE 1984
A ARTE TÊXTIL DE MARIA CELESTE
EXPOSTA NO MAB
O homem sempre tingiu suas vestes e nelas introduziu seu traço simbolizando
a natureza ou entidades de seu mundo místico. Através dos tempos esta postura
se desenvolveu até a era industrial, quando as máquinas foram encarregadas de
multiplicar o seu traço, a sua criatividade. Com explosão da indústria têxtil,
os artesãos foram afastados e os artistas recolhidos a seus ateliers. Porém,
nos últimos anos, pela vontade ou o desejo da exclusividade, têm chegado a
alguns artistas solicitações para realização de alguns trabalhos, algumas
pinturas em vestes.
E
esta tendência vem acentuando-se, a cada dia, a ponto de recentemente um grande
costureiro internacional ter lançado uma coleção, em Paris, onde todos os
vestidos foram pintados por artistas de renome.
Aqui
na Bahia existem também pessoas interessadas deste setor e uma delas é Maria
Celeste Almeida, artista plástica e professora da Escola de Belas Artes, da
Universidade Federal da Bahia, baiana, que vem se dedicando a arte têxtil há
muitos anos no exterior. Retornando a Salvador ela apresentou uma coleção de 30
batiks, no Museu de Arte Moderna da Bahia.
Embora
domine outras técnicas, como a cerâmica, escultura, pintura e design , a sua
maior atenção, no momento, e voltada para a arte têxtil. Ela reúne nesta
técnica o desenho e aquarela sempre fugindo de uma estamparia padronizada para
fins industriais, porque o que busca é que suas peças sejam únicas e
exclusivas, além, é claro, de serem artísticas.
SUA
TEMÁTICA
Celeste
é uma apaixonada pela flora. Especialmente por nossa flora tropical e da
restinga. Com formas que às vezes chegam próximas do abstracionismo, até outras
mais realistas, ela vai construindo o seu mundo pictórico.
O
desenho é uma presença constante com linhas que se casam, soltas ou energéticas
aplicadas aos tecidos através do método milenar do batik, onde entra a cera e
os instrumentos primitivos javaneses. Como uma colorista de mão-cheia, Maria
Celeste emprega a cor com muita simplicidade, conseguindo excepcionais
combinações e grande harmonia cromática. Os seus tecidos possuem um design contemporâneo, criativo e artístico.
A
arte têxtil de Maria Celeste mostra todo o amadurecimento artístico através de uma
técnica de nível, conquistada pelos muitos anos de estudo e prática adicionadas
às diversas viagens de pesquisas que fez ao México, países da América Central e
do Sul.
Com
várias exposições individuais e coletiva no exterior e aqui no Brasil, seus
trabalhos são muito bem aceitos por profissionais de arte americanos, os quais
os descrevem como “uma explosão de formas e cores vibrantes, que bem
representam toda magia e erotismo da arte dos trópicos”.
QUEM
É
Maria
Celeste Almeida nascia em Salvador, Bahia, em 1948, onde atualmente vive e
trabalha.Forma-se
pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia em 1971.Em
1973 viaja para Colorado (USA) onde faz curso de Mestrado em Arte/Studio,
especializando-se em Cerâmica/Escultura, “Design” e Gravura/Estamparia. Ganha
1.º Prêmio no Salão Universitário do Estado do Colorado com peças de porcelana
em 1974. participa de vários salões americanos de arte, coletivas e realiza sua
1.º individual/Tese em 1974.
Entre
1975/76 faz viagem de pesquisa ao México e vários países da América Central e
do Sul, onde estuda a arte de cada um deles. Visita o Brasil.Em
1976 retorna ao Colorado (USA). Ensina arte em escola públicas e particulares.
Participa de seminários, festival de arte e individuais em vários estados dos
Estados Unidos.Parte
do ano de 1979 passa em
Nova Iorque onde visita museus, galerias e artistas locais.
Retorna ao Brasil onde fixa residência.
1980/84-
professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. É citada
no livro “Arte da Cerâmica no Brasil”, de Pietro M. Bardi-1980. Em
1981-individual de Arte Têxtil (batik) e Cerâmica no Museu de Arte Moderna da
Bahia. Participa de várias coletivas (Brasil e USA). Faz parte do Mural
Coletivo de Biblioteca Central da Universidade Federal da Bahia. Com citação no
livro “Arte Baiana. Hoje”-1983 Individual de Arte Têxtil (batik) Museu de Arte
da Bahia-1984
COSTA
LIMA RETRATA OS TRENS DA SUA INFÂNCIA
Costa Lima com telas de seus trens Maria Fumaça |
Para
comemorar seus 10 anos de pintura, Costa Lima apresenta ao público um trabalho
que é fruto de sua mais antiga paixão: os trens é uma aberração. O exemplo dos
países ricos deveria servir de alerta”, lembra o artista. Mas, enquanto lamenta
a destruição da malha ferroviária brasileira, vai transformando e combinando as
tintas em paisagens por onde deslizam marias-fumaça pertencentes á memória do
artista.
“A
minha intenção é que as pessoas vendo esse material se identifiquem”, diz Costa
Lima, animado com a possibilidade de sensibilizar as pessoas ao mostrar
momentos desse meio de transporte, que já provou grande parte do território
brasileiro. “A depender da reação das pessoas, minha ideia é fazer, no futuro,
uma exposição que parecesse uma viagem de trem”, diz o pintor. Sempre as
mantendo na técnica do acrílico sobre tela e conservando o estilo “meio
impressionista”, Costa Lima pretende fazer uma corrida através de uma exposição
de quadros que mostre os pontos principais das cidades, as igrejas, as estações
e toda a infra-estrutura que os trens criavam a sua vida.
PEDRO LOBIANCO
EXPÕE EM SALVADOR DIA
24
No
próximo dia 24 será aberta a exposição do artista Pedro Lobianco, no escritório
de Leilões da Bahia que fica no Salvador Praia Hotel. Este artista tornou-se
conhecido em todo o país através dos seus desenhos e gravuras, e depois
revelou-se também um bom pintor. Aqui ele mostrará suas pinturas mais recentes.
Poucos
sabem que Lobianco morou em Salvador, e a convite de Juarez Paraíso esteve por
algum tempo na Escola de Belas Artes ministrando aulas de desenho. Fez cartoom
no extinto Correio da Manhã e capaz de discos. Mas, certamente são as figuras
infantis, como esta da foto, que enchem suas telas de ternura, além das
paisagens que lembram sonhos.
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