JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO 23 DE ABRIL DE 1977
AS NOVAS CIDADES SURGEM NA INGLATERRA
Materiais sofisticados utilizados nos complexos arquitetônicos |
Essas
novas cidades diferem consideravelmente das antigas e cada uma tem o seu traçado,
sua arquitetura e paisagem originais.
Compreendem
muitos aspectos experimentais e algumas inovações que são motivos de polêmicas.
Num programa de tal extensão apareceram alguns erros, mas o êxito é quase
total.
Foi
este programa que proporcionou acerca de um milhão de pessoas, a maioria
procedente de zonas superpovoadas de Londres e das cidades industriais mais
antigas, a aquisição de novas habitações, empregos e uma vida mais sã e
agradável. Pesquisas foram realizadas e essas populações estão satisfeitas com
o novo ambiente
ANTIGA
Mas
a ideia das Novas Cidades remonta ao século XIX. A fim de aliviar as condições
insalubres e de superpovoamento das cidades industriais daquela época, alguns
industriais esclarecidos decidiram construir fábricas fora das cidades, com
acolhedoras casas para os trabalhadores. No começo desse século o reformador
social Ebenezer Howard promoveu a concepção da Cidade Jardim, na qual se
comparam as vantagens da cidade com a da vida campestre. Suas idéias exerceram
grande influência em 1903 em Lotbowr, ao norte de Londres foi construída a
primeira Cidade Jardim.
A Welwyn Garden City ( FOTO) e outras sete Novas Cidades, todas situadas de
SIDERÚRGICOS
Outras
cidades foram criadas por razões diferentes, Corby, situada no centro da
Inglaterra, proporcionou lar á mão-de-obra adicional daquele local. Newton,
localizada no coração do País de Gales, teve por objetivo estimular o
desenvolvimento econômico da região e por freio ao êxodo da população, atraindo
ao mesmo tempo novos habitantes.
Cada
uma dessas Novas Cidades está desenvolvendo suas próprias características,
podendo dizer que não existem duas iguais. As organizações de desenvolvimento
vem contratando muitos arquitetos para os projetos habitacionais e de outras
naturezas. O propósito é conseguir a maior variedade possível nos edifícios, no
centro das cidades, nas colônias industriais, etc. Em consequência, melhora-se
a qualidade da construção em todo o País.
A
planificação de muitas das Novas Cidades envolvia a criação de zonas
residenciais para alojar de 3 mil a 5 mil pessoas cada uma. A toda essas zonas
se deu aspecto agradável, e cada uma tem lojas, escola primária, igreja, centro
comunitário e outros lugares de atração.
Existe
a maior variedade de escolha de habitações para satisfazer a todos os grupos
etários e de renda. Por essas zonas urbanas não passa o tráfego rodado circula
em torno do perímetro,o que permite que as crianças brinquem sem qualquer
perigo em pátios e terrenos ajardinados.
ADAPTÁVEL
Numa
dessas Novas Cidades, a organização de urbanização projetou um tipo de casa de
dois andares que pode adaptar-se para satisfazer ás necessidades em mutação de
uma família. O andar térreo tem todas as acomodações tradicionais, mas a parte
superior não tem divisões e as janelas e o encanamento estão dispostos de tal
modo que os ocupantes podem fazer as combinações que melhor se adaptem ás
necessidades do momento.
Para
muitas famílias, a mudança de uma cidade superpovoada para uma Nova Cidade
significa que pela primeira vez elas
terão casa com jardim.
Há
também apartamentos para famílias, assim como acomodações para uma só pessoa
nos conjuntos habitacionais.
As
pessoas de idade avançada dispõem de cuidados especiais, morando em casas de um
só andar imediatamente superior, perto de lojas e parada de ônibus.
Em
todas as zonas residenciais há transporte público que as une ao centro da
cidade e aos polígonos industriais.
Construíram-se
também lares para pessoas idosas necessitadas dos cuidados de outras pessoas, e
nesses conjuntos habitacionais há enfermaria.
VOVÔS
Nas
Novas Cidades existe uma inovação á qual se deu afetuosamente o nome de
apartamento dos vovôs.
Consiste
num apartamento autônomo junto a uma casa de família e que é adequado para os
pais já de idade avançada que desejam viver perto dos filhos., mas mantendo sua
independência.
A
característica melhor conhecida das Novas Cidades britânicas é o traçado do
centro, com os principais estabelecimentos, repartições municipais,
escritórios, cinemas e teatros e edifícios públicos de vários tipos.
O
centro dessas cidade foi planejado e em alguns casos é de grande interesse
arquitetônico. Tem zona comercial totalmente fechada ao tráfego de veículos
pioneirismo das primeiras Novas Cidades e passeios cobertos para as compras em
dias de chuva. Outra inovação consiste em zonas de lojas de dois níveis, unidos
por escadas rolantes um ao outro e a adjacentes terminais de ônibus e amplos
espaços d estacionamento.
