JORNAL A TARDE, SALVADOR, DOMINGO, 16 DE MARÇO DE 1980
CINCO GRAVADORES AMERICANOS EXPÕEM NA
GALERIA ACBEU
GALERIA ACBEU
The Brookwood,1977 , de Martin Levine, litografia |
A MODA DA ARTE GRÁFICA
Arte Visual de tradição milenar, a gravura “explodiu” nos Estados Unidos na década de 50, quando artista e público, em vez de voltarem exclusivamente para a Europa,começaram
a prestar atenção aos temas e produções artísticas de seus próprios países. Não
foi apenas uma mudança espiritual e estética, mas, também, a abertura do
mercado, com a democratização da obra de arte no período de após-guerra. Foi
uma época prolífica no “establishment” artístico norte-americano: eram mais
colecionadores à cata de “descobertas”, mais marchands tentando bons negócios,
mais críticos monitorando a qualidade, mais museus, escolas de belas artes e
revistas especializadas preocupados em mostrar que um país de grande tecnologia
tinha grandes expressões artísticas.
Ao
mesmo tempo surgiu um público de não-colecionadores que desejava “curtir” uma
obra de arte em suas casas mais sem querer investir, negociar ou esnobar com
ela. Ampliação desse público ampliou as possibilidades da gravura nos Estados
Unidos.
“A
gravura é uma forma de arte relativamente ecessível e pode ser, intrisecamente,
tão satisfatória quanto uma pintura ou escultura”, afirma Gane Baro, curador do
Museu de Brooklin e responsável pela seleção dos artistas americanos que
expuseram na Bienal de São Paulo.
MODA
VEIO COMO UM RENASCIMENTO
Arte
já utilizada nas colônias, com as velhas máquinas impressoras, a gravura havia
perdido status, com o incremento da “arte moderna” e das sofisticadas técnicas
de pintura. Mas foi justamente a sofisticação tecnológica quem ajudou o
renascimento da arte gráfica americana, com o surgimento de oficinas capazes de
atender as exigências de projetos tipográficos de grande complexidade. Uma arte
flexível como a gravura pôde absorver novas tecnologias e beneficiar-se dos
materiais mais contemporâneos como papéis soto-sensíveis, tintas fluorescentes,
plásticos, formação de vácuo e relevo em metal.
Essa
facilidade de materiais e oficinas para trabalhá-los ajudou nesse ajudou nesse
renascimento da gravura mais avançou tanto que passou a eclipsar os pequenos
gravadores, à luz dos grandes impressores comerciais aos quais pouquíssimos
artistas tinham acesso. Foi na década de 70 que o mundo das artes gráficas
reagiu mais fortemente a este empecilho, intensificando a ARTE PESSOAL. O
artista se tornou o seu próprio técnico, prepara sua própria gravura e não está
tão preocupado com novidades ou projetos grandiosos. É desta geração que provém
os cinco artistas americanos cujos trabalhos o público baiano poderá ver a
partir do dia 14 na Galeria do Acbeu.
Martin
Levine tem seu atelier em Evanston, lllionois, no meio-oeste americano,
planície de vastas extensões agrícolas contendo dois “monstros” industriais e
urbanos- Chicago e Detroit (Michigan). Do contraste entre o rural e o urbano,
Levine se preocupa em guardar as velhas imagens de fazendas, moinhos,
construções de pedra.- “Minha intenção, diz ele, é que minhas gravuras
registrem o panorama norte-americano que está em vias de desaparecer antes que
o “progresso” tome conta dele.
Observer V ( Stage 2), 1979, litografia da artista Minna Resnick |
Minna Resnick, trabalha
Susan
Hamilton, reside atualmente nos Texas. Suas composições jogam com cores e
linhas sutilmente combinadas.- “O transparente contra o opaco, na cor,
tornou-se meu instrumento mais importante de descrição”, afirma Susan.
