Fiquei feliz quando recebi o catálogo da exposição que o artista sergipano Leonardo Alencar está realizando na Galeria Grossman. Feliz por dois motivos: primeiro porque teremos neste início de ano, um acontecimento importante principalmente pela qualidade da obra de Leonardo e em segundo lugar pela volta do amigo que estava trabalhando em Aracaju longe do nosso convívio e do nosso meio plástico.
Leonardo
é sem qualquer exagero um dos principais artistas que surgiram no cenário das
artes na Bahia. Um artista voltado à natureza de onde flui a temática de sua obra
pictórica. Excelente gravador, bastando lembrar as belas mulatas e os cavalos
que hoje enriquecem as coleções particulares e oficiais.
Nasceu
em 1940 na cidade de Estância, no vizinho Estado de Sergipe. Em 1961 chega à
Bahia contratado como bolsista da antiga Biblioteca Pública, na gestão de
Péricles Diniz Gonçalves, que foi um dos grandes incentivadores das artes
plásticas nesta terra e que muita gente esqueceu não lhe dando o seu verdadeiro
valor.
O barco e o peixe, uma relação de sobrevivência |
Em
1969 é escolhido coordenador geral do grupo de trabalho que estuda a
implantação da Fundação Cultural Ernest Tevês, a qual não teve prosseguimento.
No
ano seguinte a convite de Tevês segue para a Europa onde fez algumas viagens de
estudo, aproveitando para realizar algumas exposições individuais.
Ganha
nos anos seguintes vários prêmios aqui e em outros estados como cenógrafo,
desenhista, projeto para um Presépio de Natal, decoração da cidade para o
Carnaval e até um de cinema: Prêmio do Foto Cine Club Bandeirante para o seu
curta-metragem “Nosso Tempo de Pesquisa”, que executou juntamente com Hunald.
Já em 1968 seu filme “A História de Helinho” é premiado e posteriormente
escolhido para compor o acervo do Instituto Nacional do Cinema.
EXPOSIÇÕES
Falar
das exposições individuais e coletivas que realizou Leonardo Alencar seria
cansativo tal o número. É por isso que preferi destacar algumas delas: em 1962
expôs no Museu de Arte Moderna da Bahia. Em 1964 na Galeria Goeldi, no Rio de
Janeiro. Em 1966 expõe no Instituto Panamenho de Arte, no Panamá. Três anos
depois realiza uma individual na Galeria Voltaico, no Rio de Janeiro. Em 1971
expõe na Galerry Petit, em Londres, Inglaterra e também na Galerie Ghardin em
Paris, França.
Participa
de vários salões entre os quais: Artista do Nordeste, no Museu de Arte Moderna
da Bahia, em 1963.
Do
Salão de Arte Moderna de Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1964. Do Salão
Paulista de Arte Moderna, em
São Paulo , 1964. Do Brazilian Festival of Art, em
Philadelphia, USA. De uma mostra na Casa da Brasil em Madrid, Espanha, em 1965.
Do
Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1966. Da I Bienal Nacional de
Artes Plásticas, em Salvador, em 1967 e finalmente em 1969 do Salão Nacional de
Arte Moderna. Também no Rio de Janeiro.
Integra
a Enciclopédia Delta Larousse com um verbete; o Dicionário das Artes Plásticas
no Brasil, de Roberto Pontual; Quem é Quem nas Artes e nas Letras do Brasil,
obra do Ministério das Relações Exteriores, Departamento Cultural e de
Informações e da obra Quem é Quem no Brasil, de autoria de Afrânio Coutinho.
Seus
trabalhos estão em coleções particulares do Brasil, Uruguai, Argentina, Panamá,
França, Holanda, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica e Itália.
Em
1972 Leonardo escrevia - " Completo agora, 11 anos de Bahia. Morei em três
diferentes locais desta cidade mágica. Agora, do alto de Amaralina, a um passo
da Pituba e a um gesto do mar, cada manhã desponta com o sol e sinto fluir em
mim a mesma vontade, a mesma força vital, já agora temperada pelas três vidas
da Bahia que acumularam em mim."
Hoje, aos 40 anos de idade, o Leonardo Alencar conserva toda a vitalidade de seus sentimentos artísticos e sua obra está cada vez mais amadurecida e enriquecida pelo sofrimento e dissabores que passou. Um artista sofrido, que esquece no momento da criação tudo isto, dá uma volta por cima e reaparece como que numa ressurreição conduzindo seus cavalos coloridos que cavalgam em terras de fantasia e também seus peixes, que somados resultam em cardumes excepcionais.
Hoje, aos 40 anos de idade, o Leonardo Alencar conserva toda a vitalidade de seus sentimentos artísticos e sua obra está cada vez mais amadurecida e enriquecida pelo sofrimento e dissabores que passou. Um artista sofrido, que esquece no momento da criação tudo isto, dá uma volta por cima e reaparece como que numa ressurreição conduzindo seus cavalos coloridos que cavalgam em terras de fantasia e também seus peixes, que somados resultam em cardumes excepcionais.
Isto
sem falar nas paisagens e nas marinhas também belas e cheias de alegria.
Frente
ao papel, a madeira, a tela, Leonardo é um homem de potencial criativo
iluminado. É um artesão que sabe manejar as técnicas, os instrumentos e segurar
sua temática rica e mágica. É um eterno aprendiz de si mesmo,um aprendiz que
tira partido do seu vivencial e consegue realizar uma obra plástica de grande
valor.
O
mestre Clarival Prado Valadares escreveu um dos catálogos de Leonardo Alencar o
seguinte: “Em primeiro lugar um inequívoco processo inventivo.Não
faz referência demasiada ao mundo fenomênico em borá proceda de suas
motivações”. Noutro trecho diz: A linha, para Leonardo, é um componente da
trama e esta é o componente da forma proposta (objeto da invenção). Seus
trabalhos forçam o observador à leitura da minudência e à contemplação do todo.
Não concedem traduções referenciadas. “Ao contrário, incitam a percepção
estética comparável àquela da musicalidade”.
DOIS
PINTORES BRASILEIROS NA MOSTRA
1980 THE ECLECTIC AGE
1980 THE ECLECTIC AGE
Com
uma recepção para o mundo artístico, político e social dos Estados Unidos, a
Galeria Zoma foi inaugurada em
Nova Iorque , apresentando a exposição intitulada “1980, a década eclética”.
Os dois pintores brasileiros, que fazem parte do grupo, são Hely Lima e
Manfredo de Souza. Lima, baiano de nascimento, vive nos Estados Unidos há quase
10 anos, já expôs em várias cidades americanas, inclusive no Museu de Arte de
Birmingham, em
Alabama. Recentemente , ele participou com grande sucesso de
uma coletiva na Galeria Jean-Pierre Lavignes, de Paris, para onde vai voltar
com uma individual, no outono de 1980.
Manfredo
de Souza vive na França há cinco anos, já expôs em Paris e tem trabalhos em
vários museus da Europa. Ele está estreando em Nova Iorque com a
Zoma, para onde vai voltar com uma individual, na primavera de 1980. Além dos
dois pintores brasileiros, vários americanos e estrangeiros fazem parte do
grupo, tais como John Day, que tem trabalhos no Museu Metropolitano de Nova
Iorque e no Centro de Arte George Pompidou, de Paris, Jean-Claude Meynard, da
França, Milo Lazarovic, da Iugoslávia e outros.
Nenhum
representante do consulado brasileiro ou da Missão do Brasil na ONU compareceu
para prestigiar o acontecimento, talvez por se tratar de uma galeria
completamente americana, sem nenhum laço com a colônia brasileira.
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