REBOUÇAS ESTÁ EXPONDO NO BAHIANO DE TÊNIS
"Sou um pintor de fundo de quintal ", disse pelo telefone meu amigo Antônio Rebouças, que na realidade é um dos mais importantes artistas da Bahia. Fechado em sua residência, no bairro da Barra Avenida, Rebouças é um verdadeiro alquimista que fica dias e dias misturando drogas em busca de uma tinta ou pigmentação apropriadas para o trabalho que realiza.
Tela de Rebouças com traços fortes e volumes soltos |
Os
riscos estão mais fortes e os volumes menos definidos, dando uma possibilidade
lúdica do espectador. Confesso que gosto da obra de Rebouças, a qual já conheço
há mais de uma década e posso afiançar que este artista é por temperamento um
inquieto. Um criador nato que nunca está conformado com o que faz, sempre está
buscando o aperfeiçoamento, e a medida que busca, sempre apresenta um novo
segmento de sua obra, cada vez mais apurada.
É
preciso também entender que o quintal de Rebouças é o seu laboratório improvisado,
e ali em contato com o silêncio e o verde vai criando o seu mundo fantástico,
porque o criador sempre tem em seu espírito um pouco de fantasia dos criadores.
Também
quero lembrar que merece aplausos a direção do Clube Bahiano de Tênis que abriu
espaço em sua sede social para a exposição do trabalho de arte. Uma decisão que
certamente será seguidas pelas direções de outros clubes sociais de nossa
cidade.
Se
você ainda não viu a mostra de Rebouças, vale a pena dar uma passada no segundo
pavimento da sede social do Bahiano de Tênis, onde está funcionando a nova
Galeria o Cavalete, que tem à frente a marchand Jaci Brito
MUSEU
COSTA PINTO VAI PROMOVER CURSO SOBRE INOVAÇÕES NAS ARTES
O
Museu Carlos Costa Pinto vai promover no mês de setembro um curso intitulado “O
eclético século XX e as inovações nas artes plásticas”, com palestras da
professora Maria Helena Flexor, que no dia 8 falará sobre os “”movimentos
artísticos contemporâneos”.
Nos
dias 15, 17 e 18, Ivo Vellame falará sobre expoentes nacionais e internacionais.
Nos dias 22, 24e 25, a
professora Sofia Olszewski Filha falará sobre “Gravura, Técnicas e artistas”.
Finalmente,
nos dias 1 e 2 de outubro próximos o artista Jamison Pedra abordará
“Arquitetura e Escultura. Portanto, o curso que foi organizado pela diretora do
museu, Mercedes Rosa, vai ser de bom nível.
Existem
apenas 60 vagas, será acompanhado de material visual e fornecidos certificados
aos participantes. As inscrições poderão ser feitas no horário das 15 às 18
horas, na secretária do Museu Costa Pinto, a partir do dia 1º de setembro.
ELEITOS
OS CRÍTICOS QUE VÃO SELECIONAR E PREMIAR NO III SALÃO NACIONAL DE ARTES
Walmir
Ayala, do Jornal do Comércio, com 210 votos; Jacob Klintowitz, do Estado de S.
Paulo, com 121 votos e Frederico de Moraes, do Globo, com 110 votos, foram os
três críticos escolhidos pelos artistas inscritos no III Salão Nacional de
Artes Plásticas - de 3 a
29 de novembro no Palácio da Cultura, no Rio,-para compor a subcomissão de
seleção e premiação dos trabalhos apresentados. Os outros mais votados foram os
críticos Ferreira Gullar, Mário Schemberg, Walter zanini e Araci Amaral.
A
apuração dos votos foi realizada no Salão Nobre do Museu Nacional de Belas
Artes, um mês depois de divulgados os outros três nomes indicados pela Comissão
Nacional de Artes Plásticas. São eles: Ítalo Comporfiorito, da Fundação Rio,
Olívio Tavares de Araújo, crítico e produtor de filmes sobre artes plásticas e
Ennio Marques, da programação cultural da Secretaria de Cultura de Curitiba. O
presidente da Funarte, escritor José Cândido de Carvalho faz parte da
subcomissão e tem direito a voto de desempate.
