JORNAL A TARDE SALVADOR, 04 DE
FEVEREIRO DE 1985
PROJETO PORTINARI ESTÁ
REPERCUTINDO EM PARIS
Cândido Portinari pintando um painel |
Ao
mesmo tempo, ele traçou, na sede da Unesco, um panorama sobre o método de
trabalho da fundação e aspectos essenciais da obra e personalidade do pintor,
além de manter diversos contatos a fim de realizar uma série de manifestações
obrigadas com o projeto na frança em 1985. O projeto constitui uma experiência
piloto no tocante a definição de uma metodologia para o estudo de um artista e
indiretamente da época em que viveu, e o uso da informática para o tratamento
da informação e conservação das obras plásticas envolvidas, explicou Portinari
aos seus interlocutores franceses.
Após
longa trajetória como pintor, professor universitário e deputado, Cândido
Portinari morreu o começo dos anos 60 e injustamente caiu no esquecimento, após
conhecer a glória nas décadas de 40 e 50, no Brasil e no exterior. Prova disto
são suas exposições na Europa e no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (1940),
os murais que pintou na Biblioteca do Congresso norte-americano em Washington
(1942) e o gigantesco painel sobre a guerra e a paz na sede das Nações Unidas (1957) em Nova Iorque.
A
ideia de inventariar a sua grande produção pictórica surgiu em 1978, quando
João Cândido visitou o museu Van Gogh em Amsterdã, Holanda. “Percebi que para
os holandeses não se tratava de uma simples exibição harmônica de obras, mas de
um verdadeiro testemunho da vida de um país”. Um ano depois, a fundação era
criada para redescobri Portinari, e através dele uma época e artistas famosos,
como o arquiteto Oscar Niemeyer, o escritor Mário de Andrade e o músico Villa
Lobos, verdadeiros pilares da cultura brasileira contemporânea.
João Cândido, filho e responsável pelo projeto |
Em
uma ambiciosa e gigantesca tarefa, João Cândido, matemático e professor
universitário, recebeu a ajuda de inúmeros organismos públicos e privados do
seu país e do exterior, entre eles a Funarte, Itamaraty, a Fundação Roberto
Marinho, a IBM, Kodak e Varig.
Em
cinco anos de atividade, a fundação inventariou cerca de 4.100 obras das 4700
atribuídas ao pintor, espalhadas em 17 países do mundo, tão diversos como o
Brasil, Finlândia, Israel, França, Itália, Estados Unidos, Uruguai ou
Venezuela. Ao mesmo tempo, foram reunidos mais de 15 mil documentos diversos,
seis mil cartas da sua correspondência com amigos ou contemporâneos e dezenas
de depoimentos de atores ou testemunhas de sua época.
Equipes
da fundação estiveram em 12 países para fotografar as obras e entrevista-se com
diretores de museus, historiadores de arte, marchands e colecionadores
particulares. Uma vez descoberta, reunida e classificada esta imensa massa de
informação- primeira etapa do projeto- a fundação pretende divulgá-la e
colocá-la ao alcance de pesquisadores e, na medida do possível, do público em geral. Para tanto,
criou um banco de dados que poderá ser consultado e que revela a correlação da
obra e vida do artista com o contexto social da sua época
Ao
mesmo tempo, com a ajuda do Centro de Pesquisas Espaciais de São Paulo e dos
técnicos em informática, e com um sofisticado computador, João Cândido
conseguiu digitar fotos, (diapositivos) e de quadros do seu pai, respeitando ao
máximo as cores e tons, reproduzindo-os numa tela de televisão. Este método,
que está sendo aperfeiçoado- é indispensável, já que a maioria das obras de
Portinari estão espalhadas pelo mundo. Além disso, permite preservar a obra do
pintor, já que a consulta cotidiana das obras acessíveis, terminaria por
estragá-las e exigiria também condições de conservações especiais e cartas.
Trata-se
de uma experiência única na América Latina, pois une a tradição cultural e a
tecnologia mais sofisticada e vem provocando o interesse em inúmeros
continentes, concluiu João Cândido, que regressará a Paris em meados de 1985
para estudar com as autoridades francesas a realização de diversas
manifestações na França.
A
TENTAÇÃO DE SANTO ANTÔNIO, DE MÁRIO CRAVO
A
escultura A Tentação de Santo Antônio de autoria de Mário Cravo será
recuperada e para isso a Secretaria de Planejamento vai liberar uma verba de
CR$ 1 milhão e 800 mil. Será feita a limpeza, patins (pintura) e
impermeabilização da escultura que é de propriedade da Seplantec.
A
escultura que é um entalhe em raiz de jaqueira, foi esculpida entre os anos de
1953-1954, e encontra-se em área de semi contato com intempéries contudo por
estar colocada na parede externa do pequeno auditório da Secretaria de
Planejamento no CAB, o que é recuada, não está exposta a ação das chuvas. O
trabalho que será realizado pelo autor das chuvas. O trabalho que será
realizado pelo autor constará de limpeza por meio de escavação e linchamento da
peça, sem provocar desgaste sensível na superfície da forma.
Após
a limpeza com jato de ar, um produto protetor será usado na madeira a fim de
que uma saturação de superfície proteja o objeto da ação progressiva de
destruição pela umidade, agente principal da decomposição da madeira. Por fim
será recuperada a pintura original e finalmente será encerrada na sua camada de
proteção final. O trabalho será realizado no próprio local para evitar riscos
eventuais à peça, será colocado um tapume. Para o início da obra, que está
calculado para um prazo de 20 dias, está dependendo da liberação de 50% da
verba.
EXPOSIÇÃO
ENFOCARÁ A LAGOA DO ABAETÉ
As
atividades desenvolvidas até agora pela Comissão de Avaliação Técnica Sobre
Abaeté serão apresentadas, amanhã, às 10 horas, no Teatro Miguel Santana, a
direção e técnicos do Instituto do
Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – Ipac , vereadores e representantes
de órgãos públicos. Na ocasião, também, haverá o lançamento do cordel
Abaeternizar , de autoria de Edmildo Moreno Sobral – O Paraguaio, e a
distribuição de cópia do relatório do trabalho da comissão.
No mesmo dia às 18 horas, vai ser inaugurado
no foyer do Teatro Castro Alves a mostra do Experimento Abaeté – Artes
Plásticas, realizado nas dunas e lagoas da área em dezembro do ano passado, por
diversos artistas.
Para o dia 6 de fevereiro , a partir das 20 horas, a Comissão organizou o
programa Abaeté Enluarada, no Abaeté com a participação de repentistas e
capoeiristas do Centro de Cultura Popular, ligado ao Ipac, entre outras
atrações.
Criada
em 15 de agosto de 1984 a Comissão de Avaliação Técnica Sobre Abaeté é
reconhecida pela Universidade Federal da Bahia , Ufba, através da Coordenação
Central de Extensão.
Tem
o objetivo de reunir os representantes da comunidade, de entidades civis e
técnicos de órgãos públicos para analisarem a temática referente ao Parque das
Lagoas e Dunas do Abaeté, apontando as diretrizes de ordenamento e assessorando
os órgãos públicos pelo gerenciamento da área. A Comissão surgiu com o
propósito de conhecer melhor Abaeté, quanto aso seus aspectos científicos,
históricos e culturais.
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