A exposição com lançamento álbum de gravuras é a primeira individual do artista em Curitiba representa uma síntese do trabalho desenvolvido por Almandrade, dentro de princípios e critérios que vêm direcionando sua opção estética por quase quatro décadas. -“Pensei em elementarismo, despojamento, abecedarismo geométricos mas acabei por optar pela ideia do nudismo abstrato, para tentar caracterizar a postura e a impostação de Almandrade ante suas criações e criaturas sígnicas que hesitam entre a bi e a tridimensionalidade, em duas ou três cores, em duas ou três texturas”(Décio Pignatari, 1995). - A coerência e o rigor em lidar com diferentes suportes, fazem de Almandrade, um pensador que se utiliza desses suportes para produzir reflexões, um autêntico representante de uma geração que surgiu na década de 1970.
A proposta artística de Almandrade convida o espectador a pensar sobre a própria natureza da arte. Depois da passar pelo concretismo e arte conceitual nos anos 70, seu trabalho prossegue na busca de uma linguagem singular, limpa, com um vocabulário gráfico sintético. Aparentemente frias, suas construções estéticas impressionam pelo rigor e pela leveza de suas concepções, marcadas pelo exercício de um saber ao lidar com formas, cores, a matéria e o conceito. Provocam emoções variadas conforme o ponto de vista do observador. Que ninguém duvide: a economia de elementos e de dados não se dá por acaso, configura uma opção estética, inteiramente coerente com a tendência a síntese, ao traço essencial, ao quase vestígio. Um nada, cuja gênese reside na totalidade absoluta. Assim também é a sua poesia.
Na série e no álbum de gravuras o editor e curador da mostra Lincoln Reis foi o responsável pela seleção, com um olhar atencioso e comprometido em registrar um processo de trabalho, mesmo que sintético, direcionou para uma seleção de desenhos e pinturas realizadas entre as décadas de 1970 e 2013, desenhos em preto e branco cujos originais foram danificados devido as condições que foram expostas numa Salvador ainda provinciana, que rejeitava a arte contemporânea, trabalhos que se perderam no circuito da arte correio dos anos de 1970 e outros recentes.
O trabalho de Almandrade, tanto pictórico quanto linguístico, vem se impondo, ao longo de todos esses anos, como um lugar de reflexão, solitário e à margem do cenário cultural baiano. Depois dos primeiros ensaios figurativos, no início da década de 70, conquistando uma Menção Honrosa no I Salão Estudantil, em 1972, sua pesquisa plástica se encaminha para o abstracionismo geométrico e para a arte conceitual. Como poeta, mantém contato com a poesia concreta e o poema/processo, produzindo uma série de poemas visuais. Com um estudo mais rigoroso do construtivismo e da Arte Conceitual, sua arte se desenvolve entre a geometria e o conceito. Desenhos em preto-e-branco, objetos e projetos de instalações, essencialmente cerebrais, calcados num procedimento primoroso de tratar questões práticas e conceituais, marcam a produção deste artista na segunda metade da década de 70.
Redescobre a cor no começo dos anos 80 e os trabalhos, quer sejam pinturas ou objetos e esculturas, ganham uma dimensão lúdica, sem perder a coerência e a capacidade de divertir com inteligência. ( Divulgação)
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Almandrade é o nome artístico de Antonio Luiz M. Andrade, Artista plástico, poeta, arquiteto com mestrado em Urbanismo, pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, é considerado pela crítica como um pioneiro da arte contemporânea da Bahia. Participou de importantes mostras nacionais e internacionais como Bienal de São Paulo. Experimentalista assumido, Almandrade vem se comprometendo com a pesquisa de linguagens artísticas desde l972, onde ora se envolve com as artes plásticas, ora com a literatura. Poeta da arte e artista da poesia. Realizou mais de trinta exposições individuais em várias capitais, autor do livro de poesia “Arquitetura de Algodão”, “Escritos sobre Arte” e “Malabarismo das Pedras” (poesia). É um dos principais divulgadores e crítico da arte contemporânea no Brasil. Ou melhor, um defensor da arte como instrumento de pensamento e não entretenimento.
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