JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 12 DE
MARÇO DE 1977
O mercado de arte na Bahia é capenga em relação a outros centros mais
adiantados. Um mercado que oscila e depende de um minguado número de
colecionadores, alguns novos ricos e turistas. Aliado à falta de quantidade de
consumidores de arte encontramos a falta de preparo dos proprietários e
dirigentes das nossas pobres galerias de arte. Basta dizer que acerca de dois
meses que nenhuma exposição de interesse
é realizada. Tudo está parado. O pior é quando uma galeria programa um
vernissage, aparecem duas ou três concorrentes, que marcam também a mesma data.
Com isto os salões dessas casas ficam semi vazios e os convidados passam a ser
disputados mesmo que não venham adquirir os quadros expostos.
Querem
salvar a aparência e esconder a falta de entrosamento e programação.
Tenho
comparecido a quase todas exposições realizadas por nossas galerias de arte e
posso afirmar que realmente ainda
estamos muito longe de apresentar algo de novo. O que vemos é um garçom mal
vestido distribuindo batidas de péssima qualidade ou doses de um barato uísque
nacional que no dia seguinte dá uma ressaca danada. Assim os habitués
divertem-se saboreando os poucos salgadinhos e tomando as fracas doses de
uísque. Os quadros ficam às moscas, porque na realidade poucos para ali foram
com o objetivo de observá-los. O catálogo geralmente é também de péssimo gosto.
Pobre, porque o pobre do artista não pode gastar muito. A percentagem de 33%
que as galerias de arte cobram representa um verdadeiro assalto ao responsável
pela criação. O intermediário leva quase a metade. É preciso valorizar melhor o
ato da criação porque vender é muito mais fácil.
Além
desta percentagem é por conta do expositor os gastos com catálogos, selos,
táxi, estacionamento, coquetel e muita outras coisas que parecem no momento de
montar e desmontar a exposição. No final o artista vende poucos quadros e tudo
vai na despesa. O único consolo é que no próximo catálogo de uma nova exposição
já constará: exposição realizada no dia X, na Galeria Y, Salvador Bahia 1977.
Mas um pontinho no seu célebre curriculum.
Temos
ainda de considerar que as nossas galerias estão aquém de um local adequado
para uma mostra representativa. Basta dizer que a maioria está instalada em
casarões inadaptáveis. Outras em seletas onde o visitante entra e sai
imediatamente porque não tem possibilidade de sentar-se. É a improvisação tão
comum no brasileiro e mais freqüente no baiano, que sempre arranja um jeitinho.
É preciso que programemos nossas exposições e que as galerias de arte pensem um
pouco nos artistas que são a razão de sua existência.
DESNUDARAM
CRISTO
Um
Cristo desnudo está gerando controvérsias. Trata-se de um trabalho da pintora
Bina Maraldi Dini. Uma artista desconhecida na Itália que resolveu pintar um
Cristo totalmente desnudo no muro da cripta da antiga abadia de São Bernardino
de Siena. A obra foi encomendada pelos frades franciscanos e passou
despercebida algum tempo.
Porém,
um turista inglês viu a obra e fotografou e enviou uma enérgica carta de
protesto ao Vaticano. O resultado é que os especialistas consideraram a obra
como medíocre e contratante com o estilo da cripta. Com isto foi feita uma
barreira de ladrilhos e o Cristo está coberto.
Busto de prata de um rei persa exposto em Londres |
Preciosos tesouros de ouro e prata do grande Império Romano serão mostrados no Museu Britânico de Londres, numa exposição que irá de 1º de abril a 30 de setembro do corrente ano.
Intitulada
Riqueza do Mundo Romano, esta exposição, uma das mais importantes desde a bem
sucedida exposição de Tutankhamon, Incluirá artigos emprestados do Metropolitan
Museun of Art, Nova Iorque e do Hermitage de Lenigrado. Estarão expostos mais
de 800 objetos, inclusive moedas, medalhas, taças, placas e jóias.
