O FASCÍNIO DE MARCO AURÉLIO NO HOTEL MÉRIDIEN

São vinte trabalhos que estarão sendo mostrados a partir do
dia 30 no Hotel Méridien, lado a lado com as araras, uma feliz coincidência,
porque as pessoas poderão confrontar o real com as fantasias. Certamente o
ambiente estará mágico no dia da vernissage, com o artista revelando gostar de
pintar a mulher, transformada em sereia, “ como se elas estivessem saindo da
água”.
Quando um artista se dispõe a falar de outro, é porque no
mínimo, reconhece valor no seu trabalho, gosta, aprecia ao ponto de
recomendá-lo ao público e foi assim que o pintor baiano Carlos Bastos falou do
emergente artista plástico macaeense Marco Aurélio.
“Não estou aqui para julgar o artista e sim para apontar no
meio das artes plásticas locais sua aparição. O próprio pintor é naturalmente
um denunciador da sua própria alma, da sua própria existência interior e Marco
Aurélio se vê, através da sua multiplicidade, uma herança de vida cheia de
herança prematura, uma vida sofrida em um ser alegre. As influências e os “
leit motives” herdados das suas experiências anteriores, tecidos, em movimento
com a moda e conhecimento vasto da espécie humana.
Esta é a primeira apresentação de seu trabalho ao público e
isto para todo artista é como encontrar-se em estranhos labirintos, do qual ele
certamente encontrará saída no decorrer da sua própria carreira. Sua pintura,
nem folclórica nem tropicalista, emana a alegria e a nostalgia carnavalesca,
irreverente da nossa época e dos nossos jovens, como uma acrobacia circense de
força alucinatória, criando fundos e cenários de folhinhas de calendário
kitsch.
Julgar um artista é difícil para outro, especialmente quando
se é confundido com a admiração pelo seu modo de viver e ser. Sua personalidade
desengajada, livre, boêmia, sábia e inteligente.
Conheço-o há vários anos, nas noites do Rio, nos vôos
internacionais de viagens de sonhos... me lembro uma vez, ouvi alguém me
chamando em uma noite em Londres , há uns dez anos. Era ele saindo de um
nevoeiro , fog, como um fantasma Apolínio no meio da noite sorridente. Como é
cheio de surpresa, vivo, inteligente e curioso, se espera sempre que ela saía
de repente de uma e entre em outra.Possa mudar totalmente o estilo, de forma e de desenho
porque nele há este fogo na procura do saber, da liberdade de mudar quando quer
e é preciso. Desta vontade frenética de transmitir o seu mundo e sua alma ao
outro, ele é capaz de desagregar a ordem racional das coisas, das cores, e das
formas convencionais. Aonde estava um olhar, já sobre uma dilatação fixa e
estúpida pupila militante. Aonde está a cavidade de um olho há agora um arrepio
de loucura, de doçura, de medo ou de amor, porque são agora: sereias, virgens
ou mulheres, podem ser inconseqüentes demônios tentadores, envolvidos pela
natureza irremediavelmente tropical.
Suas personagens se instalam provisoriamente entre frutos,
flores, pavões, bicos e pássaros e paraísos e repousam no estado de alma atual.
Sua fantasia não é gratuita.Ela é desejada, pura e autêntica. Por isso não
podem julgá-lo apressadamente. É fascínio.(José Heraldo)
INFLAÇÃO GALOPANTE ATINGE MERCADO
DE ARTE ARGENTINO
Nos últimos dias foram registrados em Buenos Aires excepcionais
operações no mercado de arte, tendo os principais lances triplicado frente às
estimativas iniciais.
As quantias alcançadas por pinturas, pratarias antigas,
moedas, antigos relógios de ouro e esmalte, jarros, tapetes, móveis, biombos
pintados com miniaturas de paisagens e pássaros, e outros objetos artísticos
raros superaram as espectativas mais otimistas dos vendedores, e causaram
surpresa, mesmo que possa parecer que já não existe mais surpresas num país
onde o dólar subiu 300 mil por cento desde 1948.
Os especialistas, àqueles que dizem entende a kafkiana - mais que esotérica - economia argentina, acreditam que a incerteza no mercado
financeiro habituais e expectativa de alta taxa de inflação constituem duas das
principais causas do espetacular auge no mercado de obras de arte.
Estão reduzindo - senão desaparecendo - as alternativas
convencionais de investimentos, pelo que o argentino muito ávido de dólar se
apressa em colocar seu dinheiro em outros meios de reprodução, já que não pode
adquirir as verdes divisas norte americanas porque as agências de tropa proibem
sua venda a particulares por decreto oficial.
Quem pode comprar dólar na Argentina, quando a mirífica
moeda dos Estados Unidos acaba de bater todos os recordes de alta da história
do país, colocando-se a 36 mil pesos com aumento de 300 mil por cento desde
1948, um e oitocentos por cento em um ano, 260 por cento em seis meses e 140
por cento em 48 horas?
Os argentinos - os que podem - claro, estão se lançando à compra
de terra, automóveis, quadros, jades,ou estatuetazinhas de Tânagra. A febre
de investimento, de economizar, de capitalizar-se, está para substituir a
febre do dólar, divisa a ponto de converter-se, agora mais que nunca, na
essência da alma dos argentinos. Vamos às provas: em um primeiro leilão
realizado recentemente na Naom , uma das mais tradicionais casas do ramo, algo
assim como a Sotheby’s portenha foram pagos 3 mil dólares por uma mesa colonial
de jacarandá, um trabalho criolo com românticas flores violetas. Outra mesa ,
esta no estilo Luiz XVI foi vendida exatamente pelo dobro, é importada, disse
um entendido.
Mas o recorde de móveis foi batido por uma cômoda, também
importada, francesa, estilo regence,por 10 mil dólares.
Em matéria de pinturas, as obras européias alcançaram os
lances mais altos. Um Corost, por exemplo foi vendido por 8 mil dólares.O recorde local, rio-platense pelo menos, foi estabelecido pelo uruguaio
Carlos Gallero, que vendeu um óleo por 3.500 dólares.
Em outra sala pagaram
3.500 dólares por uma escultura de Rodin. Os especialistas do mercado de obras
de arte sublinharam que os investidores estão retirando-se do sistema
financeiro e atirando-se como o gavião sobre a pomba - sobre bens poupáveis.
Destacaram , ainda, que nas últimas operações importantes a
maioria dos compradores não era colecionadores conhecidos, nem mesmo
afeiçoados à arte, mas pessoas mais ou menos jovens e mais ou menos ricas que
queriam comprar para investir.
MURAL



A exposição pode ser visitada das 8 às 12 e das 14 às 18
horas, durante vinte dias. Além das telas de Magnólia, o público terá
oportunidade de conhecer o variado acervo do Museu que apresenta a Bahia e
principalmente a Cidade de Salvador em todos os aspectos culturais.