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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ARTISTA ALEMÃO IRONIZA OS DIREITOS HUMANOS - 21 DE SETEMBRO DE 1980.


JORNAL A TARDE, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 1980. 

ARTISTA ALEMÃO IRONIZA OS DIREITOS HUMANOS

Convidados pelo institutos Goethe do Brasil para excursionar por várias cidades brasileiras, o artista plástico Benistoph Meckel já expôs os seus trabalhos em Porto Alegre, Curitiba e São Paulo. Em Salvador Além da exposição A Declaração Universal dos Direitos Humanos foram promovidos, paralelamente, simpósios, sessões de leitura e encontros, posto que Meckel, também, exerce a atividade de escritor, tendo sido eleito recentemente membro da “Deutsche Akademie fur Sprache und Dichtung”, a Academia de Letras da Alemanha.
Autor de 25 publicações que incluem poesia, prosa, contos e um romance, o “Bockshon”, Meckel, em junho deste ano esteve colocado em primeiro lugar na lista dos dez melhores livros mensalmente selecionados pela Rádio Sudoeste da República Federal Alemã com o livro “Suchbild/uber meinen Vater”.
“Os direitos humanos são aqueles direitos e liberdades inerentes, inalienáveis e invioláveis do indivíduo. O direito natural é a base filosófica do Estado e do Direito. Os direitos humanos são garantidos pelas mais modernas constituições como direitos básicos, como por exemplo na República Federal da Alemanha, através do Art. 1 da Constituição. Um dos objetivos das Nações Unidas é a proteção dos direitos humanos, proclamados e adotados pela Assembléia Geral da Nações Unidas a 1.º de dezembro de 1948. Depois de tão histórica medida, a Assembléia solicitou, a todos os países membros, que publicassem o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e é a partir destas fundamentações que Meckel apresenta suas 31 gravuras, todas carregadas de um tratamento irônico a que a própria realidade factual conduz.
Dentro do contexto de engajamento social do artista e escritor, os temas como “a opressão da mulher pelo homem, o descaso do poder estatal pela liberdade e dignidade humanas, bem como os abusos cometidos contra a garantia de propriedade distorcida pelo capitalismo”, são parte de sua crítica.
No MAMB, dia 12 passado, Meckel realizou uma palestra para os baianos, sobre suas experiências tanto como artista plástico quanto como escritor, com apresentação de slides.

CINCO ARTISTAS MOSTRARAM A MODERNA ARTE DO CHILE

Tela de Franulic,conhecido
pintor chileno,integrou
a mostra
Em comemoração à data da independência do Chile, a Galeria Portal, numa iniciativa inédita, prestou sua homenagem a esta nação irmã, de um passado histórico dedicado às artes, promovendo, ao lado do Consulado do Chile, de 10 a 17 de setembro passados, a Semana da Arte Chilena, que reuniu cinco pintores chilenos de tendências variadas: Ali Argandoña, Alejandro Goycoolea, Flor Maria Kecher, Franulic, e Floreal Arias.
A arte no Chile tem sua origem já no período colonial, isto é, nos meados do século XVI. Os jesuítas, incansáveis colonizadores, estabeleceram imensos ateliês em todas as suas missões, nas quais obras religiosas eram recriadas no novo espírito barroco americano. Além disso, havia, também, desde os primórdios da vida urbana,guildas patrocinadas pelos conselhos municipais, obedecendo à tradição medieval. A academia de San Luís foi fundada em 1797 e, com a abertura das fronteiras americanas, no início do século XIX, foram para o Chile numerosos contingentes de artistas estrangeiras adeptos do movimento romântico, os quais influenciaram grandemente o mundo artístico. O interesse da classe dominante favoreceu o estabelecimento da Academia de Belas-Artes. Mais tarde, foi criada, paralelamente a Academia de Escultura, tendo ambas sido incorporadas à Faculdade de Belas –Artes da Universidade do Chile.
As exposições nacionais realizadas bienalmente, bem como as mostras do Congresso de Santiago, em que o termo “escola chilena” foi usada pela primeira vez, muito incentivaram as artes. O Salão Nacional considerado o certame oficial mais antigo das Américas, teve sua origem naquelas exposições. Os dois grupos mais representativos dos artistas no país são a Sociedade de Belas Artes e a Associação Chilena de Pintores e Escultores. A criação da Escola da Escola de Belas-Artes da Universidade do Chile e o estabelecimento do Prêmio  Nacional de Arte, além do Prêmio Honorifíco do Salão Nacional, que já se fez tradição, foram os eventos mais importantes e que maior influencia exerceram sobre a arte chilena neste século.

