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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A VITORIOSA GERAÇÃO 70 -26 DE AGOSTO DE 1985


JORNAL A TARDE SALVADOR, 26 DE AGOSTO DE 1985

    A VITORIOSA GERAÇÃO 70

Dia da abertura da mostra Geração 70 no Museu de Arte da Bahia
Estamos diante de uma realidade incontestável: Geração 70 movimentou as artes plásticas baianas. Centenas de pessoas visitaram a exposição montada no Museu de Arte da Bahia, reuniões de contestadores foram realizadas, houve uma divulgação nunca vista de uma mesma exposição na Bahia e as manifestações de alegria e apoio foram as mais expressivas. Todos que lá estiveram ficaram satisfeitos com a qualidade da mostra, que representa o que surgiu de melhor dos anos 70 para cá. Os que reclamaram que arte não se mede pela idade ou com certidão de nascimento de artista demonstram exatamente a má informação e malharam no vazio. O referencial é o ponto da partida para qualquer realização. Ninguém parte do nada porque a própria vida é um somatório de experiências e a denominação Geração 70 já foi explicada e entendida pela maioria dos leitores desta coluna e por aqueles que fazem ou gostam de arte na Bahia. Sofismar é muito fácil. Citar autores, correntes de arte e nomes de artistas estrangeiros é mais fácil ainda.
Basta pegar um dicionário que lá se encontram muitas palavras desconhecidas do grande público e noutras publicações especializadas em arte muitas citações e nomes estrangeiros. Eu escrevo num jornal da chamada grande imprensa, que é lido por pessoas dos mais variados segmentos sociais e níveis de instrução. A minha meta é atingir todo este público com uma linguagem coloquial, como é recomendado por qualquer manual de jornalismo que se preze.
Muitos que esbravejaram e ficaram inconformados por não constarem na seleção que fiz ou que não encontraram lá seus amigos ou protegidos.Muitos que gritaram, tenho certeza, estariam calados se tivessem integrados na Geração 70.E, finalmente, aqueles que estupidamente falaram em competências, e de critérios escusos não sabem perder. Ou melhor, não são tão competentes assim e não sabem definir critérios e as circunstâncias. São meros contestadores acostumados a calar seus interlocutores com gritos e atitudes não muito civilizadas.Meu silêncio, nas duas últimas semanas foi proposital.
Deixei e esperei que houvessem manifestações para em seguida fazer esta análise com calma e isento de emoções mais fortes.
Mas, o que interessa é que a geração é uma realização vitoriosa, inesquecível e acima de tudo o começo de um movimento que pretendo seja duradouro. Espero, plagiando a música de Milton Nascimento, “não nos dispersemos”, para que possamos no futuro mostrar a outras gerações que marcamos um tento, que construímos alguma coisa em prol das artes plásticas baianas.
Não será possível- já disse e repito-falar em arte baiana daqui para frente sem uma referência, pequena, que seja, a Geração 70, pelo que ela representa. Talvez, mas, adiante, quando os ressentimentos derem lugar ao amadurecimento e á lógica, os contestadores não terão forças para sustentar seus argumentos pueris, que a pátina do tempo vai cuidar de cobrir. Só permanecerão as realizações realmente dignas de um registro histórico.
Outra ideia que se tem é de levar Geração 70 para fora do estado. Temos já oferecido um espaço no Sul do País e está dependendo apenas da agilização, do fazer, para torná-lo realidade. Também o pessoal de Feira de Santana está interessado em levar parte da exposição para ser mostrada durante o Salão Universitário que Gil Mário e outros professores feirenses estão promovendo naquela unidade universitária. Vamos agora trabalhar neste sentido para que outras pessoas tenham oportunidade de ver esta exposição, que é de excelente qualidade.
Finalmente, espero que Geração 70 seja um exemplo, para que outras exposições sejam feitas com a mesma seriedade, o mesmo tirocínio e a mesma isenção, e principalmente, com o mesmo nível de trabalhos apresentados. Que Geração 70 seja o despertar do movimento de arte baiano, que há muito tempo estava deitado em “berço esplêndido” à espera de uma partida. A caminhada já começou. Vamos dar mãos e andar em frente.

