JORNAL A TARDE, TERÇA-FEIRA , 19
DE FEVEREIRO DE 2002
PAINEL DE BIDA NA RODOVIÁRIA
Painel de Raimundo Santos, o Bida na Estação Rodoviária de Salvador. |
Acervo de obras de arte da Estação Rodoviária
é variado e de qualidade. Lá, você encontra escultura de Emanoel Araújo, em
fibra de vidro, outra de Celso Cunha, em aço carbono, e uma de madeira de Ramiro
Bernabó. Recentemente, foram instalados quatro grandes painéis de 10m X 3m,
sendo dois localizados na plataforma de embarque A,de autoria de Gil Abelha, e
dois na plataforma B, do artista Raimundo dos Santos Bida. Quem está por trás
desse gosto pela arte é o empresário Alfeu Pedreira, um colecionador de arte
conhecido no meio artístico baiano. O importante é que a arte está sendo levada
a um imenso público que transita pela Estação Rodoviária. São milhares de
pessoas que entram e saem e, assim, vão tendo contato com a arte. A presença
das obras ajuda na educação e mexe com a sensibilidade de muitos deles, como,
por exemplo, o painel de Raimundo Santos Bida, que representa uma cena rural de
uma família colhendo mandioca para fazer farinha. Portanto, uma cena conhecida
por muitos que transitam pelo local .
SOCIEDADE BAIANA
O artista espanhol Chema
Rodriguez está residindo em Salvador, acompanhando a esposa, que leciona numa
dessas novas faculdades que surgiram em Salvador. Ele vem
desenvolvendo um trabalho voltado, especialmente, para o retrato de pessoas da
sociedade baiana. Mas, a sua formação acadêmica nos remete aos pintores
flamencos e, examinando o portfólio dele, podemos sentir a sua evolução. Quando
residia em seu país, a pintura era mais carregada de tons escuros, céu
encoberto e as roupas pesadas de seus personagens. Freqüentou os grandes museus
da Europa, especialmente o Museu do Prado, em Madri,teve acesso a bibliografias
variadas de arte e, certamente, sofreu a influência, dos grandes mestres da
pintura. Uma influência benéfica, e, de lá para cá, ele vem evoluindo, buscando
a própria identidade artística. Chema gosta de pintar a figura humana. Retratar
os tipos de rua, segundo ele , “foi a forma que encontrei para refletir sobre
mim mesmo”. Nesta sua reflexão vai captando a luminosidade dos trópicos, as
cores fortes que surgem nas ruas da cidade, os vendedores de todo tipo de
mercadoria, a arquitetura dos casarões. Enfim, este espanhol vibra com a
luminosidade da nossa cidade.
GUACHE MARQUES NA ACBEU
A Galeria Acbeu abre temporada de 2002 com a exposição
individual do baiano Guache Marques, no próximo dia 26. O feirense Guache é
radicado há muitos anos em Salvador - aqui ele realizou seus estudos em artes
plásticas, cursando a Escola de Belas Artes da Ufba, em 1974 a 1980, sendo
contemporâneo de artistas como Bel Borba, Juraci Dórea, Almandrade, Sérgio
Rabinovitz e Justino Marinho. O artista realizou vários painéis em Salvador,
como na Escola de Arquitetura da Ufba, no Cine Glauber Rocha, na Biblioteca Central
da Ufba,dentre outros. Participou de inúmeras exposições e salões, em outros
estados e em vários países como Argentina, Portugal, Espanha e França.
Atualmente, além das artes plásticas, tem-se dedicado às artes gráficas e à
publicidade. Sempre buscando novas formas de expressão artística, Guache já
incursionou por várias técnicas, iniciando a trajetória artística com desenhos
a nanquim e pastel, gravuras e fotodesenhos, até chegar à pintura atual,
realizada em técnica mista sobre tela,
que, pela representação de signos do universo afro-brasileiro, resgata a
tradição e a memória da cultura que influenciou fortemente a nossa própria. Por
meio de massas de tinta, trabalhadas com espátulas e pincéis, da predominância
das cores quentes, como o amarelo, o vermelho e o ocre, e do uso das sombras,
Guache Marques construiu uma obra intimista e, consequentemente , universal.
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