Um
dos que despertarão maior interesse, naturalmente, será o famoso Cálice de
Antioquia, considerado por muitos estudiosos como a taça usada por Cristo
durante a Última Ceia; de prata, datando do século IV, o cálice foi encontrado
por trabalhadores árabes que escavavam um poço em Antioquia.
O
tesouro descoberto em um campo arado em Water Newton , no condado de Huntingdonshire, há
dois anos, será exposto ao público pela primeira vez. O tesouro de Walter
Newton é a mais antiga coleção de prataria da Era Cristã, jamais encontrada.
Tesouros
encontrados em Chipre também estarão reunidos pela primeira vez.
Entre
os objetos contam-se um grande colar de ouro, um sólido cinto de casamento, de
ouro, e uma bela série de placas de prata contando a estória de Davi e Golias.
A
exposição Riqueza do Mundo Romano custará mais de US$ 170.000 para ser montada,
e o Museu Britânico espera pelo menos um milhão de visitantes.
A
TÉCNICA DO SILK-SCREEN
O ator Marlon Brando, reproduzido em silk-screen |
OS MATERIAIS:
Filme
Poliéster para Silk-Screen, no qual o desenho será recortado.Deve-se
calcular a medida pelo tamanho do desenho, sem esquecer de deixar margens de
pelo menos um dedo de largura de todos os lados;
PUXADOR:
espécie de pequeno rolo manual com o qual se passa a tinta sobre a tela depois
de pronta.
MOLDURA:
Composta de quatro ripas de madeira com uma tela de nylon esticada por cima, a
moldura deve ser um pouco maior do que o filme recortado e pode ser feita em casa. Para isso, basta
montar os quatro pedaços de madeira, molhar um pedaço de tela de nylon e depois
pregar com tachinhas. A tela, que pode ser encontrada em lojas de tecidos ou
armarinhos, deve ser esticada como um tambor, sempre com cuidado para não
rasgar.
FACA
DE ARQUITETO: parecendo uma navalha, embutida em revestimento plástico, ela
pode ser encontrada nas papelarias em diversos modelos. Para o trabalho a ser
feito pode ser escolhido um tipo bem simples. A faca serve para recortar o
desenho do filme.
THINNER:
produto químico que gruda o filme na tela. Pode ser comprado em qualquer loja
de tintas.
DOIS
PEDAÇOS DE PANO: um para passar o thinner, outro para ir enxugando o excesso.
TINTA
DE IMPRIMIR FAZENDA: de qualquer marca (tintex, imprimex, etc.
ROLO
DE FITA ADESIVA DE PAPEL: espécie de fita durex, só que de papel. Deve ser
escolhida uma que tenha pelo menos dois dedos de largura.
MANEIRA
DE FAZER: Arranje a superfície que será impressa, de modo que ela fique bem
passada e limpa. Escolha o desenho de preferência algo simples, sem muitos
detalhes, como, por exemplo, uma estrela. Depois de escolhido o motivo,
desenhe-o numa folha de papel branca e pinte-o por dentro, com lápis de
qualquer cor, para facilitar na hora de recortar e o filme. Não se esqueça que
a parte a ser recortada no filme, é apenas a que vai receber a cor.
Coloque
o filme, que é meio transparente, sobre o desenho, observando o seguinte: o
filme é composto de duas folhas plásticas, uma transparente e grossa, outra
colorida e muito fina. Tente separá-las com a unha, ou uma lâmina de faca, numa
das margens, apenas um pouco, para distingui-las bem. A falha mais fina e
colorida deve ficar para cima. A mais grossa fica em contato com o desenho.
Então com a faquinha vá recortando apenas o lado mais fino do filme bem de
leve, para não cortar a segunda folha, sempre seguindo o contorno da estrela.
(1).
Quando
acabar de contornar toda a estrela, puxe-a com a unha ou com a ponta da lâmina, sempre devagar, para não tirar
nada mais do que a estrela (2).
Agora
cubra uma mesa com jornais. Para não manchar nada. Coloque o filme com a
estrela vazada sobre a prensa, com o lado da folha a mais fina para cima. Isso
é muito importante. Apanhe a moldura. O lado da tela fica para baixo em contato
com o filme. Molhe um dos panos no thinner e passe na tela com força (3). Ele
vai fixar o filme á ela de nylon.