James
Torlakson, na Califórnia, não usa cores para realçar as imagens, como de
costume. Ele colore à mão algumas cópias de seu trabalho quando deseja abrandar
o efeito do preto e branco. Ele é fascinado pela estética do preto e branco e
se recusa a empregar o processo fotográfico em suas gravuras. Todos os seus
trabalhos em aquatinta são desenhados à mão.
Herb
Jackson, artista de Carolina do Norte, usa ácido nítrico em suas chapas
trabalhadas e gosta de abstrações coloridas.
-“Não
desejo que meu trabalho seja aprendido rapidamente. Minha informação visual
deve revelar-se tentamente e continuar a funcionar por meio de uma energia em mutação. Desejo
que meu trabalho esteja tanto presente, como sempre se formado, como o som em
surdina de uma flauta, o qual se vai tornando mais alto.
1.ª
TRIENAL DE FOTOGRAFIA SERÁ REALIZADA NO MAM/SP
O
Museu de Arte Moderna de São Paulo realizará, em junho próximo, sua 1ª Trienal
de Fotografia com a duração aproximada de um mês. Deverá reunir obras de
fotógrafos de todo o país.
Participarão
da mostra convidados pelo MAM- 50 fotógrafos de diversos estados do país- e os
que, mediante inscrição espontânea, tiverem suas obras aceitas pelo Júri de
Seleção e Premiação.
O
Júri de Seleção e Premiação será composto por 5 membros, um deles dos quadros
do MAM,todos indicados pela diretoria.
É
o seguinte o Regulamento da 1.ª Trienal de Fotografia :
Artigo
1.º- A 1.ª Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo, organizada pelo Museu
de Arte Moderna de São Paulo, na capital do estado, reúne obras contemporâneas
de autores de todo o país, com o objetivo de documentar e incentivar a
fotografia no Brasil.
Parágrafo
único: realizar-se-á a “1.ª Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo” em junho
de 1980, com a duração aproximada de 30 dias.
Artigo
2.º -Participarão da mostra- brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros
residentes no país há mais de dois anos- convidados pelo MAM e os que, mediante
inscrição espontânea, tiveram suas obras aceitas pelo Júri de seleção e
Premiação.
Artigo
3.º - O Júri de Seleção e Premiação será composto por cinco membros, um deles dos
quadros do MAM, todos indicados pela diretoria.
Parágrafo
1.º - Terminado o julgamento seletivo, o MAM devolverá as obras recusadas e
comunicará a aceitação dos trabalhos.
Parágrafo
2.º- Das decisões do Júri de Seleção e Premiação não cabe recurso.
Artigo
4.º- Ficam estabelecidas as seguintes normas:
- A cada autor,
convidado ou selecionado, reservar-se-á o espaço máximo de 4,50m lineares,
em painéis de 2,20m de altura.
- . O autor usará esse espaço a seu critério, não havendo limites para o número e a dimensão dos trabalhos.O conjunto deles, entretanto, deverá apresentar-se homogêneo, em função de uma unidade plástica, temática ou conceitual, refletindo, coerentemente, uma proposta, um depoimento, uma visão pessoal do autor.
- Para uma correta avaliação, os trabalhos
far-se-ão acompanhar dos dados complementares julgados necessários pelos
autores como títulos, ordem ou paginação das fotografias, etc, inclusive
instruções para montagem.
- Não serão aceitas transparências (“slides”,
diapositivos, etc.)
- Os trabalhos
deverão chegar ao MAM prontos para serem expostos, se aceitos pelo Júri de
Seleção e Premiação.
- De pelo menos um
dos trabalhos, o autor enviará duas cópias, de 18 x 24,- uma para reprodução
em catálogo, outra para divulgação -delas constando, no verso, nome do
autor, título e demais informações.
