O engenheiro Floro Freire explica como faz a reconstituição de imagens antigas da nossa Cidade. |
O seu ateliê não é amplo e nem tem mesas espalhadas com pincéis,
bisnagas e potes de tintas que respingam nas mesas. Tudo é clean e o encontrei
sentado diante de dois monitores de um potente computador e com uma caneta
especial vai desenhando no tablet reconstituindo cada detalhe da paisagem urbana da
velha Salvador. Para isto ele parte de uma ampla pesquisa em fotografias e desenhos
antigos feitos por alguns fotógrafos e membros das comitivas de exploradores e
cientistas que costumavam visitar a capital da América Portuguesa, que era a
nossa Salvador. Usa o programa Photoshop onde num monitor ficam suas funções e
noutro maior a imagem que vai reconstituindo num trabalho minucioso que
leva meses e meses para ser concluído.
Foto 1. Lapinha,Cais Dourado,Santo Antônio.Foto 2. Assciação Comercial e Cais das Amarras. |
São várias camadas de learn por baixo de cada foto que vai ser reconstituída. Usa
A Igreja da Sé demolida em 1933. |
camadas de
imagens antigas as quais depois são retiradas para ficar apenas a imagem que conseguiu refazer e reproduzir sempre obedecendo com fidelidade como
realmente era aquela paisagem, prédio ou praça. É um trabalho meticuloso, quase
penoso, e é preciso gostar muito do que faz porque o tempo despendido é muito e
a habilidade tem que ser testada a cada traço no tablet. Um exemplo quando vai
reconstituir um casarão colonial e nas fotos antigas que dispõe o prédio
tem vinte janelas, noutra mais recente aparece com vinte e seis, portanto o que
vale é a de vinte janelas que era a quantidade original. Muitos prédios mudaram de aparência como acontece inexplicavelmente com alguns situados próximos a igreja
da Nossa Senhora Conceição da Praia. Tudo é reconstituído como era originalmente e ganha uma
importância documental ideal para que o Governo possa um dia trabalhar na ressignificação do nosso rico Centro Histórico que foi abandonado nos últimos anos. Ele gosta de usar esta palavra ressignificação e fica procurando sensibilizar pessoas que possam ajudar nesta ressignificação tão sonhada. Seria um grande ponto de atração turística como acontece em importantes cidades históricas desde mundo afora a exemplo de Lisboa, capital portuguesa.
Capa do livro Retratos de um Tempo |
Como escreveu no livro Retratos de Um Tempo o escritor Antônio
Risério “Este patrimônio que temos não é de ninguém – é de todos. É um bem
coletivo: um bem da Cidade, da nossa Cidade. Por isso mesmo, vitalizar o centro
histórico é vitalizar a identidade cívica de nossa gente. É vitalizar nosso
sentido de pertencimento. Ao mesmo tempo, esta riqueza patrimonial transcende fronteiras.
Afinal, esta foi uma cidade que nasceu para comandar e coordenar o processo de
construção de um novo país, de uma nova nação. É o solo, o chão mesmo, do qual
nasce e sobre o qual se assenta a memória nacional brasileira. E é, como todos
sabem, patrimônio da humanidade. Precisamos estar à altura desses raro e
precioso bem que herdamos”. O livro é composto pelo texto de Risério e de
várias fotos que foram reconstituídas por Floro Freire que é engenheiro
eletricista e vem nos últimos anos se dedicando a
Capa do livro Velhas Fotografias, de Gilberto Ferrez 1858-1900. |
este trabalho minucioso e
documental das paisagens na velha Salvador. Ele faz questão de dizer que reconstitui
cada casarão, cada janela e porta com muito cuidado para ser fiel ao original.
É um trabalho paciente e que tem uma importância fundamental porque a partir
destas imagens é possível reconstituir todo o sítio. Defende que “temos que
lutar por isto. Lisboa tem hoje uma grande atração turística e isto gera
riqueza graças a reconstituição depois do grande terremoto que sofreu em 1755 que
sofreu. A cidade foi praticamente destruída e morreram 30 mil pessoas. Atualmente
é um grande centro turístico na Europa e os turistas vão para lá atraídos por
sua bela arquitetura, dentre outras atrações.
