JORNAL A TARDE SALVADOR SÁBADO,
06 DE NOVEMBRO DE 1976
A
mostra Arte Eua: O Sul composta de 35 obras representam um exemplo das artes
gráficas atualmente em produção no sul dos Estados Unidos. A coleção oferece
uma perspectiva das tendências contemporâneas daquela região.
A
ampla variedade dos meios utilizados: lápis, desenhos em óleo e tinta,
aquarela, acrílico, pastel, fotografia, litografia, cianotipias, aerógrafos,
linóleos e serigrafia, é sintomática da vitalidade dos artistas e de sua
experiência constantes com os meios artísticos já estabelecidos, assim como da
introdução dos novos materiais da avançada época tecnológica em que vivemos.
Todas
as obras da exposição figuraram na Bienal de Artistas 1975 organizada pelo Museu
de Arte de Nova Orleans, que desde 1915 apresenta exposições de artistas sulinos.
Em Salvador a exposição teve a promoção da Fundação Cultural Brasil-Estados
Unidos.
Falando
a respeito da exposição o Conservador Chefe do Museu de Arte de Nova Orleans,
Lousiane, Sr. William A. Fagally diz "o Sul possui um rico e profundo patrimônio
social e cultural, mas em termos econômicos e sociais resultou duramente
castigado durante a trágica Guerra de Secessão. Hoje o Sul está mudando. De uma
zona basicamente rural e agrícola surge uma das regiões mais produtivas, do
ponto de vista industrial e cultural. Atlanta, Houston, Dallas e Nova Orleans
são as grandes metrópoles do novo Sul, que cresceu a passo de gigante."
No
século XX, o Sul é o berço de muitos dos reconhecidos mestres da literatura
norte-americana, William Faulkner, Sherwood Anderson, Carson MacCullers. Atualmente,
são mundialmente famosas as obras de Tenesse Williams, Truman Capote
Shirleu Ann Gray e Walter Percy. Seus centros musicais Nashville, Tenesse; Macon,
Geórgia; e Austin, Texas são também o berço de grande parte da música
folclórica do rock que predomina na música popular norte-americana exportada
para todo o mundo. Igualmente as artes visuais do Sul criam sua própria
identidade, como fizeram constar a Jane Livingston e outros jurados na Bienal
de Nova Orleans.
Transcritas
estas palavras de Fagally, só nos resta apreciar os trabalhos expostos no Museu
de Arte Moderna da Bahia, no Solar do Unhão, que na verdade, é um pedaço do Sul
dos Estados Unidos. As fotografias mostram o contraste entre as metrópoles do
maior país capitalista e a simplicidade desta gente oriunda principalmente da
zona rural.
NÃO
É QUE O DIABO CHEGOU
Um
Exu começou a invadir as redações dos jornais em forma de convite. Todos perguntavam
o que ele estava aprontando desta vez. Não demorou e a resposta chegou para a
tranqüilidade dos cristãos: era uma mostra de arte bolada por Ramon, um
marchand, que não vem sendo bem aproveitado pelos órgãos culturais do Estado. A
mostra reúne Oswaldo, Joel Estácio, J. Artur, J. Cunha, Graça Ramos, Fernando
Coelho, Chico Vieira, Eckenberger, Antonelo, Adelson do Prado, Mário Cravo,
Carybé, Floriano Teixeira, dentre outros.
A
exposição está aberta ao público desde ontem á Rua Lydio de Mesquita, nº 8 no bairro
do Rio Vermelho. Como o Diabo Gosta... apresenta um catálogo original e
criativo. Numa das folhas vem estes versos "já tenho este peso que me fere as
costas /e não vou eu mesmo atar a minha mão." Isto demonstra a necessidade de
inovar de criar livres das restrições impostas pelos vários setores da
sociedade.
Um
convite à criação em toda sua plenitude e a presença de nomes conhecidos das
artes visuais na Bahia, é suficiente para garantir a qualidade dos trabalhos
expostos. Novos e velhos, ricos e pobres, reconhecidos ou não todos reunidos.
Os mestres também estão presentes: Mário Cravo, Carybé e Floriano Teixeira e a
única forma que pode ser norma é nenhuma regra ter, é nunca fazer nada que o
mestre mandar.
Finalmente, o convite apresenta reunidos os versos de Belchior de sua música Alucinação,
vejamos: "Não quero regra nem nada: / tudo tá como o diabo gosta, tá. / Já tenho este peso
que me fere as costas /e não vou eu mesmo atar minha mão./ O que transforma o
velho no novo/ bendito fruto do povo será./ E a única forma que pode ser norma / é
nenhuma regra ter,/ é nunca fazer nada que o mestre mandar./ Sempre desobedecer/ Nunca referência.
O
INQUIETO PINTOR MOACIR ANDRADE
Poucos artistas brasileiros são inquietos como Moacir Andrade. Certa feita habitava um barco que lhe servia de moradia e atelier e percorria os afluentes do rio Amazonas pintando e denunciando a devastação das florestas e da fauna. Portanto, um pintor trópico anfíbio como afirmou Gylberto Freire o famoso, sociólogo pernambucano,
Ele
vive interpretando as coisas da floresta. A exuberância das árvores e dos
animais. As formas e as cores conseguidas por Moacir são suficientes para seu
credenciamento como um dos mais importantes pintores que retratam este país. E
além de sua realização pessoal, uma vocação quase abnegação de um místico, que
enxerga além do conteúdo e passa a viver com uma afetividade mais íntima. É um
artista fiel a sua temática a qual explora com todo o fulgor criativo. Não o
conheço pessoalmente, mas venho acompanhando de perto a sua caminha pictórica e
noto uma unidade tão necessária àqueles que sabem o que querem.
