JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 1989
Terciliano ao lado da obra Padê, contente com a exposição |
Segundo me informa, tem sido boa
a receptividade dos americanos com relação aos 14 artistas brasileiros que
estão expondo, entre os quais Edson da Luz, Juarez Paraíso e Maria Adair, além
de Emanoel Araújo. Terciliano faz ainda na Brockman Art Gallery uma exposição
individual e estão programadas para o mês de março na Boyrin Gallery, e
finalmente em abril, na PEG Alston Gallery, em Nova Iorque.
O catálogo da exposição
Introspectives é simples. Apenas uma folha pouco maior que um papel ofício com
cinco reproduções em preto e branco, do brasileiro Emanoel Araújo, Emílio Cruz
e Mary O’neil, planta do museu e uma gravura de uma figura negra, sem
identificação do autor. Estou citando detalhes do catálogo para que possamos
verificar que muitos artistas brasileiros e, em particular baianos, fazem muita
questão do catálogo luxuoso. Coisa de subdesenvolvimento. O que importa é o
registro.
Se puder ser de papel couchê, de
preferência de 60kg, ótimo. Se não puder, faz o que pode, o que conseguir do
patrocinador. Volto a insistir que o importante é o registro do evento para a
própria história da arte feita aqui.
ACERVO DE VERGER SERÁ REUNIDO NUMA FUNDAÇÃO
O etnólogo e fotógrafo Pierre Verger |
De lá para cá ninguém mais falou
na Fundação Pierre Verger, que tem um acervo fantástico deste homem que
documentou os lugares por onde andou.
A secretária geral da Fundação Pierre
Verger, Arlete Soares, também na época diretora da Fundação Greogório de
Mattos, destacou que a entidade foi
criada com o objetivo de preservar o farto e rico material coletado pelo
etnólogo Pierre Verger nos últimos 50 anos. Voltado especificamente para as
relações entre a África e o Brasil, especialmente a Bahia, o acervo de Verger é
composto de cerca de 60 mil negativos de fotografias, três mil livros, muitos
deles considerados raridades bibliográficas, milhares de horas de gravações de
músicas registradas no Brasil e na África e documentos de arquivos sobre o
tráfico de escravos, entre outros materiais.
TRÊS EXPOSIÇÕES VÃO ENFOCAR AS
MULHERES
Durante o mês de março o Projeto
Arte Mulher realizará três exposições no Shopping Barra, mostrando a criatividade
e a sensibilidade dos artistas plásticos. Ambas vão evidenciar a figura
feminina, abrindo o ano artístico com um grande evento.
O projeto apresentará no dia 8 a mostra Mulheres Artistas, a
arte profunda e sensível da mulher baiana.
No dia 17, será a vez da
exposição O Artista Vê a Mulher, uma visão da mulher através da arte.
Finalmente, no dia 27, uma mostra de fotografias intitulada Mulheres Bonitas e
Sensuais. O visitante terá oportunidade de apreciar detalhes enaltecendo a
beleza e a sensualidade do corpo feminino. Quem está promovendo as três
exposições é a Panorama Galeria de Arte, as quais contarão com artistas de
vários estados.
GINA EXPÕE SIMBIOSE E FAZ HOMENAGEM AO LÍDER CHICO MENDES
Olho do Universo, Ternura, Face Oculta, A Sereia e a Lua e Olhar de Rá são alguns dos títulos dos 28 quadros da artista plástica baiana Gina Agnalda Rodrigues da Silva que, de hoje até o próximo sábado, estarão em exposição no segundo piso do Shopping Barra.A abertura da mostra será ás 18 horas, com um coquetel aos convidados, mas o público poderá ver os quadros de Gina a partir das 9 horas, quando o shopping começa a funcionar.
Os quadros da artista são na técnica de pintura em pastel. E o título da exposição é Simbiose. Entre os trabalhos de pintura, Gina exporá também uma poesia feita em homenagem ao líder sindical e ecologista assassinado recentemente, Chico Mendes, cujo título é Pulmão da Humanidade. Em gratidão à sua coragem, ao seu amor e sua dedicação ao maior ecossistema do mundo, ressaltou a pintora e poetisa.
A temática da mostra de Gina é a simbiose, ou seja, a associação de duas plantas ou de uma planta a um animal. Ao expiorar esse tema faço um estudo abstrato de animais e vegetais dentro de uma visão surrealista, disse a artista.
MÍSTICA
Com simbiose, Gina faz o seu debut no mundo das artes plásticas: desde adolescente venho pintando, mas sempre em cartões que faço para Natal e festas de aniversário. Foi a partir de outubro do ano passado que comecei a pintar em tela e em toda a minha vida esta é a minha primeira mostra.
Nunca expus nem mesmo em exposição coletiva.
Gina justificou o fato de ter escolhido as plantas, ou melhor a simbiose, para realizar a sua primeira mostra, devido o seu fascínio por flores e plantas e também por ser professora de Ciências ensina no Colégio Azevedo Fernandes, no Pelourinho e estar sempre manipulando com a Botânica, parte que diz gostar especialmente.
A artista explicou ainda que os seus trabalhos carregam também um certo misticismo vide alguns nomes da obra de Gina Olhar do universo, Semente da Paz e Face oculta, talvez porque ela faça parte as sociedade mística Seicho-No-Iê, de origem japonesa.
Para Gina, o ato de pintar é uma espécie de renascimento, em que a pessoa coloca muito do seu subconsciente na tela. Pintar é transcender o ego e sorrir para o universo, definiu.
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