LEONEL FAZ PAINEL EM DEFESA DE ITAPARICA
Resumo da Ilha de Itaparica , painel de Leonel Matos |
É
que Leonel Matos teve a ideia e a concretizou de fazer alguns trabalhos com a
participação do povo nas ruas. Ele pintou como prova na Barra, na Liberdade, na
Feira de São Joaquim, na Casa de Detenção etc.
Leonel
Matos tem muita disposição e satisfação em trabalhar. É um desses profissionais
que fica entusiasmado quando fala do seu trabalho, mas que ele tem a humildade
de reconhecer que é preciso trabalhar cada vez mais e acima de tudo conviver
com o que existe de novo na sua atividade. Ele leva para São Paulo uma coleção
de trabalhos de sua nova fase. Acredito que esses trabalhos terão boa aceitação
pela qualidade que possuem. Mas não podemos esquecer que o mercado de arte em São Paulo , embora seja
bem maior e mais significativo que o mercado baiano, é de difícil penetração.
Caberá
à capacidade de Leonel Matos de se relacionar com os artistas, com os marchands
e donos de galerias e lutar para que as pessoas vejam seus trabalhos. Os
críticos paulistas poderão também dar uma força para que os colecionadores e o
grande público tomem conhecimento da arte que ele se propõe a realizar.
UM PAINEL
Antes
de viajar, Leonel Matos deixou sua marca registrada na ilha de Itaparica.
Trata-se de um painel que foi encomendado pelo prefeito de Vera Cruz, Aquinoel
dos Santos, com 3,60X36 metros.O
painel foi confeccionado em tela e em seguida ele colou em placas de Eucatex e
está localizado no Terminal de Bom Despacho.
Segundo
Leonel, o painel é um resumo da Ilha de Itaparica, onde ele utiliza uma nova
figuração, com símbolos e presença do grafismo. O painel tem ainda quatro
figuras onde estão simbolizados os nativos tentando proteger a Ilha da Sanha
dos turistas e veranistas que chegam como bandos de gafanhotos, devastando
tudo.
Uma
figura em forma de coração é, para Leonel Matos, o símbolo do amor que se
alimenta de mariscos. As cordas de um violão puxam um barco de pescadores.Aparecem ainda o aguadeiro, a lavadeira e os tradicionais vendedores de frutas,
especialmente de cajus e umbus. Ele tem uma tendência natural em retratar os
nativos e sente com muita expectativa esta invasão, a qual não consegue
assistir na passividade a sua forma de protesto vem através desta figuração e
simbolismo.
Portanto,
quando você for a Itaparica e tronar o ferry-boat preste atenção a este painel
que é um documento de um local ainda paradisíaco que á Ilha de Itaparica, mas
que certamente dentro de poucos anos será uma espécie de Niterói baiana. Lá
existem as barcas, aqui os ferries. Lá existem os prédios e o movimento
incessante dos lá residem e trabalham no Rio. Aqui este fluxo tende a aumentar.
Muita gente já mora em Itaparica e trabalha em Salvador.
A
invasão de hotéis, condomínios e loteamentos é feita abertamente sem qualquer
controle. Em pouco tempo os cajus e umbus serão raridades, os pescadores serão
empregados, transformados em caseiros e vigias das grandes mansões e assim por
diante. Salvemos a Ilha! Ainda há tempo.
VINTE
E TRÊS ARTISTAS NA EXPOSIÇÃO O RIO É LINDO
Vista da Baía de Guanabara, aquarela de Wiegandt Bernhard, 1889. |
Obra de Brenno Tiedler, Rua Primeiro de Março, No Rio |
OBRAS
PRIMAS DO SÉCULO XIX
Entre
as obras contemporâneas, uma deliciosa aquarela do pintor Cícero Dias, datada
de 1930, aliás reproduzida no cartaz-catálogo da mostra, em que se vê o Graf-Zeppelin em sua passagem pelos céus cariocas, um precioso desenho a
crayon de Di Cavalcanti sobre a Ilha de Paquetá.
Avançando
pela paisagem social, religiosa e cultural do Rio, a exposição da Galeria de
Arte Banerj mostra também a torcida do Flamengo, numa tela de José Sabóia, os
Clóvis do Carnaval rural nos desenhos de Aloysio Zaluar, as prostitutas do
Mangue, numa bela xilogravura de Segall, o padroeiro da cidade, São Sebastião,
numa esplêndida tela de Guignard. Integram ainda a exposição, obras de Alvim
Menge, Anna Vasco, Kalixto Cordeiro, Aldo Bonadei, Pancetti, Sigaud (uma de
suas obras mais significativas, “A estátua do Comércio e a rua”), uma paisagem
da Gamboa pintada por Inimá de Paula e um dos cinco quadros que integram o grande
painel de mais de 19
metros , que Marcier fez a pedido do Banerj, sobre
“Motivos do Rio de Janeiro”.
Obra de José Sabóía os Clóvis |
Num
dos textos de apresentação da mostra, o critico Frederico Morais, coordenador
cultural da galeria afirma:” O Rio é Lindo. Uns mais, outros menos, todos,
porém, concordam: o Rio é lindo. Uns terão disto isto ontem, outros estão
dizendo agora, outros ainda dirão, embevecidos diante da paisagem carioca: o
Rio é lindo. De tom Jobim a Gilberto Gil, de Le Corbusier a Niemeyer, de Debret
a Glauco Rodrigues, de Drummond a Pedro Nava, todos, pintores-viajantes do
século XIX, brasileiros e cariocas de hoje, todos disseram, á sua maneira, em
quadros, poemas, crônicas, música, dança, arquitetura e urbanismo: o Rio é
lindo”.
Por
sua vez, o critico e historiador Carlos Maciel Levy afirma, em outro texto, que
“o objeto do paisagismo do século XIX no Brasil é a iconografia rural e urbana
do Rio de Janeiro”, cidade que possuindo “um relevo de extraordinária beleza e
toda a variedade vegetal característica da região, foi capaz de proporcionar
estímulos bastante diferentes daqueles provocados pela inclinação cientificista
do século XIX”.
Todas
as obras expostas são acompanhadas de verbetes sobre cada artista, enquanto na
exposição foram afixados textos de vários autores sobre a beleza da paisagem
carioca. Durante o vernissage serão ouvidas músicas sobre o Rio de Janeiro.
A
Galeria de Arte Banerj estará aberta ao público até o dia 8 de março, das 12 às
19 horas, de segunda a sexta-feira. Quanto aos sábados, abrirá apenas nos dias
26 de janeiro e 2 de fevereiro, das 16 às 21 horas.
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