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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A RELIGIOSA E AS BEATAS DE ARESTIDES E JANDUARI - 12 DE NOVEMBRO DE 1984.


JORNAL A TARDE, SALVADOR 12 DE NOVEMBRO DE 1984.

  A RELIGIOSA E AS BEATAS DE ARESTIDES E JANDUARI

A bela  fotografia de Arestides Baptista destaca as mãos  mostrando a garra de Irmã Dulce
Sessenta e oito fotógrafos estarão mostrando seus trabalhos na VI Exposição Anual de Fotografia Baiana, - Fotobahia – no próximo dia 22 no Museu de Arte da Bahia, localizado na Corredor da Vitória. A exposição permanecerá aberta até o dia 13 de dezembro. Paralelamente a exposição, serão apresentados retratos de casamentos realizados na Bahia no início do século com texto do professor Cid Teixeira, incluindo 20 fotografias, muitas de famílias tradicionais de Salvador e interior do Estado.
Serão organizados alguns debates entre os duas 23 e 25 de novembro sobre fotografia. Entre os que estarão expondo chamo atenção especial para os fotógrafos Arestides Baptista, Carlos Santana e Janduari Simões. São pessoas que trabalham na reportagem diária, mas que de certa forma sabem captar momentos como este da Irmã Dulce.As mãos em primeiro plano , foram fixadas com muita sensibilidade por Arestides.
Porque elas traduzem a força superior desta mulher frágil e incansável defensora dos pobres e dos favorecidos. Irmã Dulce é a própria representação do amor, e esta foto é a forma que este fotógrafo escolheu para homenageá-la. As rugas são caminhos de uma história de vida e amor. São muitos caminhos tortuosos que esta freirinha seguiu e continua a palmilhar.
As beatas e o guarda chuva para se proteger do sol

A outra que publico é de Janduari Simões. Duas velhas numa Sexta Feira Santa, na cidade de Monte Santo. Contritas e com suas vestes, onde predomina a cor preta, elas representam o próprio sofrimento da nordestina.
Estas rugas não representam caminhos percorridos, mas muitos sofrimentos, muita abnegação e tudo isto é contido através de uma fé inquebrantável.Portanto, são duas fotos significativas: a religiosa – Irmã Dulce – e as Beatas sofridas do sertão da Bahia, que serviram de inspiração para estes bons  fotógrafos e companheiros de trabalho.

     FRED SCHAEPPI EXPÕE AMANHÃ NO BAHIANO

Depois de muito desencontros consegui ver alguns trabalhos da nova fase do artista Fred Schaeppi, que amanhã estará expondo no Bahiano de Tênis. Fred tem mostrado muito afinco e dedicação à arte. Vive para pintar e questionar aquilo que produz.
É um profissional, desses que realmente merecem todo o apoio porque leva o seu trabalho com muita seriedade e tem uma coisa que falta em muitos artistas que é a disciplina.
Nesta sua nova produção deixou de lado o relevo, que caracterizou e marcou o seu trabalho nos últimos anos. Agora as figuras surgem em espaços livres e também estão mais soltas, porque a emoção conduz o seu pincel. O trabalho cresceu em qualidade e alguns deles nos dão até a falsa impressão de que são reproduções. Isto porque a utilização de placas e tinta acrílica proporciona uma qualidade tal que os menos avisados confundem.Fred também nos mostra novas formas, uma figuração com composições que nos levam a outros lugares e muita imaginação.
Ele ressalta a importância da utilização do espaço onde outrora funcionou a Galeria O Cavalete, no Clube Bahiano de Tênis, que é mais um espaço reconquistado e que precisa ser utilizado pelos artistas baianos.
Sua exposição fica até o dia 23 do corrente mês.



    A ARTISTA ESPANHOLA ROSA YAGÜE  NO MAMB

A artista espanhola Rosa Yagüe está expondo os seus trabalhos no Museu de Arte da Bahia. Sua arte tem como fundamentação a música.Ela pinta como se estivesse compondo ou interpretando com o pincel as partituras musicais dos pintores clássicos e populares. É um desenho suave com ondulações que nos transmitem a sensação de uma emoção que brota de dentro, uma sensação orgânica de paz ou de ação.
Nascida em Barcelona, na Catalunha , Espanha, ela cursou música e artes plásticas sem sua cidade natal. Fez várias exposições e atualmente integra o quadro de professores do Instituto de Arte da Unicamp ,no Departamento de Artes Plásticas. Seus últimos trabalhos valorizam o lápis de cor, mostrando ser possível vencer a teoria das cores incompatíveis, harmonizando os espaços entre si sem deixá-los perder a unidade e a independência.
O crítico Mário Schoenberg disse que “ O papel da cor nos trabalhos de Rosa é sumamente complexo, transmitindo uma empatia profunda do vital biológico, mas também no psicológicos e do social,assim como do sentimento cósmico com uma identidade marcadamente feminina e hispânica”.
Saída do Infinito, 40 X 50 cm, estruturada com a música Bachiana número 5, de Heitor Villas Lobo.

    AS XILOGRAVURAS  DE GUTA DOMENECH

Após pesquisar vários materiais Guta Domenech decidiu pela xilogravura, embora de quando em vez faça algumas incursões pelo pastel e aquarela. Mas, sente-se fascinada pela xilo, especialmente pela textura que a madeira proporciona.
Sua mostra está na Galeria Mab, na Pituba, cuja proprietária vem descobrindo e apoiando jovens artistas, muitos dos quais saídos dos bancos da Escola de Belas Artes. Sem qualquer apoio de entidades governamentais a MAB vem incentivando o surgimento e a sustentação de novos talentos.
Quem apresenta a jovem artista é Mário Cravo Júnior, que fala do período em que as gravuras foram executadas, neste últimos dois anos e chama atenção para os  chifres que em sua visão representam um pouco de agressividade.
Porém, entendo que os chifres tendem a ser suavizados na medida que Guta  vai trabalhando. Noto que já estão surgindo formas orgânicas que lembram vegetais. Guta tem muitos anos pela frente para buscar novas formas, composições, e somente um trabalho incansável e disciplinado é que contribui para que um artista enriqueça sua produção e melhore a sua qualificação”.



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