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sábado, 6 de julho de 2013

LEONEL MATTOS EXPÕE SUAS PINTURAS NA GALERIA PAULO PRADO

JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, DIA 10 DE ABRIL DE 1989

Caminho de Rebecca, uma  das obras expostas .
Acabo de receber mais um catálogo de uma exposição de Leonel Mattos. Desta vez será na Galeria Paulo Prado, em São Paulo, com uma bela apresentação do critico e poeta Ferreira Gullar, que transcrevo pelas palavras do mestre do Poema Sujo. Diz Gullar : " Um sentido apurado das relações espaciais e a exploração sensível da matéria pictórica são, a meu ver, os elementos fundamentais da pintura de Leonel Mattos. Esses dois elementos se conjugam espaço e matéria na criação de um universo específico, que é só pintura, nada mais. Orientando seus quadros na busca de uma linguagem não conflitual, evita os contrastes de cor e as composições exaltadas e assim nos oferece um espaço onde as tensões sutis e a assimetria convergem para um equilíbrio estável, estimulante. E nesse espaço sem barulho que as formas -  figuras? signos? - bailam esvoaçam."
Nas telas da nova exposição deste baiano de Coaraci podemos destacar a sua evolução em tratar a sua temática que está tendendo cada vez mais a fugir da figuração. Notamos também uma evolução qualitativa, na medida em que ele já domina as suas formas, que surgem espontaneamente de sua mente e agora, as secciona num jogo cromático perfeito. Ficamos tentando identificar o que Leonel quer exprimir com esta ou aquela forma.
É um signo? Um objeto? Ficamos perplexos quando fazemos uma leitura e nos deparamos com um título como o que identifica a obra da foto, Caminho de Rebeca. A tela feita em tinta acrílica tem uma figuração semelhante a um girassol, a uma semente germinando ou coisa que o valha. Ela se impõe não pelo que pode representar para nós espectadores, acostumados a decifrar as formas que nos são conhecidas. Mas, principalmente por ser pintura. Simplesmente pintura. Uma pintura forte que nos encaminha pensar e fazer conjecturas sobre o que realmente significa. É exatamente esta comunicação sensorial e inquietante que brota da mente deste artista que aos poucos vem ganhando um lugar ao sol no tão disputado mercado paulista.
Na tela que tem o número cinco que ele intitulou de Eu e Você, apresenta dois corações unidos por dois traços interrompidos, e outro, mais grosso. Nas bordas da tela surgem pinceladas esbranquecidas, tendo como fundo um tom avermelhado.Os que conhecem mais de perto Leonel poderão interpretar melhor esta sua mensagem, que pode ser uma declaração de amor a sua esposa e também pintora Rogéria Mattos. É apenas uma especulação, porque o que o artista deixa transparecer, como diz Ferreira Gullar, e a sua opção preferencial pela pintura. Sua mostra foi aberta na última quinta-feira.

      PINTURAS DE ROGER ROCHA NO MUSEU REGIONAL

Está acontecendo no Museu Regional de Feira de Santana, uma exposição individual do artista plástico Roger Rocha que mostra 20 telas de sua mais recente fase. A exposição foi aberta no dia 31 de março, com a presença de quase todos os secretários municipais, sendo o prefeito Colbert Martins representado pelo vice-prefeito e secretário da Educação, professor Luciano Ribeiro. Na mesma data, no mesmo museu, aconteceu uma exposição coletiva de artistas feirenses sendo, na ocasião, oferecido um coquetel pela Secretaria de Turismo de Feira de Santana.
As exposições comemoram os 22 anos do Museu Regional de Feira de Santana. A exposição de Roger Rocha visa angariar recursos para a construção da sede e teatro da Emproarte, projeto do arquiteto Raimundo Torres. As exposições poderão ser visitadas no horário das 14 ás 17 horas e ás segundas-feiras das 8 ás 12 e das 14 às 17 horas.