PAINEL
MARINHAS-
o Clube Naval de Brasília realizará a
partir de 5 de dezembro próximo como parte das comemorações do Dia do
Marinheiro o Salão Brasília-Marinhas I com trabalhos de pintores nacionais e
estrangeiros sobre a temática Marinhas. Cada concorrente poderá apresentar dois
trabalhos, contendo o nome e o endereço além do preço da tela. As inscrições
estão abertas em Salvador no II Distrito Naval até o próximo dia 30 do corrente
mês.A
Marinha de Guerra do Brasil fornecerá Certificados a todos participantes do
Salão e serão conferidos prêmios aos melhores trabalhos.
VIVALDO
RAMOS- Juntamente com Emma Valle, José Tiago, Eurydice, Pedroso e Zé Periquito
o artista Vivaldo Ramos está apresentando alguns trabalhos na Rua do Passo, 62,
na Galeria Portas do Carmo. Vivaldo é um pintor baiano radicado no Rio de
Janeiro e seus trabalhos versam sobre a temática religiosa.
TRÊS
NA PANORAMA- Nelson Porto, Yrani Calheiros e Henry Vitor estão expondo trabalhos
na Galeria Panorama. Os quadros lembram cartões de Natal, e não apresentam nada
de novo. Todos são artistas conhecidos no sul do país, com várias exposições
realizadas tanto coletivas como individuais. Porém são desconhecidos do público
baiano.
SALÃO
DOS NOVOS- De 5 a
15 de dezembro estarão reunidos os trabalhos mais expressivos de artistas
jovens do Nordeste. É o IV Salão dos Novos Sul-América que vem acontecendo
todos os anos em Pernambuco, com o patrocínio do Grupo Sul América de Seguros e
organizados pelo Museu de Artes Contemporânea de Pernambuco. A exposição visa a
valorização do patrimônio cultural do Nordeste e os trabalhos podem ser
enviados até o dia 28 de novembro. Poderão participar trabalhos de gravuras,
pintura, escultura, colagem, modelagem e montagem. Serão premiados os três
primeiros colocados com CR$8, CR$4,50 e
CR$2,50 mil cruzeiros, respectivamente. Os trabalhos premiados integrarão o
acervo do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco.
BRASILEIRA
EM LONDRES- A
artista brasileira Rosa Maria Carless acaba de expor na galeria do Conselho
Hispânico e Luso-Brasileiro, Canning House, em Londres Foto.
BIENAL
NACIONAL- Com 319 artistas participando, estão abertas a Bienal Nacional de
Artes Plásticas e a Bienal Nacional de Arquitetura, no Parque Ibirapuera. A
premiação dos melhores trabalhos será divulgada no próximo dia 11 e obedecerá
mais ao gosto do público que do júri. São novos critérios que visam salvar a
promoção. A aceitação livre de trabalhos, acabando a seleção, permite a livre
manifestação de todas as tendências, ou seja, a Bienal teria chegado a
liberdade, após 25 anos preá a conceitos formais rígidos.
WALTERCIO
CALDAS- Depois de dois anos sem expor no Rio, o artista Waltercio Caldas
apresenta até 14 do corrente uma série de 16 trabalhos na área experimental do
Museu de Arte do Rio de Janeiro. A mostra consta de objetos em materiais
variados, como madeira, vidro, porcelana, espelho, papel, metal, etc, além de
desenhos que, segundo o autor, não formam uma obra à parte.
MISTÉRIO
REVELADO- Uma especialista em pintura polonesa revelou o mistério que cercava o
quadro conhecido sob o nome de Família de um comerciante mongol, em torno do
qual houve 300 anos de discussões nos círculos artísticos. O quadro de Daniel
que data do século XVII apresenta uma família de traços faciais mongóis e
envergando roupas exóticas, o que dividiu os críticos quanto a identidade
dessas pessoas. Yelena Kamenetskaya, especialista em pintura antiga, estudou a
tela e determinou que se trata da
família do comerciante Mikhail Kazimierz, membro de uma famosa família da
Polônia, a dos Radzilow, a pedido da qual chegou a esta conclusão, Kamenetskaya
comparou a tela com peças do álbum de retratos da família e as vestimentas
indicavam que se tratava de roupas nacionais típicas dessa época. A obra está
no museu de Leningrado e data de 1672.
DESIGN
EM EXPOSIÇÃO- Foi
inaugurada a exposição Embalagem, Design e Consumo, no salão nobre da
Associação Comercial da Bahia, numa promoção da Promoexport-Bahia. Esta
exposição aborda importantes aspectos da embalagem industrial e certamente
contribuirá para o desenvolvimento do setor em nosso Estado. A
exposição versa sobre planejamento, utilização, consumo e foi preparada pelo
Instituto de Desenho Industrial do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
NASCE
CONHECIDO- Todos conhecem o Jânio Quadros e muitos ainda sofrem na pele a
consequência da sua decisão de renunciar a Presidência. Não nasci Presidente,
declara alguns anos após o acontecido.
Agora,
Jânio volta-se para a tela e uma exposição está acontecendo em A Galeria ,em São
Paulo. Ele está pintando palhaços tristes, sempre com as cabeças contemplando o
chão. Espero, que os pés estejam fincados no chão, para que o pincel possa
correr em segurança.
INVISÍVEL-
Não é que apelidaram o catálogo de Fundação Cultural do Estado de "O Papel Invisível."
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