OS ARTISTAS

Alejandro Goycootea - Se inspira na figura humana, aliando a ela traços abstracionistas que proporcionam à obra em todo marcante e expressivo. Há quatro anos no Brasil, é formado em Arquitetura e Urbanismo e cursou a Faculdade de Belas-Artes da Universidade Católica do Chile.
Seus quadros revelam a figura humana segmentada pelo fundo arquitetônico de sua tendência. No início da carreira, sofreu a influência do professor Mário Toral, da Faculdade do Chile. Hoje, já liberto, utiliza técnicas variadas como o óleo, pastel, o grafite e tinta acrílica. Transpondo à tela a sua transfiguração do real, através do sonho, do abstrato de seus nus, na sua subjetiva visão pessoal.

Flor Marla Kocher- Gravadora, desenhista e pintora, radicada no Brasil há vários anos, estudou na Escola de Belas Artes do Chile, em seguida, desejando pesquisar e conhecer novos tipos e costumes, viajou pela Bolívia, Peru, Uruguai, Argentina e finalmente, Brasil, Sua integração no meio artístico brasileiro se deu quando frequentou a escola Panamericana de Artes, onde conheceu alguns artistas que a ajudaram a desenvolver seu relacionamento. Perez Sola fala de sua obra: “A obra gráfica de Flor Maria, aparentemente simples, mas mística e profunda, nos traz um suave sopro dos Andes. Escolhe uma das técnicas mais difíceis na qual já se fez muito, e há tanto por se fazer. Há tempo acompanha sua luta em transformar um pedaço de metal ou madeira em sua mensagem sensível, real mas profundamente latino-americana para oferecer-nos hoje o início do seu canto em forma de gravura”.

Ali Argandonã- Ao ser chamada de abstracionista ou cubista por alguns críticos, diz que prefere não ser rotulada por nenhuma escola ou tendência-“Minha arte é livre, pinto o que me fala à alma, como a transparência das cores, o reflexo do sol, as cores límpidas dos mares” Participou de inúmeras exposições do Chile, Rio de Janeiro e São Paulo. Radicada no Brasil há três anos, teve como grande incentivadora a Sra. Habuba Farah Ricetti, que é membro do Comitê Brasil da Unesco e com quem estudou a teoria da cor e estética da arte, durante um ano.

Floreal Arias - As cenas do cotidiano de sua gente, de seu povo, são a inspiração deste artista chileno, que traz em sua obra o traço acadêmico e neo-clássico. Preocupado com o modo de vida dos mais carentes, retrata com fidelidade os aspectos e momentos de um povo simples e sofrido. Realizou várias exposições pela América Latina, fixando-se no Brasil há vários anos. De inspiração folclórica, seus quadros mostram um figurativo com registros da realidade de sua concepção de vida.

Franulic- Radicado no Brasil há muitos anos, participou de inúmeras exposições pelo Brasil e pelo mundo. Pintor e escultor de renome mundial, abandonou a figura, deixou de lado a pintura figurativa, descritiva e narrativa, optando por formas cosmológicas em que surge uma nítida procura de linguagem artística, um diálogo com as formas e as cores, cujo ponto final não é um impasse de criação, mas ao contrário, uma colocação direta do que quer dizer. Franulic é liberto de modismos e escolas, procura, isto sim, interrogar as formas e as idéias que estão acumuladas em sua memória. E tanto as idéias particulares como as universais acabam por materializa-se em obras de arte.