               UM CONVITE: VAMOS CRIAR

Vamos sentir o ar e criar. Este convite feito por três jovens é realmente muito estimulante.Elas integram, a Oficina de Arte Infantil da MAB Galeria de Arte, que funciona na Pituba  e tem como objetivo, fazer com que a criança perceba a relação existente entre plasticidade e natureza. É nesse mundo plástico, que elas esperam tornar viva a capacidade criadora. Assim Jussara , Maria Luedi e Simone estão de mão dadas buscando descobrir nas crianças a sensibilidade, a emoção e a intuição tudo dentro da espontaneidade coisa que não acontece na escola tradicional.
Quem manda é a criança. As três jovens apenas orientam, porque a liberdade tem que ser preservada. A criança por si própria vai utilizar os elementos orgânicos que desejar e fazer sua opção. Ninguém pode ou deve impor nada. Para isto elas trabalham com terra, água, com as paredes da Oficina para que tenham noção de espaço. E, as cores são estímulos maiores.
Também, o corpo não foi esquecido. “ O trabalho de corpo consiste numa busca e canalização da energia da criança fazendo fluir suas emoções posteriormente em trabalhos artísticos quer sejam voltados para a música, plástica ou teatro.

                   A CERÂMICA DE ZILMA MOTTA

“O fogo é a eternidade, é o êxtase da comemoração é lá que se rompe a casa do ovo, que se transpira o sangue e se reflete o poder das forças da natureza em expansão latente.A chama incute à vida as formas a cor do sol mais quente, no  movimento que vibra e irradia emoção intensa. Terminada a queima, resfriado o forno abrem-se as portas das câmaras e visualiza-se o estonteante milagre das transformação dos materiais e morre-se para viver uma outra fase. A cerâmica já não é mais cerâmica, é a arte!”, diz Vicco.
Esta apologia ao fogo parece um exagero, mas para os ceramistas é muito pouco. O fogo realmente é a constatação, a definição das formas e cores que foram feitas em outro estado físico. Trancada no forno a peça deixa-se queimar a altas temperaturas controladas pelo seu criador do lado de fora. Esta sensação de acompanhamento só pode ser sentida por àquelas pessoas que manipulam o barro, que sentem nos dedos o surgimento de formas e contornos que surgem de suas emoções mais fortes. A intimidade do artista que se dedica a uma atividade plásticas das mais antigas e das mais nobres. Quando a gente fala em cerâmica lembra dos utilitários dos nosso antepassados, das mesas do interior e das casas ricas enfeitadas com peças que saíram exatamente daquelas mãos hábeis e provém das altas temperaturas. E, nós temos aqui em Salvador uma mulher que está intimamente ligada à cerâmica. Chama-se Zilma Motta que sempre está ensinando sua arte a outras pessoas na tentativa vitoriosa de passar o que aprendeu no decorrer dos anos. Agora ela expõe peças de várias alunas que aprenderam com ela a amar o barro e adorar o fogo. A exposição é no playground do Edifício Serra de Ondina, na Avenida Presidente Vargas, 2352, Ondina.

          UMA OLHADA  NA PAISAGEM É SEMPRE BOM

É sempre gratificante da ruma olhadela na paisagem. O homem moderno é apressado quase sempre trancado por trás dos vidros de seus carros ou mesmo no metrô quase não percebe o que está ao seu redor. E, Márcia Barros é destas artistas que percebe a grandiosidade da paisagem. As feiras livres, os jardins e as ruas são os temas preferidos desta artista sensível, de cores vibrantes e harmoniosas que nos encantam. A junção da paisagem com o homem e as crianças contribui para enriquecer a sua obra e nos mostra este cotidiano que não prestamos a atenção merecida. Diria que Márcia é uma cronista do cotidiano, porque ela retrata em suas telas a paisagem de hoje, que está sendo mutilada , apressadamente, por tanta gente insensível.





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