JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 21 DE MAIO
DE 1977
Sessenta trabalhos de Lasar Segall estarão expostos no Museu de Arte Moderna a partir do próximo dia 30, numa promoção da Secretaria de Educação e Fundação Cultural do Estado da Bahia. Os trabalhos expressionistas de Segall diversificados entre óleos, aquarelas, desenhos, esculturas e gravuras, visam dar uma retrospectiva da sua vida, desde o seu trabalho na cidade russa de Vilna, até sua morte
Bela obra expressionista de Segall |
Segall
já havia estado no Brasil em 1913, quando apresentou seus trabalhos em São Paulo e Campinas, e
por isto escolheu nosso país para se radicar definitivamente principalmente em
função do exotismo e da inexistência de movimentos artísticos que pudessem
transformar a sua forma de expressão. Reservado e metódico, Segall quase nunca
saia do seu atelier em São
Paulo , a não ser para viagens e exposições no Velho Mundo,
exposições que reafirmavam cada vez mais seu talento plástico. No dia dois de
agosto de 1957, faleceu como sempre viveu, silenciosamente, deixando no entanto
um inestimável acervo de obras, as principais das quais estarão sendo
apresentadas ao público baiano de 30 de maio a 8 de junho, no Museu de Arte
Moderna.
SUA
OBRA
Em
razão da formação tipicamente européia de Segall, o exotismo caótico da
realidade brasileira não chegou a alterar substancialmente os rumos do seu
trabalho. Apesar de ser possível a detectação de três instantes na sua obra
onde o meio artístico e social do Brasil exerceu influência, principalmente
através da utilização de cores vivas e de um linha de geometrismo abstrato
decorrência da Semana de Arte Moderna de 22, o trabalho de Segall sempre se
manteve alheio a movimentos e correntes artísticas. A partir de 1940, talvez
por reflexo da 2ª Guerra Mundial, Segall exprime em suas obras intensa
melancolia, e as telas passam a retratar mais suas realidades interiores do que
o exterior visível.
PAINEL
MUITO
DINHEIRO- um colecionador particular de Nova Iorque pagou 880 mil dólares (12
milhões e 56 mil cruzeiros pela tela de Van Gogh, La fin de La journée (O Fim do
dia).
Já
o colecionador Raymond Klein, de Filadélfia pagou 660 mil dólares 9 milhões e
42 mil cruzeiros pelo quadro de Renoir ,Baigneuse Couchee (Banhista Deitada). Isto
ocorreu esta semana no primeiro leilão de arte da Casa Christie ,de Nova Iorque.
FALSIFICADORES-
três falsificadores internacionais Hjalmar Ernesto, Emílio Figueroa, Roberto
Pieri e Aldo Mazzarello, argentino, italiano e francês, respectivamente, foram
presos em Buenos Aires
com equipamentos de envelhecer telas e vários trabalhos de famosos artistas.
Olho neles!
LE
DOME MUDOU- a Galeria Le Dome mudou de endereço. Agora está funcionando na Rua
Direita da Piedade, 17, graças a um convênio firmado com a entidade
proprietária do imóvel, que cedeu as dependências até então ocupadas pela
recém-criada, galeria Presciliano Silva. Não sei ainda as razões que levaram a
troca de galerias.
CINCO
ANDARES- Habitantes da cidade de São Francisco, da Califórnia estão admirados
com a escultura intitulada Sly Train, criação da artista norte-americana Louise
Nevelson, que mede 17
metros d altura. Ela está instalada no Embarcadero
Center e foi transportada em caminhão do estado de Conncticut, onde foi
esculpida em aço escurecido, pesando 29 toneladas. Foto.
DOIS
LIVROS- Acabo de receber da Editorial Labor do Brasil S.A., três obras de
excepcional qualidade: O Dada e o Surrealismo, de Dawn Ades; e O Impressionismo,
de Bernard Denvir. O primeiro trata do Dadaísmo, essencialmente um estado de
espírito, representação da revolta dirigida contra a sociedade responsável pela
guerra e contra a arte e filosofia impregnadas de racionalismo burguês, a ponto
de se tornarem incapazes de criar novas formas. Assim os artistas voltaram para
o absurdo, o primeiro, o elementar. Na segunda parte do livro o autor trata do
Surrealismo, da exploração sistemática de sonhos e imagens involuntárias da
literatura e na arte, iniciada pelo André Breton, que reuniu um grupo de
dadaístas e redescobriram as obras de Freud.
Quanto
ao segundo livro, trata do O Impressionismo, considerado o fenômeno mais
importante da arte européia desde a Renascença, significou uma revolução pelas
inovações e introduziu a representação do que se sabia ser real, procurou-se
mostrar impressões momentâneas e reações puramente emocionais ou seja,
adotou-se um enfoque perceptual baseado na experiência visual do fato.
GRAVADORA-
30 Trabalhos da gravadora norte-americana Leonore Casademont, estão expostos na
minigaleria do Acbeu. Natural de Nova Iorque ela estudou em vários países.
Atualmente
ensina técnicas de gravuras na Silvermine Gulid Scholl, em New canaan,
Connecticut. Já fez várias exposições na Europa e nos Estados Unidos, tanto
individuais como coletivas, tendo vários trabalhos em diversas galerias.
GRAVURA
BRASILEIRA- Obras de Renina Katz, Maria Bononi, Ubirajara Ribeiro, Marcelo
Graisman, Otávio Araújo, Anna Letycia Fayga Ostrower, Lívio Abramo, Edith
Behring e outros gravadores brasileiros estão expostas na 18ª Feira de
Utilidades Domésticas, ora se realiza em São Paulo , no Parque Anhembi. A mostra ocupa 600 metros quadrados
e é complementada com exibição de um
audiovisual mostrando elementos da história da gravura e dos processos
da impressão utilizados no Brasil.
VIAGEM
DAS OBRAS- Quarenta e oito quadros de artistas brasileiros entre os quais Di
Cavalcanti, Volpi, Portinari, Teruz, Pancetti, Dacosta, Marcier, Iberê Camargo
e outros, deverão vir a Salvador numa promoção de uma Companhia de seguros.
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