JORNAL A TARDE SEGUNDA-FEIRA 18
DE DEZEMBRO DE 1989
VINTE XILOS DE FLORIVAL COM
FIGURAS DESCONHECIDAS
Vinte xilos de Florival Oliveira expostas na ArtNata Galeria de Arte tem força extraordinária Poe ser uma manifestação onde o artista conseguiu a síntese. Com traços e formas indeterminados ele criou figuras sobre as quais o espectador fica procurando identificá-las com objetos conhecidos. Mas, fruto é fruto de sua imaginação onde a xilogravura assume o seu papel fundamental. É um trabalho na apenas de fôlego e pela energia desprendida para cortar com firmeza a madeira, mas também nos apresenta toda a pureza das reentrâncias do suporte.
Suas
figuras inéditas são frutos, segundo Florival, de uma contrição muito grande.
Acho que encontrei um ambiente adequado para fazer esses trabalhos.
Quando
examino as gravuras sinto que o seu inconsciente externou coisas relacionadas
com sua terra. No Riachão do Jacuípe. Mesmo que intencionalmente o artista não
tenha desejado expressar, , vejo dentro do universo dos seus sentimentos a
forte presença do vaqueiro, dos bois, do facão, instrumento de trabalho
indispensável ao homem do campo, e peças ou ferramentas de fechar cancelas,
cunhas, enfim, toda uma simbologia nordestina.
A
indenização de suas figuras ou mesmo o desconhecimento do que representam já é
suficiente para nos fazer imaginar e também participar da sua criação. São
obras que instigam a nossa imaginação e neste mundo onde recebemos tudo pronto
para degustar ou deixar de lado, é hora de fazer uma pausa e começar a pensar
no que deseja Florival.
Florival Oliveira tem 36 anos, é natural de Riachão do Jacuípe, vem desenvolvendo desde 1980, a gravura. Tendo
participado de eventos ligados ás artes plásticas na Cidade do Salvador e em
outros estados, cidades do interior e comunidades, tipo: penitenciaria, bairro
da cidade Lobato, órgãos do estado Fundação das Artes e escolas, se preocupa
fundamentalmente com a evolução da linguagem plástica, desenvolvendo pesquisas
e estudo nas técnicas de têmpera, xilo, lito, metal e serigrafia.
Em
1980 participa da Mostrasete no MAMB, em
81 do Salão Nacional no Rio, coletivas nas galerias Cañizares, ICBA, Gabinete
Português de Leitura, Funarte (Rio), Parque Lage (Rio), São Cristovão
(Sergipe), galerias particulares, Cavalete, Época, Multiplus, exposições no
interior: Vitória da Conquista, Feira de Santana etc. Realizou trabalhos
coletivos nos muros da cidade e instituições públicas, supervisor e coordenador
da oficinas do MAMB e neste momento mostra a sua gravura, na Galeria Art/Nata na
Rua Visconde de Itaboraí, 438, Amaralina Salvador/BA, na técnica de
xilogravura.
CERAMISTAS BRASILEIRAS NA I BIENAL DE AVEIRO
Espada de Ogum,escultura de cerâmica de Grace Gradin |
Graça Gradin faz cerâmica há 13 anos e dedica-se com empenho à cerâmica de alta temperatura, usando forno à lenha. Já participou de várias coletivas nacionais e internacionais. Para ela " cerâmica é a arte de sempre. Nasce enquanto é sonho, cresce com o artista. Permanece através de milênios."É mineira de nascimento e vive aqui em Salvador.
Suca trabalha também há 13 anos com o barro e vem desenvolvendo uma proposta de escultura, com elementos disponíveis. Sempre está pesquisando argilas para as composições de diferentes tipos de massa. Já fez exposições coletivas em várias partes do Brasil. Suca entende que é através da cerâmica que aprende a viver. " Lidar com um elemento base de todos os seres vivos que habitam a Terra, isto é, a própria Terra, leva-nos a voltar para a nossa essência buscando o autoconhecimento e vislumbrando o motivo pelo qual estamos neste planeta".
JOSÉ BANDEIRA EXPONDO
O
pintor José Bandeira está expondo vários quadros no novo espaço cultural criado
pelo Citybank, na Barra.Bandeira
é um dos bons pintores primitivos da Bahia, com um colorido vibrante e traços
irregulares que demonstram o naif de suas obras, sem no entanto perder a
qualidade. Já fez dezenas de exposições coletivas e individuais em Salvador,
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Tem quadros em coleções de muitos
viajantes estrangeiros. Participou da II Bienal de Artes Plásticas da Bahia, em
1968, e também do último salão promovido pela Fundação das Artes.
Bandeira
é uma figura muito querida entre a geração que viveu no pensionato do Padre
Torrend, na Vitória, quando o movimento estudantil tinha um sentido mais
aglutinador e defendia questões significativas da vida acadêmica e política do
País. Foi uma geração que deixou marcas e saudades, porque, no romantismo do
movimento estudantil, imaginou até que estava próximo do poder. Hoje já
cinqüentões ou quarentões, muitos estão pó aí ocupando cargos de destaque, na
política ou mesmo exercendo suas profissões liberais, não tão liberais assim,
porque quase todos se transformaram em assalariados.
ABELLEIRA
VAI À ESPANHA
A
primeira exposição individual fora do País, do artista Abelleira (foto) será
realizada na Espanha a partir do próximo dia 15 de janeiro. Ele fará a primeira
exposição na cidade de Pontevedra no dia 26, a mesma mostra irá para a cidade de Santiago
de Compostela e, no dia 6, estará em Madri.
Ele
está expondo há 10 anos, tendo realizado mostras individuais em Salvador, São
Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Começou fazendo retratos de mulheres e agora
Abelleira mostram mais segurança quando suas figuras começam a incorporar cenas
do cotidiano, inclusive a individualidade que marcava os retratos foi
substituída pela presença de vários elementos em seus quadros. Isto não quer
dizer que ele tenha abandonado totalmente o retrato. Não, continua fazendo alguns,
porém, está empenhado neste novo filão.
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