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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

VISUAIS - GOYA LOPES - 1º DE OUTUBRO DE- 2002


JORNAL A TARDE, TERÇA-FEIRA, 1º DEOUTUBRO DE 2002.


            GOYA LOPES DESENHA CAPA DE LIVRO

A designer Goya Lopes, criadora da estamparia Didara, é a autora da capa da nova edição de Malês,a Insurreição das Senzalas,de Pedro Calmon, livro com que a Academia de Letras e a Assembléia Legislativa homenageiam o centenário do saudoso historiador ( nascido em Amargosa / BA, em 23 de dezembro de 1902 ). Em 1998, as duas instituições, que mantêm convênio para publicação de livros, patrocinaram a segunda edição do A Bala de Ouro,m outro clássico de Pedro Calmon. Goya Lopes é formada pela Escola de Belas Artes da Ufba e fez pós-graduação em Florença ( Itália). Sua trajetória designer do setor têxtil foi iniciada na indústria paulista há cerca de 20 anos e incrementada, pouco tempo depois, quando optou pela criação da própria marca, a Didara, cujo grafismo mistura influências afros e indígenas brasileiras, predominando a variação de tons de uma só cor ou de duas cores. A artista possui loja  no Pelourinho e exporta os trabalhos para o Estados Unidos e Europa.
Reprodução da capa criada por Goya Lopes do livro de Pedro Calmon.

                                                       INFOGRAVURAS
Será aberta, hoje , a exposição de André Faria que remete ao sistema mitológico indígena transmitido oralmente por várias gerações criando um elo entre as relações socioculturais existentes nessas tribos e a ancestralidade. André explica  que seu trabalho” gira em torno da imagem de uma senhora sentada, apática, mas não distraída. A expressão facial e a tensão muscular demonstram incômodo e falta de perspectivas”. Ele quer questionar sobre nosso País e a nossa identidade. A princípio, a partir de sua imagem, das suas vestes, pode-se pensar em uma índia que carrega alguns traços da civilização ocidental. De alguma forma, isso caracteriza esta nação, mas é como se não estivesse bem explicado, como se algo estivesse por se desvendar. Para ele “ as cores empregadas sobre um fundo de formas concretas remetem ao urucum e ao jenipapo, variações  do vermelho e preto, respectivamente. Para muitas etnias , o urucum aplicado sobre a pele está relacionado às atividades cotidianas ou às festividades; o jenipapo pode trazer signos de luto ou guerra. Assim, pode-se seguir uma ordem no desenvolvimento deste trabalho que culmina com a cor preta, refletindo o momento de inércia e a necessidades de transformação”.

                           INSTALAÇÕES Á BASE DE DENDÊ

O artista plástico Ayrson Heráclito apresentou, no Museu de Arte Moderna – MAM, a exposição Ecologia de Pertencimento,. A mostra reúne três instalações utilizando o dendê como matéria-prima central. A proposta, segundo o artista , “ É uma leitura da História Cultural Baiana,a partir de dados históricos, sociológicos e culturais, visando a uma reflexão sobre questões culturais afro-baianas”. Baiano de Macaúbas,Heráclito é mestre em artes plásticas pela Ufba é professor da Ucsal, já tendo realizado várias exposições no Brasil e no exterior. Ele foi selecionado pelo Prêmio Braskem de Cultura e Arte deste ano, o que lhe rendeu o patrocínio da empresa para a exposição, através do FazCultura ( programa de incentivo à cultura do Governo da Bahia ). ” O objetivo desta exposição é sondar a questão racial na Bahia, ampliar o significado do discurso étnico, especialmente falar dos negros e do holocausto da escravidão”., afirma Heráclito. O produto do óleo de palma é utilizado pelo artista como matéria-prima  central para pensar a cultura baiana. “O dendê não é um elemento pacífico, é ativo, sexual, quente, está associado a divindades, como Exu”., diz o artista plástico.Em sua leitura , ele explica que “toma a escravidão como elemento fundamental do processo investigativo, seu passado e seu presente aberto, metaforizados, ordenados e sistematizados no dendê, em suas cores, volumetria, densidade, solubilidade e condutibilidade”.

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