JORNAL A TARDE, SALVADOR ,06 DE
AGOSTO DE 1984.
MACUNAÍMA RECEBE AS INSCRIÇÕES
PARA 1985
A Fundação de Arte Nacional de Arte Funarte, através de seu Instituto
nacional de Artes Plásticas-INAP, abriu as inscrições para artistas que queiram
expor os seus trabalhos durante o ano de 1985, na Galeria Macunaíma, até 30 de
setembro de 1984, impreterivelmente, na sede da Funarte, Rua Araújo, Porto
Alegre, 80- sala 15, Rio de Janeiro-RJ.
Será
formada uma comissão de seleção pelo Instituto Nacional de Artes Plásticas,
para a escolha das propostas, programando-as para o ano de 1985. Esta se
reserva o direito de contrapropor coletivas e datas, ouvindo sempre os
artistas.
Os
candidatos poderão inscrever-se nas categorias: pintura, escultura, desenho,
gravura, objeto, tapeçaria e cerâmica, excetuando-se a fotografia e o
artesanato; qualquer assunto referente a fotografia deve ser dirigido ai
Instituto Nacional da Fotografia da Funarte; quanto ao artesanato, as
informações serão prestadas pelo Instituto do Folclore (Rua do Catete, 179) e
caberá a comissão de seleção, decidir quando os trabalhos se integram nas áreas
de artes plásticas ou artesanato.
Poderão
inscrever-se artistas novos, de qualquer parte do País, mesmo que não tenham
realizado nenhuma exposição anterior; a inscrição será feita, mediante o envio
pelo artista de: carta, dirigida ao diretor do INAP, solicitando a inscrição e
contendo a indicação da época de preferência do artista para a exposição;
pequeno texto explicativo da(s) obra(s) a ser(em) exposta(s); número de obras a
serem expostas. Dados curriculares e fotos ou slides dos trabalhos, no mínimo
5(cinco) no tamanho 18x24; dados no verso de cada foto, especificando: técnica,
tamanho e ano em que foi realizada a obra. O material acima especificado deverá
ser entregue em um envelope contendo no verso nome e endereço do artista para
facilitar posterior devolução pelo Correio.
Aos
artistas selecionados caberão as seguintes obrigações: assinar uma carta
compromisso com a Funarte. Entregar o material destinado á divulgação e
preparação dos catálogos no prazo de 60(sessenta) dias anteriores á realização
da exposição; pagar as despesas de molduras, transportes embalagem, ou
equipamentos especiais que não constem do material existente na Funarte; o
coquetel do “vernissage” fica por conta do artista expositor.
No
caso de ser apresentada proposta de trabalho que, pela própria conceituação,
não possa ser comercializada, poderá o artista (ou grupo) fazer solicitação de
ajuda de custo, no ato da inscrição, mediante orçamento apresentado. Correção
ás expensas da Funarte: convite, remessa postal, catálogos, divulgação e
montagem e desmontagem de exposição.
Os
artistas selecionados se comprometem a entregar à Funarte os trabalhos a serem
expostos em perfeito estado e com antecedência mínima de 10 (dez) dias úteis
antes da inauguração da exposição.
A
Funarte se compromete ao entregar ao artista, com a antecedência que lhe possa
ser útil, a planta baixa da Galeria Macunaíma (a Galeria Macunaíma possui um
total de 21,86 metros
lineares utilizáveis para a exposição).
É
de responsabilidade da Funarte a entrega, no Rio de Janeiro, do material
exposto, nas mesmas condições do recebimento ou a devolução com frete a pagar
quando as obras foram de artistas residentes em outros estados e os casos
omissos serão resolvidos pela comissão interna do INAP.