GRANDES PAINÉIS
No livro que Antônio Risério e Floro Freire fizeram nasceu da
ideia de criar grandes painéis a partir dessas fotos onde estão sendo reconstituídas
as paisagens urbanas da Velha Salvador. Os painéis seriam expostos nas ruas do
Centro Histórico para que as pessoas admirassem a beleza da arquitetura
colonial e ver como a cidade evoluiu. Escreveu Risério que “O livro nasce dessa
ideia. Grandes painéis em azulejos expostos na rua, mostrando nossas raízes,
fazendo um contraponto com a realidade. Aqui e ali, as referências históricas
vão se delineando, tornando evidente o cuidado que temos que ter com o futuro.
Em um espaço nesse Centro Histórico, todos esses painéis se fundem, como uma
viagem no tempo, a tecnologia vai nos proporcionar entender as ladeiras, as
cadeiras de arruar, os mercados e as preces à beira mar. Ao ver as imagens e escolher
destalhes, visitantes daqui e do mundo escutarão histórias do lugar e época. E
assim, teremos uma melhor compreensão da nossa história”.
QUEM É
Floro diante do seu computador com dois visores fazendo uma reconstituição de velhas imagens. |
O Floro Edmundo Freire Neto nasceu na cidade de Itambé, na Bahia, no dia nove de maio de 1950. Seu Pai Alceu Lisboa Freire era juiz de Direito, casado com d. Maria Lopes Lisboa Freire, e moraram em várias outras comarcas. Mas, o Floro Eduardo Freire Neto veio criança para Salvador e aqui estudou desde o primário até o colegial no Colégio Antônio Vieira, no bairro do Garcia. Na época era um colégio jesuíta e de disciplina rigorosa. Lembra com alegria que conheceu muitas ilhas do Recôncavo Baiano e outros locais graças ao grupo de escoteiros do colégio que era dirigido pelo padre jesuíta Mariano. Ao terminar o curso em 1971 fez o Vestibular para a Área I e foi estudar Engenharia Elétrica porque segundo ele era uma área que gostava e estava tendo uma boa demanda por engenheiros elétricos. Chegou a ministrar aulas de Física no Colégio Antônio Vieira, por incentivo de seu irmão o professor Alceu Lisboa que era o dono do Colégio Nobel, no bairro do Itaigara, em Salvador.
Veja como era a lateral do Teatro São João que ficava na Praça Castro Alves. |
Trabalhou na área de transmissão e prospecção para instalação de energia na Coelba.
Depois foi para a Soma Engenharia, na fábrica que tinha no Polo Petroquímico de Camaçari, Bahia, e em 1979 foi fazer um curso de fabricação de transformador de energia. A fábrica chamava-se SOEL e infelizmente devido as crises econômicas que vivemos aqui no Brasil a fábrica fechou em 1983. Retornou para a Coelba onde passou mais alguns anos, depois foi trabalhar na Prefeitura, exatamente na Prodesal, que é o órgão de processamento de dados municipal e foi aí que passou a se interessar pela informática. Retornou para a Coelba e depois foi para o Colégio Nobel onde fez várias obras de ampliação e modernização. Disse que em seguida entra para trabalhar no Estado e que foi uma nova fase em sua vida. Trabalhou na construção do Estaleiro da Enseada, na entrada do rio Paraguaçu, que hoje está sendo operado pela Odebrecht como porto exportador, e que o estaleiro está com cerca de 90% de suas obras prontas.
Um belíssimo trabalho e dedicação para registrar documentando nossa amada Salvador. Parabéns Floro Freire!
ResponderExcluirFloro Freire, após toda sua carreira profissional,você se debruça sobre a Poesia. Salvador ressignificada é resgate da Alma! Morei em Itapoan quando tudo aquilo era uma roça que Sr.Belizário tomava conta e na época dele, tinha que esperar a maré baixar prá chegar em Itapoan. Estudei no Lomanto Junior e morava em frente ao Pronto Socorro. Vi Vinicius chegar, alugar uma casa e depois uma na curva de quem vai para o Farol, até que construiu a definitiva.
ResponderExcluirAs cidades se transformam e levam consigo a ingenuidade da população. Chega o poder econômico, a ganância e a Política nociva aos princípios. Só passa a valer "OS MEIOS JUSTIFICAM O FIM"...triste isso!!!