Com
o pano seco, vá esfregando logo em seguida para espalhar e secar o thinner que
é um produto corrosivo; se não for secado rapidamente pode comer a folha da
estrela. Quando estiver passando o thinner, tenha cuidado para não mexer a
moldura e logo que tiver passado a primeira demão não separe mais a tela do filme: eles já estão
colando.
Com
o filme todo colocado e bem seco espere alguns minutos, desvire a moldura e
comece a puxar a folha plástica grossa e transparente, destacando-a toda, bem
de leve (4)
O
mais difícil já foi feito.
A
moldura está com o filme criado e somente a estrela vazada deixa a tela de
nylon á mostra. Agora é preciso passar a fita adesiva bem esticada pelos lados
da moldura, sobre a junção do filme com a tela para não haver vazamento de
tinta durante a impressão (5). Lembre-se que todas as áreas sem filme sairão
impressas na fazenda: qualquer buraco indesejável deve, por isso, ser tapado
com esta fita, de modo que apenas o desenho fique vazado (6). Mas se houver um
pequeno rasgo no contorno da estrela ainda há um jeito: basta emendar nesse
pedaço uma tira de filme, tendo o cuidado de passar o thimmer por cima, como já
foi ensinado.
Estique
a fazenda muito bem passada sobre a mesa.
Caso
seja de malha, coloque num jornal ou papelão por dentro, para não manchar o
outro lado. Em seguida ponha a moldura em contato com a fazenda, sempre com o
lado do filme para baixo. Derrame a tinta escolhida num prato raso para
facilitar seu trabalho.
O
rodo é um pouco largo, fica mais fácil derramar a tinta numa superfície chata
um prato, por exemplo, do que trabalhar direto no vidro. Com o rolo molhado na
tinta e segurando firme a moldura com a outra mão faça pressão para baixo,
comece a passá-lo na tela de um lado para outro (7). Não encharque tudo, vá
pegando a tinta devagar. Recolha e espalhe algumas vezes por toda a área
vazada. Preste atenção nas pequenas áreas, no caso as pontas da estrela, para que
não saiam mal impressas. No final raspea sobre de tinta com o rodo mesmo. Depois segure a fazenda e vá
levantando a moldura devagar: se escorregar, mancha (8).
O
desenho está impresso.
Deixe-o
secar. Algumas tintas precisam de até 24 horas para se fixar bem.
Por
isso é melhor esperar pelo menos um dia para lavar o tecido ou camiseta etc.
também é importante ler as instruções que acompanham a tinta, para que não saia
nada errado.
Depois
de tudo pronto, lave bem a tela com água corrente, passando a ponta dos dedos
de leve até soltar toda a tinta. Para escorrer melhor, é bom deixar a tela de
pé. Em seguida lave o rodo: o material limpo facilita o novo trabalho.
COMO
IMPRIMIR EM VÁRIAS
CORES.
Para
imprimir desenhos com mais de uma cor, três, por exemplo, é preciso observar
alguns pontos. O principal é que cada uma das cores requer uma tela diferente.
Aqui vai uma explicação, rápida, de como deve ser feito: faça o desenho,
colorindo conforme desejar. Nada de cores em claro-escuro ou em tonalidades
diferentes, esta técnica, muito simples, pede cores fechadas, sempre numa
tonalidade só. Por exemplo, a bola de um sol pode ser vermelha e os ratos
amarelos, mas na se pode tentar efeitos de nuance dentro da bola, indo do
vermelho ao laranja. Só daria certo se fossem áreas diferentes: o pedaço
correspondente ao círculo do sol em vermelho, numa tela só para tinta vermelha,
e o outro pedaço, dos raios laranja, em outra tela. Com o desenho colorido
coloque o filme sobre ele de maneira anteriormente explicada. Escolha uma cor e
recorte neste filme apenas os contornos desta cor. Em outro filme corte o
contorno de outra cor e assim por diante, fazendo uma tela par cada cor apenas.
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