JORNAL A TARDE SALVADOR, 29 DE
JULHO DE 1985
O SUCESSO GRANDIOSO DA EXPO
GERAÇÃO 70
Esta foto mostra quanta gente jovem compareceu à abertura da exposição da Geração 70 no MAB |
Nilda Spencer e Fernando Schimdt |
O
importante é que o público de Geração 70 é composto essencialmente de jovens,
que normalmente não frequentam museus e aberturas de exposições.Eles
lá estavam soltos e alegres com suas roupas coloridas dando ao ambiente um
aspecto descontraído. Não é uma exposição para ser vista obrigatoriamente por
aquelas figuras que surgem nos vernissages simplesmente para serem notadas.
D. Olivia Barradas e outros |
Fred ,Cleyde Morgan e esposas |
Nelson,Rafael Oliveira e Antonio |
Ao
lado estão os quadros de Guache. Grandiosos, no que trazem em suas mensagem,
porque enfocam o lado burlesco dos homens. Aquele lado caricato e grotesco que
agente está acostumado a observar nas posturas das pessoas que nos cercam. Além
do tema, não podemos esquecer as soluções pictóricas para ressaltar suas
figuras em situações de comicidade.
Jasmim,Carlos Bastos e Heitor Reis |
Grupo Pega e Maluca Ludmila em cena |
O
descansado Bel Borba! O homem que chega sempre atrasado, mas que chega! E,veio
com grandes painéis vivenciando situações das metrópoles. Quantas expressões de
surpresa e de alegria pude ver e ouvir na última sexta-feira, principalmente de
jovens, diante de seus trabalhos! É isto que deixa o artista feliz, e acredito
que Bel, como os demais viveu um grande dia.
Os trabalhos de Justino Marinho, suaves, onde o desenho sobressai como marca
fundamental. As figuras de mulheres em composições realmente criativas.A
disposição das figuras, o desenho que tende ao relevo. Enfim um trabalho já
conhecido e amadurecido, com tons amarelos.
Zivé Giudice com seus monstros enfocando o lado estúpido dos homens de uma maneira muito
forte, onde as pessoas que olham seus desenhos ficam a imaginar como ele
consegue àquela uniformidade, que vai diminuindo ou aumentando a tonalidade de
acordo com o seu desejo. As posturas dos monstros andando e debruçando sobre
sua própria estupidez. Cada uma revela situações do cotidiano.
O Sexteto do Beco encantou os presentes |
Maso
conseguiu com o banco apresentar trabalhos que intrigam as pessoas. Parecem
fotografias! Exclamavam alguns. Ou, não se continham e até passavam o dedo para
sentir no tato o que tinha feito o artista. Um dos quadros que me chamou a
tenção foi aquele que representa um prato com uma colher. Maso é um pintor que
sabe usar de todas as nuances que a técnica pode proporcionar.
E
o caro Chico Diabo com seus grandes panos, onde as figuras repetidas foi outro
ponto alto de Geração 70. Vieram me perguntar o que Chico fazia para dar as
suas formas uma falsa ideia que tinham sido impressas. Realmente só o Chico para
explicar, e esta dúvida demonstra exatamente quanto seus trabalhos estão bem
feitos.
Tendo
Geração 70 um movimento jovem integrado, não podemos deixar de ressaltar o
empenho das dançarinas Lívia Serafim, Lia Rodrigues, do Grupo Trancham, que
preparam espetáculos de cuta duração, com tanto esmero que foram muito
aplaudidos e disputados pelos que lá estiveram. O espaço do museu foi pequeno
para tanta gente que queria ver o trabalho das dançarinas. Logo depois, veio
Márcio Meirelles com seu Grupo Pega e Maluca Ludmila, encantando os presentes.
Eles falam e dançam uma linguagem moderna, uma linguagem assimilada pelas
centenas de jovens que lá foram aplaudi-los.
A
expectativa passou para outro salão onde o pessoal do Sexteto do Beco
improvisava, tendo a cantora Andréa Daltro dando mais uma vez prova da sua
competência com a voz maravilhosa que possui. Os integrantes do Sexteto do Beco
derramaram um som realmente da pesada.
Enfim
Geração 70 está aí, aberta ao público e à crítica. É um evento vitorioso que
não pertence a mim, nem a Heitor Reis, e nem aos próprios artistas. É do
público que sofreu com 20 anos de autoritarismo, porque esta geração viveu
momentos de agonia.
A
exposição plástica visual e musical é como um despertar para o amanhecer que
ainda está para chegar.
Aqueles
que não acreditaram no seu sucesso devem ir ao Museu de Arte da Bahia e fazer
uma autocrítica.
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