- O autor remeterá
ao MAM, em folha separada, seu nome por inteiro; seu nome de arte; data,
local e estado de nascimento; endereço e telefone; currículo; a relação
das obras e suas datas de produção, títulos, técnica empregada, dimensões
(alt. X larg.); lista de preços e o mais que julgar necessário.
- Todo o material
deverá chegar ao MAM até o dia 12 de maio, impreterivelmente.
- Encerrada a
exposição, o autor retirará seus trabalhos dentro do prazo de 8 dias. O
MAM remeterá as obras dos que residirem fora da capital de São Paulo.
Artigo. 5.º - O MAM não se responsabilizará pela
eventual deterioração da imagem, resultante do processamento inadequado das
cópias, nem toda a responsabilidade por dano ou extravio na remessa e na
devolução das obras .
Parágrafo único: se a obra for vendida e se
deteriorar até o prazo de um ano, imcumbir-se-á, o autor, da reposição da
cópia. Dessa venda o MAM reterá 25% do preço, para auxiliar despesas com a
exposição.
Artigo
6.º- serão atribuídos os seguintes prêmios: 1) Prêmio – 1ª Trienal de
Fotografia do MAM de São Paulo, no valor de CR$75 mil para O Melhor Conjunto de
Obras; 2) Cinco Prêmios de Aquisição no valor de CR$10 mil, cada um para os
autores dos Melhores Trabalhos.
Parágrafo
único – Fica reservado ao autor o direito de não concorrer aos prêmios, desde
que o declare por escrito, por ocasião da remessa do material. Se essa ressalva
não for feita, obriga-se o autor a aceitar o prêmio que lhe for conferido.
Artigo
7º - A remessa das obras implica na concordância plena com o exposto neste
regulamento.
As
correspondências devem ser enviadas ao Museu de Arte de São Paulo, Parque
Ibirapuera e as informações poderão ser obtidas pelos telefones 544-2653 e
71-9878.
ARTISTA MOACIR ANDRADE É PREMIADO
Moacir Andrade segurando duas grandes pinturas |
ano
naquela cidade cidade alemã. Moacir Andrade, que reside em Manaus, Capital da
Amazônia é também escritor e poeta, vive
parte do ano montado num barco atelier que percorre os rio Paraná e lagoas
daquela continental área brasileira, dando aulas de pintura e desenho aos
filhos de caboclos ribeirinhos.Ele concorreu com doze quadros a óleo que
denominou de Surrealismo Mitológico, com os quais conquistou o Grande Prêmio
Albrecht Dürer. As obras de grandes dimensões que participaram da exposição da
Hamburgo , percorrerão as cidades de Flensburg, Bremerhaven, Oldemburgo, Bremem e Altona, no Norte da República Federal Alemã, acompanhada de
um catálogo descritivo sobre lendas amazônicas, tema das referidas obras.
A
conhecida artista porto-riquenha Marta Istomin que dedicou toda sua vida ao
estudo e interpretação da música, foi nomeada diretora para assuntos artísticos
do Centro Kennedy, em
Wasghinton.( Foto).
Viúva do famoso violoncelista espanhol Pablo
Casals , Marta é atualmente casada com o renomado pianista Eugene Stomin.
“Aceitei
o cargo com orgulho e o propósito de exercê-lo como latino americana, como uma
mulher porto-riquenha e também porque me oferece a oportunidade de servir às artes”, declarou Marta Istomin.
Eminente
violoncelista, Marta ganhou uma bolsa para estudar na França, onde conheceu o
famoso músico espanhol Pablo Casals. Marta trabalhou ativamente pelo desenvolvimento
da música em Porto Rico , tendo
colaborado com o ex-marido na organização do festival Casals, da Orquestra
Sinfônica de Porto Rico e do Conservatório de Música.
Segundo
informou Thomas Kendrick , Diretor de Operações do Centro Kennedy, Marta trabalhará
na organização da programação dos festivais artísticos, a concerto de música de
câmara e apresentações de dança.
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