ARTISTAS
CEARENSES ATÉ DIA 21 NO DESENBANCO
Foto tirada na abertura da exposição dos cearenses.Vemos de frente o então Diretor do Desenbanco e de A Tarde, dr. Cruz Rios |
A
exposição Artistas do Ceará está aberta ao público, no Salão de Exposições
Temporárias do Desenbanco, das 9 às 18 horas, até o próximo dia 21 de agosto. A
mostra, organizada pela Fundação Edson Queiroz, veio a Salvador, num
intercâmbio com o Núcleo de Artes, que levou para Fortaleza, no início de
julho, a exposição Artistas da Bahia.
Só a título de ilustração. Rosto de Zenon Barreto feito pelo seu colega Estrigas. |
DANÇA
E REPOUSO
Maurício
Cals, artista cearense, 34 anos, trabalha desde 1971 e sua produção está
atualmente em cima de óleos sobre tela. Expondo na Bahia pela primeira vez, ele
mostra Dança e Repouso, representando uma atividade que, segundo ele, deve
ser incentivada “e que os profissionais da arte, como elemento integrante da
sociedade, não podem esquecer de também buscar saída para a crise atual”.
A
arte e a cultura não estão no leque das prioridades. Houve uma grande perda ao
longo dos anos, uma espécie de amordaçamento da voz criativa do povo.
Hoje
não é mais isto mas, por outro lado, não temos condições, recursos. O artista
brasileiro está em busca de uma arte brasileira. Regra geral escapa-se para uma
arte estéril, sem raízes, porque não se pode sobreviver com ela, diz Maurício
Cals.
A
necessidade de sobrevivência, a pressão, dificuldades de todos os lados
conduzem o artista a esta arte estéril, Embora já estejamos tomando consciência
e partindo para uma busca maior, que é a da arte legítima.
Já
Terezinha Barreto informou que a Fundação Edson Queiroz, uma fundação que é
inclusive ligada ao Sistema de Televisão Verde Mares, envolve nos seus
programas não apenas projetos de artes plásticas, mas de música, teatro,
literatura e cinema. A Universidade, por seu turno, tem 10.600 alunos e 19
cursos funcionado.
CRIATIVIDADE
“Agora,
a Universidade de Fortaleza empreende um passo mais avançado, ao cumprir,
juntamente com o Desenbanco, um intercâmbio de excelente proveito, através de
exposições de obras de pintores, desenhistas da Bahia e do Ceará”, é o que diz,
na apresentação da mostra, Airton Queiroz, chanceler da Fundação Edson Queiroz.
Vinte artistas baianos participaram do intercâmbio com a apresentação de 40 trabalhos, montados por Lygia Sampaio e Sylvia Athaíde atendendo ao convite formulado pela Universidade cearense.
Vinte artistas baianos participaram do intercâmbio com a apresentação de 40 trabalhos, montados por Lygia Sampaio e Sylvia Athaíde atendendo ao convite formulado pela Universidade cearense.
Floriano
Teixeira, Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Jenner, Caribe, Lygia Sampaio,
Emanoel Araújo, Calasans Neto, Yêdamaria, Sante Scaldaferri, Lygia Milton,
César Romero, Bel Borba, Justino Marinho, Juarez Paraíso, Márcia Magno, Sérgio
Rabnovitz, Zivé Giudice, Fernando Coelho e Jamison Pedra foram os participantes
da mostra.
Para Sylvia Athaíde, coordenadora do Núcleo de
Artes, “este intercâmbio abre possibilidades sobretudo para artistas novos
serem conhecidos fora do estado.Assim
é que ao lado de nomes já consagrados estão vários dos nossos mais novos
artistas. Na verdade esta é a nossa proposta, aliás, uma das metas do Núcleo
que é, além de manter intercâmbio com outras instituições, estimular a
participação de novos.
FISCAIS DO IR RECEBEM OBRAS DE ARTE
Paris
(UPI)- Os Fiscais do Imposto de Renda da França recebem em pagamento alguma
coisa a mais que dinheiro. Eles também arrecadam arte.