O texto é uma competente e bela reportagem! Uma satisfação ler texto tão bem escrito de genial fonte.
ResponderExcluirCelimar Geambastiani
ResponderExcluirMaravilha
Graça Barreto
ResponderExcluirÓtima apresentação Reynivaldo, como sempre apresentando trabalhos maravilhosos desses artista
Liane Katsuki
ResponderExcluirMeu Deus!
Impressionante!!!!
Suzete Baptista
ResponderExcluirParabéns pelo seu trabalho!
Dulce Cardoso
ResponderExcluirParabéns, trabalho maravilhoso, impressionante o que é a tecnologia por trás de um grande profissional
Fernando Freitas Pinto
ResponderExcluirParabéns pelos Escritos!! Sempre Admirados! Abraços
Maria Das Graças Santana
ResponderExcluir, Floro Freire, maravilha a ideia de contar a nossa História em painéis é realmente um grande resignificação para o Centro Histórico.da Bahia Parabens pela linda reportagem
Maria Alair Cardoso
ResponderExcluirExcelente!
Lígia Aguiar
ResponderExcluirParabéns, Reynivaldo, por mais uma apresentação dos talentos da arte baiana. Floro é um profissional que admiro e acompanho aqui no Face, seu trabalho é homérico e necessário para se entender a nossa história. Um verdadeiro artista/pesquisador/historiador da bela paisagem urbana da velha Bahia, o que tanto nos encanta. Viva!!
Celso Cunha Neto
ResponderExcluirExtraordidinário trabalho de pesquisa histórica e iconográfica, a tecnologia é a arte de mãos dadas para um resultado de grande importância documental e plástica. Parabéns amigo Floro e vamos em frente.
Domingos Dantas Brito
ResponderExcluirMuito bom
Maazo Heck
ResponderExcluirBom dia Reynivaldo , ótimo texto, conciso e objetivo , como sempre... eu e o Floro fomos colegas no colégio Antônio Vieira e tenho acompanhado sua trajetória, de monge , de reconstruir Salvador. Um trabalho FENOMENAL , dado o cuidado que ele tem em ser EXATAMENTE FIEL às referências antigas. Parabéns Floro , sei que está apresentação do Reynivaldo vai expor ainda mais sua dedicação a este trabalho que merece um reconhecimento nacional...
Marluce Maria Morais Brito
ResponderExcluirTrabalho incrivel, de um valor inestimavel! Parabens ao geande artista e ao grande jornalista, Reynivaldo Brito, por nos dazer conhecer esse verdadeiro tesouro artistico e documental. Esse seu trabalho meu primo, é sensacional! PARABENS!
Renata Rocha
ResponderExcluirExtraordinário
Dorgival Carvalho
ResponderExcluirEu achei espetacular a ideia.
Acrescentando ainda que ele é um Vieirense igual a nós!
Graça Gama
ResponderExcluirMaravilhoso trabalho. E parabéns ao amigo Reynivaldo Brito por nós presentear com belos trabalhos
Terezinha Brandão
ResponderExcluirMuito bom mesmo. É muito importante recordar a história da nossa cidade, principalmente que é o berço do Brasil. Parabéns por essa iniciativa.
Afranio Campos
ResponderExcluirFloro Freire, é um amigo empreendedor que conheci por ocasião de outro projeto (de TI) que desenvolvemos junto com sucesso naquele momento (2004). Eu vi nascer esse projeto de restauração e coloração de fotos antigas de Salvador. Há nesse projeto uma importância história, marcante, tanto um trabalho de arte, mostra conhecimento dos cenários, da luz presente nos contextos, a cor dos cantos e lugares da vida soteropolitana.
José Dirson Argolo
ResponderExcluirFloro fez um grandioso trabalho, reconstituindo em cada detalhe o panorama arquitetônico do frontispicio da cidade do Salvador. É um trabalho inédito. São anos de pesquisa e dedicação!
Ana Santos
ResponderExcluirA arte e suas inesgotáveis expressões. Parabéns ao Floro!!
Graça Barreto
ResponderExcluirÓtima apresentação Reynivaldo, como sempre apresentando trabalhos maravilhosos desses artistas,
Um excelente trabalho. Obrigado Reynivaldo por está resignificando o trabalho dos artistas dessa terra
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