JORNAL A TARDE, SALVADOR, 27 DE
AGOSTO DE 1984.
AS FIGURAS ONÍRICAS DE LOBIANCO
SURPREENDEM
Lobianco e uma das 31 obras expostas em Salvador |
Lobianco
retrata figuras doces, geralmente crianças, através de uma luz difusa e sempre
integrados à natureza. O observador fica surpreso ao visualizar um barco
navegando num mar construído dentro de uma gaveta de cômoda. São sempre
situações que levam o observador da surpresa à contemplação através dos
detalhes que revelam a sensibilidade de Lobianco para com o elemento futuro da
humanidade, a criança. E esse é o principal retrato que se vê na exposição.
Apesar de apresentar muitos rostos adultos, o semblante das figuras é possuído
por uma iluminação e serenidade, característica dos que ainda não penetraram na
crueza da vida. O próprio artista faz essas observações e diz que “O importante
é nunca deixar a criança que tem dentro da gente morrer”.
Igreja do Rosário, pintada pelo artista |
A
atual produção de Pedro Lobianco é feita em óleo sobre tela, mas o artista tem
trabalhado muito com gravura, técnica que domina. Como uma conseqüência direta
de sua insatisfação com a atividade publicitária, começou a elaborar capas de
disco, utilizando sua criatividade a serviço de artistas como Gal Costa, Jorge
Bem, Simone e Gilberto Gil entre outros.
MAX
BECKMANN: UM PINTOR EM BUSCA DE SI
MESMO
“Eu
procuro uma ponte para ligar o visível ao invisível”, essas palavras podem ser
vistas como a chave da obra de Max Beckmann, o pintor agora tão lembrado e,
neste ano, 1.º centenário de seu nascimento, tão festejado, de modo especial,
na Alemanha, onde nasceu, e nos Estados Unidos, onde viveu os últimos anos de
sua vida e faleceu, em 1950. Essa ponte para Max Beckmann significava “chegar à
magia da realidade e, depois, traduzir essa realidade em pintura”.
Auto-retrato do pintor |
Este ano estão sendo realizadas várias
apresentações de obras desse pintor alemão, que nasceu em Leipzig a 12 de
fevereiro de 1884, estudou na Academia de Artes de Weimar, foi professor na
Escola de Arte de Frankfurt, quando foi demitido pelo governo
nacional-socialista de Hitler. Perseguido pelos nazistas, que o consideravam
“um pintor degenerado”, emigrou para a Holanda e, mais tarde, para os Estados
Unidos, onde exerceu o cargo de professor no Brooklin Museum Scholl em Nova Iorque. A
maior exposição das obras de Max Beckmann, em 1984 está sendo apresentada pela
Casa de Arte de Munique:132 pinturas, 77 desenhos e aquarelas e 88 serigrafias.
Depois
de Munique, essa exposição irá para a Galeria Nacional de Berlim, para o Saint
Louis Art Museum e o Courty Museum of Art, em Los Angeles.
Carnaval, temas mundanos que gostava de pintar |
Argonautas, outro tríptico do artista Max Beckmann |
Outro auto-retrato do pintor |
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