O
III Salão Nacional de Artes Plásticas premiará os quatro melhores artistas
plásticos com viagens ao exterior. Outros artistas ganharão viagens pelo Brasil,
havendo também o Prêmio Gustavo Capanema, de CR$100 mil pára o melhor conjunto
de obras e os prêmios de aquisição, de CR$100 mil, para as obras que serão
incorporadas ao acervo da Funarte.
Consta
no regulamento do salão que o artista premiado com a viagem ao exterior ou pelo
Brasil, no valor de CR$ 300 mil e CR$ 120 mil, respectivamente, poderá
substituí-la por um projeto de trabalho que deverá ser aprovado pela Comissão
Nacional de Artes Plásticas.
FRANÇA
NÃO TEM MERCADO PARA PINTOR BRASILEIRO
A
França não tem mercado para o pintor brasileiro, segundo o marchand Marcel
Fleiss, proprietário da Galeria dos Quatro Movimentos em Paris e que se
encontra em Salvador buscando comprar objetos de arte indígena, para integrar
sua coleção, bem como objetos de vidro Lalique, art-noveau e art-deco.
Marcel Fleiss, "não há mercado para o brasileiro" |
O
marchand ficará em Salvador até o dia 30 e como está em férias, tem visitado
os museus da cidade, lamentando que tenha encontrado fechado o dos geólogos.
Sua atenção foi despertada para o Museu Estácio de Lima onde diversas peças
africanas expostas lhe motivaram a entrar em contato com os responsáveis, para
que ele tente encontrar objetos similares para comprar.
Enquanto
os pintores brasileiros não têm grande expressividade na França, o marchand diz que os santos são muito procurados além da arte primitiva. Inclusive, seu
acervo pessoal dispõe de uma coleção de 400 peças compradas há dois anos do
brasileiro João Américo Peret. A arte indígena, segundo ele, é de muito
interesse na Europa mas infelizmente os
brasileiros não se interessam por ela.
Muitos
europeus decoram suas casas com objetos comprados no Mercado Modelo.
Sobre
este mercado, Marcel que trabalha há 25
anos e tem a galeria há dez anos, explica que os barraqueiros fazem mal em
vender todos produtos semelhantes. Explica que muitos fregueses podem e se
interessam por comparar objetos pelos quais pagariam entre CR$50 mil a CR$100
mil mas não encontram a disposição, o mesmo se dando com os produtos indígenas.
Autodidata,
Marcel Fleiss começou selecionando arte primitiva, depois vendendo estes
objetos, passando a seguir para o surrealismo. Em sua galeria já promoveu
diversas exposições importantes como a de Man-Ray e Sebastião Mata.
Freqüentando
leilões, quase diariamente em Paris, aprendeu um pouco de cada tipo de arte.
Viajando, comprou muitas peças que hoje formam sua coleção.
A
mais importante coleção de vidro Lalique ele possui e é o que mais procura na Bahia. A família de
Lalique ainda continua em Paris reproduzindo suas obras, que foram produzidas
em ter 1900 a
1940. Quanto a arte indígena, diz que comprova o interesse dos estrangeiros
quando visita o Rio de Janeiro e Campo Grande, onde verifica junto aos
encarregados que as visitas se dão mais com relação a visitantes estrangeiros.
Sobre
o assunto, diz que num dos últimos leilões que assistiu na França, uma peça
brasileira usada pelos índios para aspirar o pó de tariká, feita por uma
espécie de cabaça, foi arrematada por dez mil dólares. Caso encontre uma
similar aqui, na Bahia, ele se diz disposto a pagar esta quantia a fim de
adquirir a peça. (Ângela Barreto).
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