JORNAL A TARDE, SALVADOR,
SÁBADO,4 DE SETEMBRO DE 1976.
A
exposição organizada pela Galeria Tempo instalada no Salvador Praia Hotel de
trabalhos do artista Lev Smarcevsky é uma aventura pelo mar com seus mistérios
e sua magia.Já conhecemos o temperamento irrequieto de Lev,que cansado de estar
na terra resolveu construir um barco e sair por ai juntamente com outros
colegas de aventura.Era o Santa Cruz, que foi admirado por ser um museu
ambulante. Lá você podia encontrar gravado em suas paredes trechos de Jorge
Amado e escultura de Carybé, telas de vários artistas baianos e até comida
típica.
Portanto,
quase um bazar flutuante que assim divulgava lá fora o que de mais interessante
existe naquela época na Bahia. Sabemos também que sua viagem foi interrompida
por questões que não merecem ser lembradas e que o Santa Cruz foi vendido e
recentemente naufragou. Mas, em terra firme o navegador Lev parte para a
pintura que sempre foi uma constante em sua vida. Mesmo na pintura sua temática
predileta são as coisas do mar ou ligadas ao mar. São as embarcações
imaginárias, os lemes e os peixes.
Como
afirma Jorge Amado, “ o Lev é um homem múltiplo e sempre capaz e brilhante e
toda e qualquer de suas atividades. Arquiteto de fundamental importância no desenvolvimento
da arquitetura moderna na Bahia, vindo dos escritório de Oscar Niemeyer e Sérgio
Bernardes, industrial criando riquezas e seguindo e seguindo adiante, pois
nasceu para escravizar-se à riqueza e, sim, para realizá-la; decorador, criador
de móveis, esportista, correndo sobre a terra e o mar, no ronco do motor e no
assovio do vento; boa prosa, terno amigo, coração enorme, sendo tanta
coisa,dando tanto de si e tomando da vida com ânsia e alegria... Transcrevo
este texto de Jorge Amado para termos uma ideia da multiplicidade e da
necessidade de criar deste siberiano que aportou na Bahia.
Antes
de ser armada a exposição, estive visitando a Galeria Tempo para observar
melhor os trabalhos de Lev.Gostei de alguns, especialmente aqueles que não
aparecem os barcos.São mais fortes e expressivos e lembram o mar, porém os
barcos assemelham-se àqueles que comumente vemos nas figuras do compêndios de
História Universal. Não existe, evidente uma preocupação do múltiplo Lev em
inovar, em criar algo de novo. Apenas está preocupado em retratar aquilo que
lhe toca mais de perto as embarcações imaginárias, que poderiam lhe conduzir a
outros pontos da terra.Por outro lado, a multiplicidade de aptidões pode a
princípio parecer uma vantagem: outras vezes, a multiplicidade provoca a
dispersão e algumas aptidões passam para o plano secundário, prejudicando o
homem múltiplo como um todo. Estamos no século XX onde a especialização é uma
virtude. Não estamos vivendo a época dos enciclopedistas
O
CALENDÁRIO DE ILSE
A Arca de Noé, pintura de Ilse Hansen |
A
sua técnica pode ser considerada exclusiva pelo emprego de folha de ouro, que
acrescentam maior beleza,lembrando pinturas antigas. As caras largas e os olhos
grandes das figuras chamam logo a atenção pelo desproporcional tamanho da
cabeça, quase que a esmagar o resto do corpo,seja pelo ambiente místico como
que estão contemplando o mundo conturbado de hoje.
A
pintura de Ilse inspirada em temas do Velho Testamento, é semelhante a
executada tradicionalmente pelos monges nos velhos conventos etíopes. O
festejado pintor feirense Raimundo Oliveira também baseou-se na arte etíope e
suas figuras são aparecidas com as criadas por esta artista.
FORMAS
DE GARRAFA DE FORNOS
Os fornos em forma de garrafa do Museu de Gladstone |
Na
Inglaterra existem dois enquadrados neste último caso: o Gladstone Pottery
Museum e o Wedwood Visitor Centre, situados no distrito do condado de
Sataffordsire conhecido como The Potteries (As Olarias)
Wedwood
é um dos nomes mais conhecidos entre os apreciadores de louças finas, e o
primeiro oleiro Wedgwood de quem se tem conhecimento, Gilbert, já estava
fabricando vasos em Burslem em 1612. Quatro gerações mais tarde, em 1759, seu
tatarento Josiah 1730-1795 fundou a firma atual. Em 1940 a fábrica mudou-se para
novo prédio em Barlaston, cinco milhas ao sul de Stoke. No local foi criado o
museu que possui importantes trabalhos realizados durante o tempo de seu
funcionamento.
Em
contraste está o Gladstone Pottery Museum, que fica a algumas milhas de
Longton. Lá estão quatro enorme fornos torrejando sobre um pátio calçado de
pedras e fechado por oficinas que trabalhavam os oleiros no início da era
vitoriana, e cujos processos antigos podem ser vistos em parte ainda hoje. Os
fornos em forma de garrafa eram antigamente um dos aspectos característicos da
paisagem de Stoke.
PAINEL
ESTREANTES-
A Galeria Panorama realiza o seu Sétimo Salão de Estreantes que estarão expondo de 3 a 3 do corrente dezenas de
telas. São 31 novos artistas entre os quais Marluce Morais Brito, Manoel
Baqueiro Duran e Tereza Rocha de Almeida.
INFANTIL-
o curso iniciação às Artes Plásticas da Escola de Belas Artes da UFBa, está
promovendo uma mostra de Arte Infantil sob a responsabilidade a professora
Dagmar de Souza Pessoas. Participam Andaiá Lima Mello, Antônio dos Santos
Ferreira, Arnaldo Antônio Filardi dos Santos, Viviani Guissoni, Márcio de Jesus
H. Angelini, dentre outros.
NO
CARRO DE BOI- o restaurante que é centro de atração em Feira de Santana está
abrigando a mostra de Zé Maria. São
desenhos de boa qualidade.
QUARENTA E SEIS- o Lions Clube de Salvador Centro organizou uma exposição dos 46 quadros concorrentes ao II Concurso de Pintura, sob o tema Salvador vista pelos seus adolescentes. Os adolescentes mostraram seus trabalhos na Panorama.
CENEARTE-
O Cenearte, grupo de artistas novos, todos alunos de Arte e Desenho
Publicitário do Centro Interescolar de Nazaré realizou uma exposição de Adelson
Veloso, Letieres Leites, Lícia Alves, Nilton Andrade, Osvaldo Santos, Paulo
Espírito, Péricles Calafanga e Sérgio Miller.
LEILÃO
DE ARTE- A Galeria, em São
Paulo realizou um grande leilão de arte de obras de Dacosta,
Neri, Portinari, Carlos Oswaldo, Marysia, Bonadei, Pennachi, Rego Monteiro,
Zanini, Graciano, Rebolo e Di Cavalcanti.
DUAS
MULHERES- com uma exposição de xilogravuras de duas novas artistas, Mercedes
Rosemberg e Cynira de Barcellos, a Galeria Morada realiza a partir do dia 7 de
dezembro. A primeira parte do desenho linear em preto e branco, com parcimônico
uso da cor, captando na sua temática as árvores e figuras em simbiose. Já Cynira
desenvolve sua gravura com a temática bichos e pássaros. Na foto ao lado a gravura Perfídia, de autoria de Cynira da Barcellos.
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