JORNAL A TARDE, SALVADOR, 31 DE DEZEMBRO DE 1984.
AMÉRIS PAOLINI LEVA PARA SÃO PAULO CORES DA BAHIA
A magia das cores vivas das fitinhas do Senhor do Bonfim |
Pensei
comigo mesmo que a Bahia deveria mostrar a Améris Paolini a grandiosidade do
colorido tropical e a influência que certamente exerceria sobre o seu trabalho.
Pouco tempo depois ela estava encantada com as cores de Salvador e também de
Itaparica e começaram a surgir os primeiros trabalhos com cores fortes, os
trabalhos suaves em cor sépia foram guardados por algum tempo e o resultado foi
uma série de fotos de alta qualificação e expressividade.
A
influência aconteceu muito rapidamente porque bastava olhar do seu apartamento
na Graça que surgia as cores fortes sensibilizando sua criatividade.Agora
Améris Paolini realiza exposições . Uma no Bar Cristal, na Rua Professor Arthur
Ramos, 551 e outra na Galeria Arco Contemporânea, ambas em São Paulo.
Améris
é paulista de nascimento, mas tem uma ligação muito grande com a Bahia.
Gostaria de ter ficado mais tempo aqui, porém, como o mercado fotográfico ainda
é insipiente, principalmente para aqueles artistas que realizam um trabalho
voltado para a arte fotográfica , teve que retornar ao sul do país.
Améris
M. Paolini iniciou seus estudos na Fundação Álvares Penteado. Começou a
fotografar em 1968.Expõe pela primeira vez profissionalmente em 1975 – MASP - .
Atualmente
tem trabalhos e ensaios autônomos em vários países da Europa além de Estados
Unidos e Canadá. Os objetos fotografados escolhidos por Améris
transformam-se em símbolos da sua
quietude, da tristeza que sente pela condição humana, pela miséria quase aquém
da capacidade de suportar.
Outra foto de Améris das lonas das barracas de festas |
Sua
cor predileta é a sépia, que dá aos trabalhos um toque mágico de irrealidade.
Nesta exposição Améris mostra uma continuidade do trabalho dos tamboretes de
barracas das festas de largo – religiosas – da Bahia. As dimensões são de 30 X 40 cm .
Participam
da exposição da Arco além de Améris Paolini, mais três fotógrafos: Anna Helena
Mariani, Esther Chigner e Cândido José Mendes de Almeida.
Anna
Helena Mariani nasceu no Rio de Janeiro e teve sua formação fotográfica em São Paulo. Além
de várias exposições no Brasil, já mostrou seus trabalhos em Berlin e Zurich.
Seu
trabalho é essencialmente documental, histórico e geográfico. Há 15 anos Anna
Helena vem fotografando diversos aspectos do sertão nordestino, paisagens, as
cidades, gente, trabalho, vegetações, e objetos.As
exposições anteriores, todas em preto e branco, tratavam de alguns temas desta
documentação Trabalho de Mulheres, Paisagem Árida, Margem do Rio São Francisco.No
presente ensaio em fotos a cores, é da uma atenção especial a luminosidade que
envolve a região da caatinga:lugares que tanto variam do nascer do dia ao
entardecer, nas chuvas e nas secas. É quase surpreendente a suavidade cromática
que a caatinga revela em certas ocasiões.Os
trabalhos têm dimensões de 20 X 25cm.
Esther
Chigner nasceu em São Paulo
mas vive radicada em Lausanne , Suíça,. Além dos estudos no Brasil, estudou
também na França e nos Estados Unidos.Esther
dedica-se à fotografias, ao desenho, à litografia e a xilogravura.Em 1980 expôs
fotos no Carpenter Center, em Havard , Canbridge, nos Estados Unidos.O mundo fotográfico de Esther é gráfico, bidimensional, fragmentado em superfícies
intercaladas brancas e pretas , na proporção justa: beleza geométrica, beleza feita de equilíbrio luminoso; um perfeito com
as sensações; reflexão visual sobre a paisagem urbana, sem a presença humana,
transformada portanto numa abstração.Procura
a forma , o volume, a composição em
si. Seus trabalhos tem dimensões de: 48 X 61cm. Além de
exposições no Brasil já expôs em Paris na Galerie Sofitel.
Para
Cândido Almeida, a fotografia encontra-se ligado a um processo de revelação, de
descoberta, de investigação, o que interessa é universo discreto e
surpreendente dos detalhes, cortes e enquadramentos. A uma opção clara pelo
micro como instrumento condutor de uma outra realidade macroscópica. Ao mesmo
tempo a uma tentativa de buscar uma geometria capaz de sugerir uma plasticidade
indissociável do veículo. A cor, o corte, o traço são elementos que compõem o
perfil básico da fotografia que Cândido José procura.Suas fotos tem dimensão de
30 X 45 cm .
JOAQUIM FRANCO
VALORIZA A NATUREZA
Existe alguma discordância contra o regionalismo. É claro que qualquer exacerbação é sempre mal recebida e qualquer radicalismo provoca cegueira e posições altamente prejudiciais. Mas, só podemos apoiar um artista que retira do seu mundo, da terra onde nasceu a inspiração para sua obra. Só podemos aplaudir e enaltecer as raízes culturais que ficam marcadas em sua consciência. Exatamente ai está centrada a preocupação do artista Joaquim Franco que retirou das roças e das feitas livres as cabaças.
Cabaças: privilégio ao elemento natural na obra de Franco |
Recentemente
ele foi premiado no II Salão de Artes Plásticas de Feira de Santana com sua
tela Cabaças. É arquiteto pela Universidade Federal da Bahia e quanto ao seu
trabalho é figurativo, onde através do seu traço transporta para as telas
vários elementos integrantes da zona rural.
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