 AS GRANDES MANCHETES VIBRAM E NOS EMOCIONAM

Veleiros, uma das boas pinturas recentes de  
Rodrigues
"Inconscientemente, muitas imagens surgem quase que do nada". Esta frase dita por Carlos Rodrigues define um pouco a pintura que ora ele está fazendo. Diante da tela branca, de preferência de bom tamanho, ele entra em êxtase manejando com habilidade o pincel na construção de suas composições formadas por grandes manchas de tintas com espaços definidos por traços escuros e incertos. Aí as figuras são sugeridas, sugestionadas, mesmo delineadas para que o espectador possa recompô-las visualmente.
Suas figuras, na maioria dos casos, não estão explícitas, não estão prontas para serem digeridas. É preciso um pouco de participação, se emocionar com a pujança dos seus gestos e envolver-se na exposição de suas cores.
Quando estou diante de uma tela de Carlos Rodrigues, sinto-me gratificado pelo envolvimento que me proporciona e pela alegria que escancara através de suas grandes manchas. As imagens brotam em meio a esta ambientação multicolorida, muitas provêem do seu inconsciente como se fossem concebidas em momentos de total dedicação aos sentimentos impalpáveis. Esta dominação do inconsciente e da espontaneidade é uma marca muito presente nos artistas contemporâneos. Despreocupados com os rótulos de transvanguardistas, pós ou não, eles vão trilhando os caminhos das suas emoções em busca de uma simplificação da pintura. Vejo acima de tudo na sua obra a pintura. O ato de pintar. A ação do pincel bailando com sensualidade. Na tela intitulada Veleiros, Carlos Rodrigues sugere velas que navegam num mar de profusão de cores, sendo que algumas estão numa posição de difícil entendimento para os que apreciam o gosto da navegação. Talvez eles busquem uma lógica, pronta e definida. O artista se dá ao direito de não buscar lógicas, apenas pintar. Pintando é bastante e, sua arte se impõe por ser pintura. A atitude que sempre observo nos salões das galerias de leigos buscando interpretar as mensagens estampadas através das cores, dos traços e combinações de claros e escuros faz parte do lúdico. Os que são capazes de manipular algumas informações ou conhecimentos prévios dão interpretações mais intelectualizadas, outros, simplesmente, ficam na periferia. Vêem apenas formas triangulares nas velas, sugeridas em Veleiros, por Carlos, e vão em frente procurando identificar outras figuras. Este exercício é salutar, porque o artista os obriga a racionar um pouco, a participar do jogo, tendo como uma criança que está diante de uma peça para desatar o seu quebra-cabeças.
A exposição de Carlos está na Galeria O Cavalete, que funciona numa das salas do Salvador Praia Hotel. Vale a pena dar uma chegada até lá.

                   SÉRGIO RABINOVITZ É O DESTAQUE

A Escola de Belas Artes iniciou o Projeto Destaque, onde um artista é homenageado. Aliás, Malba Vellame introduziu  o Destaque em Salvador com exposições que promovia no Museu de Arte Moderna, no Solar do Unhão. Também a Pinacoteca do Estado de São Paulo promove exposições com este mesmo título. Atualmente, o artista homenageado ou destacado na Escola de Belas Artes e Sérgio Rabinovitz; e Ivo Vellame escreveu algumas palavras sobre sua obra. Vejamos: "Sérgio Rabinovitz, no início da sua produção, como todo grande artista do gesto e do signo, ligou-se a natureza das coisas, antes de conceituar a natureza, até sua obra entrar como entrou nessa ordem abstrata e orgânica. Ao traduzir a sua visão em conceitos, ele cria signos nervosamente articulados entre si, e alguns à semelhança dos graffitis, que invadem os muros das grandes e cinzentas metrópoles. Todavia, ao criar signos e gestos, não recorre às facilidades de texturas artificiais e, aos signos e gestos criados, ele impõe uma ordem depurada de composição e espaço. Rabinovitz é um artista que serve de exemplo, tem uma grande produção artística."

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