250 ANOS DE ALEIJADINHO

O governo de Minas decidiu ignorar as dúvidas históricas sobre o ano de nascimento de Aleijadinho e declarou através do decreto, “o período de 29 de agosto de 1980 a 29 de agosto de 1981 o ano de Antônio Francisco Lisboa”, durante o qual promoverá eventos comemorativos dos 250 anos de nascimento do escultor.
O decreto estabelece que as comemorações serão realizadas em Ouro Preto, onde Aleijadinho nasceu e foi enterrado, Mariana e Congonhas do Campo, cidade em que está o mais volumoso acervo escultórico do artista mineiro. As comemorações serão programadas e promovidas por uma comissão especial, composta pela coordenadoria de cultura.
Uma diferença de oito anos separa as duas versões sobre o ano de nascimento de Aleijadinho, no dia 29 de agosto, no Bairro Bom Sucesso, da antiga Vila Rica. Ao decidir comemorar agora os 250 anos de nascimento do artista, o governo de Minas preferiu a versão de uma certidão de idade, encontrada pelo deputado e professor Rodrigo José Ferreira Bretãs, na igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias. Por este documento, Aleijadinho nasceu em 1730, mas sua autenticidade é colocada em dúvida, por registrar Manuel Francisco da Costa como pai do artista em vez do arquiteto Manuel Francisco Lisboa.

OS CABOCLOS DE BELY

Depois dos nus que embelezam as paredes de vários colecionadores, a artista francesa Bely está pintando baseada numa temática ligada a nossas origens. Agora, Bely aaba de concluir um quadro com 1,50 metro quadrado que enfeita entrada principal do Hotel Marazul, que foi inaugurado esta semana na Barra. Bely está fascinada, com o modo de viver dos baianos e a integração existente entre todas as raças. Neste seu novo trabalho ela pintou as figuras gordas e descansadas de alguns negros e negras, que prefere chamar de caboclos, com suas cestas de cajus e flores.

PINACOTECA PAULISTA É DESTAQUE COM EXPOSIÇÃO TODOS OS MESES DO ANO
Caminho da Festa, obra de José Antônio da Silva

Todos os meses a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo promove a exposição de peças de sua pinacoteca e sempre destaca uma artista a cada mês. Nos três últimos, foram escolhidos Sérgio Milliet (julho) Enrico Vio (agosto) e neste mês corrente, José Antônio da Silva. De Sérgio Milliet que nasceu em São Paulo em 1898 e morreu em 1966,foi mostrada uma tela Paisagem de São Vicente, que retrata os arredores de São Paulo. Sabemos que, as cidades praianas e os arredores foram um dos mais cultivados temas dos pintores paulistas dos anos 30 e 40. Como "pintor de domingo” que Milliet deixa transparecer nesta tela a falta de conclusão. Formado em Ciências Econômicas e Sociais em Genebra, Suíça e integrou o Movimento de 22. Foi crítico literário e de arte, ensaísta, poeta e tradutor.
Enquanto o Enrico Vio nasceu em Veneza, na Itália em 18774 e morreu em 1960 em São Paulo. Dele foi exposta Velhice Tranqüila, tema que nos reporta à temática similar, corrente no século XVII, na Holanda.
Contudo, Vio tratou o tema com expressividade em pinceladas mais amplas, além de valorizar os elementos pela luminosidade.
José Antônio da Silva ou simplesmente Silva é um dos bons primitivos e sua tela Caminho da Festa nos apresenta o cavalo a passo largo, a picada na mata, o bicho entre os arbustos, o passarinho pousado na árvore ao lado do ninho, o urubu à espreita, extenso matagal e o sol ao alto.
Como disse Rubem Braga, Silva conhece a fundo “os milagres simples da composição e com um notável “senso de cores”.
Deixando de lado sua origem no trabalho rural ele fixou-se em 1946, em São José do Rio Preto, em São Paulo, dedicando-se à pintura como autodidata, foi descoberto numa exposição de artistas locais, pelos críticos Paulo Mendes de Almeida e Lourival Gomes Machado, participou da I Bienal de 1951.
Recebeu um prêmio pelo Museu Arte Moderna de Nova Iorque; da II Bienal Hispano-Americana de Havana, em 1954, e as bienais de Veneza de 1952 e 1966. Foi editado um livro sobre sua obra, com textos de Theon Spanudis, em 1977. O curioso é que Silva é autor de romances também ingênuos, quanto a sua pintura.
 











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