NOTÁVEL
O
centro mais notável de todas as Novas Cidades é o de Cumbernauld, perto de
Glasgow, Escócia. Está situado no alto de uma colina, e os principais serviços
da cidade se concentram num edifício de vários andares, totalmente coberto,
provido de escadas rolantes, elevadores, escadas comuns e rampas que ligam os
diversos níveis do conjunto aos estacionamentos e pontos de ônibus.
50
ANOS DE GRAVURA DE LÍVIO ABRAMO
Uma
retrospectiva de cinquenta obra de trabalho do gravador e desenhista Lívio
Abramo, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
A
mostra foi apresentada anteriormente em São Paulo , por ocasião da Bienal Nacional, em
outubro de 1976.A
retrospectiva do Lívio Abramo compõem-se de 295 desenhos e 85 gravuras,
abrangendo um período de trabalho a partir de 1923.
Comecei
muito inclinado com os problemas humanos
e sociais diz Lívio Abramo explicando a sua obra. Àquela época, outra não podia
ser a maneira de expressão senão a impulsiva, a apaixonada á maneira
expressionista, que é a própria dos tempos convulsionados, de posições
radicais.
Depois,
acentua o artista, abandonei essa maneira por outra mais calma. Em 1948, quando
me foi confiada á ilustração do livro Pelo sertão, de Afonso Arinos, pela
Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, procurei superar o expressionismo,
tentando uma outra maneira de expressão em que os problemas de ordem plástica e
formal fossem resolvidas de um modo menos apaixonado e esteticamente mais
válido, pelo menos para aquilo que eu pretendia rever.
E
continua: Empreguei essa nova maneira na minha série de gravuras do Rio de
Janeiro, que não podem ser tachadas de expressionistas. Elas já estão por
dentro de outra problemática e de outra maneira de realizar. Também na fase
seguinte a das Macumbas, e na do Paraguai, acredito ter superado plenamente o
expressionismo, mediante um conceito e uma problemática formal, que deixou de
lado toda a paixão que quer somente retratar a força da forma e o significado
que essa forma deve ter dentro da vida.
Para
Lívio Abamo , “ a realidade brasileira está ai à mostra de todos e basta lançar
mão dos elementos que essa realidade apresenta em sua nudez e verdade despida
de todos os européias inúteis , para fazer-se arte brasileira, seja
interpretando o drama humano ou o espetáculo grandioso da natureza”.
PAINEL
OS
PERDEDORES – Finalmente ocorreu o esperado desfecho entre os dirigentes
litigantes dos órgãos culturais do Estado. Uma briga feia na qual saíram
perdendo os artistas, principalmente aqueles que participaram e foram escolhidos
para receber uns tais prêmios de aquisição.
Uma
vergonha que nunca será esquecida .São
jovens artistas que estão iniciando a ganhar a vida honestamente no ofício de
pintor ou escultor e foram enganados sem qualquer satisfação . Se não tinham
condições de premiar 20 artistas que escolhessem dez. Mas a megalomania foi
mais forte e o júri teve que escolher vinte. Desses apenas uns poucos receberam
algum dinheiro . Envergonhados os ex-dirigentes
da Fundação Cultural inventaram um tal de leilão, que foi um verdadeiro
fiasco. É como diz o povo “ A emenda foi pior do que foi pior do que o soneto.
Um leilão no Teatro Vila Velha à meia-noite. Ora, não queriam vender nada, e,
assim poucas obras foram negociadas Alguns artistas mais sensatos retiraram
seus trabalhos do Museu do Carmo e não participaram do tal leilão, evitando
desta forma a segunda decepção. Outros , enviaram obras ao leilão e depois sofreram a nova decepção.
Portanto,
a saída de algumas pessoas foi recebida com certa alegria por muitos artistas.
Outros, lamentaram as exonerações porque certamente são artistas que recebiam
as honras da casa.
A
mim não interessa nomes. O que desejo é que o movimento das artes visuais
cresçam nome da cultura baiana.Que as artes visuais sejam tão bem tratadas como
vinha acontecendo com a Literatura. Quem os jovens artistas sejam tão bem
tratados c Omo os jovens poetas e contistas. Espero que os novos dirigentes não
deixem a balança pender para um lado.
Finalmente, que exista um certo equilíbrio. Também, que o equilíbrio seja uma
constante no atendimento às pessoas de modo geral. Estas considerações são
necessárias porque fiz parte de um Júri, que também foi enganado.
SIMPLICIDADE
DAS FORMAS – a pintora fluminense Eliene Lucas Villaça está expondo pela
primeira vez individualmente na Galeria Morada, em Ipanema, Rio.O
que chama a atenção é a simplicidade das
formas e a exuberância de suas cores.Com
poucos traços e claros Eliene consegue estabelecer toda uma ambientação e
expressão de alegria e tristeza em suas figuras. Uma criação rítmica onde as
formas surgem com leveza. Também gravadora, a artista participou do I Salão
Jovem de Gravura, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, bem como do I
Salão Moderno de Vitória, no qual mereceu Medalha de Bronze. Em 1970 foi uma
das artistas incluída no coletiva Arte
Contemporânea, exposição itinerante pela Europa, organizada pelo Itamaraty.
Sua mostra permanecerá até 20 de maio.
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