Les Baigneuses,na visão de Picasso |
Uma
lei, que permite esta forma de pagamento pouco ortodoxa, já havia sido aprovada
cinco antes do falecimento deste artista inovador do século XX.
Os
fiscais receberam quase 4.000 peças de arte, num valor estimado de mais de cem
milhões de dólares, incluindo 229 pinturas e 137 esculturas muitas das quais
jamais exibidas ao público.
Ainda
que algumas destas obras já tenham sido exibidas em exposições temporárias,
inclusive as do Grande Palais de Paris e do Museu de arte Moderna de Nova
Iorque, a coleção arrecadada com os “impostos” terá, dentro de um ano, uma
residência permanente: o novo Museu Picasso na capital francesa.
Os
pedreiros trabalham a todo vapor para restaurar, a um custo de quase seis
milhões de dólares, o local do futuro museu, uma mansão do século XVII no
bairro de Marais, na região leste de Paris.
Situado
na margem direita do Rio Sena, Marais, antigamente, era um pântano, mas, a
partir do século XVII, para lá se mudou a aristocracia. Entretanto, depois da
Revolução Francesa, os ricos mudaram-se de lá.
O
último renascimento da vizinhança foi promovido, em parte, pelo Museu de Arte
Moderna do centro Pompidou, uma espécie de imã para os turistas, onde
atualmente estão expostos alguns trabalhos de Picasso. Galerias de Arte e
restaurantes de moda estão em grande evidência no bairro.
Mais
também existem muitos “hotéis”, como são chamadas as mansões francesas daquela
época, e entre elas encontra-se o Motel Sale, construído em 1656 e que será a
sede do novo museu.
Sale
significa sal. Este nome provém do construtor original que era,por sua vez, um
fiscal de imposto: o imposto sobre o sal.
O
edifício mudou de nome muitas vezes. Durante parte do século XIX foi usado como
escola primária onde, inclusive, veio a estudar o escritor Honoré de Balzac,
que a descreveu em uma de suas obras literárias.
A
sucessão de proprietários alterou, em grande parte, a beleza original da mansão
que, em parte explica, porque o museu será aberto com um atraso de pelo menos
três anos.
Também
parte da culpa recai sobre a burocracia do século XX
Para
instalar o sistema de ar-condicionado foi necessário escavar um segundo sótão
sob o original.
“jamais
vi um museu apresentar tantos problemas; mas apresentar também tantas
qualidades.
Este
aqui não é um museu que tem o potencial para o sucesso que raramente ocorre com
outras instalações do gênero, disse sua diretora, Dominique Bozó.
A
peça mais importante do prédio são suas escadarias, tão impressionantes que
Bozo decidiu que o visitante deverá iniciar a visitação do segundo andar.
Os
tetos sobre a escadaria e uma ampla galeria do segundo andar estão decorados
com esculturas ornamentadas que representam deusas, querubins e grinaldas de
frutos e flores.
Mas
não seria esta decoração, sem falar das esfinges que flanqueiam a entrada do museu,
demasiadamente clássica para as obras de arte de um revolucionário como
Picasso?
“O
edifício está em harmonia perfeita com os tipos de lugares onde trabalhava
Picasso”,disse Bozó recordando que o artista preferia trabalhar em espaços
abertos dos edifícios velhos. Picasso também costumava manter algumas de suas
pinturas em ambientes semelhantes de suas várias residências na França.
Entre
as maiores obras que ficarão em exibição permanente ao público, está a pintura
cubista de 1912 Nature Morte a La Chaise
Canee , realizada sobre uma tela oval emoldurada com corda.Les
Baigneuses, pintada seis anos depois mostra o distanciamento de Picasso no
cubismo.
Duas
mulheres na orla do mar e um farol ao fundo são mostrados de uma forma mais
direta que a habitual do período cubista.Os
visitantes também poderão ver a gigantesca, três metros Poe 2,5 metros , Femmes a
Leur Toilette, pintura na qual as mulheres num mundo plano, bidimensional. ( Foto)
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