Muita
gente não sabe a origem desta palavra. Outros simplesmente não estão
interessados em saber o seu real significado, pois o que realmente interessa
são as datas e os locais onde vão ser realizadas novas vernissages. Mas, para
os que estão interessados, a palavra francesa vernissage tinha antigamente
outro significado ou seja, às vésperas da inauguração de uma exposição o
artista convidava seus amigos e juntos
iam envernizar os quadros que seriam mostrados com um bom acompanhamento de
bebidas e bate-papos.
Dizem os registros históricos que em exibições oficiais, como as que aconteciam durante o verão na Inglaterra, especialmente as da Academia Real de Arte da Grã-Bretanha, os artistas davam os retoques finais nos seus trabalhos, envernizando-os e, que Turner ficou conhecido por fazer mudanças significantes em seus trabalhos no dia do vernissage.
O tempo passou e a palavra vernissage passou a significar ou melhor a ser confundida com inauguração de exposição. Para os artistas especialmente os jovens a palavra vernissage cheira a crucificação, a via crucis ou a sofrimento. Às vésperas em vez de chamar seus amigos para envernizar seus trabalhos o pobre do artista está nervoso e endividado. Se, já é um artista famoso está também sofrendo e preocupado virando e remexendo o seu arquivo de nomes para certificar-se se todos foram convidados.
O tempo passou e a palavra vernissage passou a significar ou melhor a ser confundida com inauguração de exposição. Para os artistas especialmente os jovens a palavra vernissage cheira a crucificação, a via crucis ou a sofrimento. Às vésperas em vez de chamar seus amigos para envernizar seus trabalhos o pobre do artista está nervoso e endividado. Se, já é um artista famoso está também sofrendo e preocupado virando e remexendo o seu arquivo de nomes para certificar-se se todos foram convidados.
Tem
que estar bem vestido e com um sorriso nos lábios para distribuir a todos os
frequentadores dos vernissages. Existem
no entanto tipos que são eternos frequentadores de vernissages. Lembro de
alguns que merecem destaque. Para que o vernissage seja chic é necessário a
presença de um escritor famoso, de um diretor de um órgão cultural, de um
crítico barroco, de um decorador, e muitas senhoras de longos e extravagantes
vestidos. No centro das atenções estão as doses de whisky e os canapés
distribuídos por nervosos garçons. Os quadros estão às moscas. Também é o vernissage, e não é ora de olhar os quadros. Isto eles fazem depois. Mas como o
negócio é marcar a presença alguns reservam quadros e ali colocam seus cartões
de visita.
Dá
prestígio, embora o coitado do artista tenha que procurá-los ao término da
exposição solicitando que venham buscar a tela e pagá-la. Para o dono da
galeria é um dia de glória porque suas salas empoeiradas ficam repletas de
gente. Normalmente as salas estão vazias no silêncio sepulcral dos velhos
casarões da Bahia, e o vernissage acaba com aquela monotonia e em cada
visitante está escondida a capacidade de compra de um trabalho.
Estive
recentemente visitando uma exposição no dia de sua inauguração ou seja no dia
do vernissage. Lá encontrei muita gente sentada do lado de fora em estratégicas
cadeirinhas colocadas pelos donos da galeria. Enquanto isto tive a felicidade
de visitar e olhar tranquilamente os barcos e os peixes expostos sem a
perturbação da multidão, que lá fora continuava bebericando e conversando
bobagens.
KANTOR
VIVE INTENSAMENTE
Está
em Salvador o pintor argentino Manuel Kantor, que em 1948 esteve aqui durante
alguns meses pintando os recantos baianos.É
um homem inquieto por natureza que gosta de andar e conhecer gente. Um
temperamento latino, amigueiro e brincalhão. Agora com mais de sessenta anos de
idade tem uma grande ansiedade em produzir, em manter novos contatos.
Quando
falo de um pintor de 60 anos, não penso num velho quieto em sua cadeira de
rodas. Penso num homem maduro e com grande capacidade de produção, mas
consciente de que os anos que existem pela frente devem ser aproveitados ao
máximo. A mentalidade consciente de Kantor é tão grande, que muitas vezes você
é pegado de surpresa por uma interpretação que não imaginara. Como uma lebre,
altiva e vigilante, o Kantor fala de sua obra e quer situar-se na Bahia.
Kantor trabalhando em seu atelier em Salvador |
Seus
olhos não param de cintilar e suas mãos firmes estão prontas para pegar no pincel
e produzir um belo quadro.
Conheço
o trabalho do Kantor há algum tempo, mas sua personalidade sua pessoa, vim
conhecer agora, quando esteve na redação de A Tarde. Em 1952 ele edita pela
Melhoramentos um livro Kantor-Bahia, que ao que tudo indica teria sido o
primeiro livro de arte em cores editado sobre a Bahia. Este artista esteve
ligado á Bahia e no ano seguinte demora-se algumas semanas em Salvador e cidade
do Recôncavo. Depois viajou e dividiu seu tempo entre Buenos Aires, Rio de
Janeiro e Europa. No ano passado o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires
organizou uma retrospectiva de sua obra abrangendo 35 anos de pintura, a qual
foi filmada e em breve este filme será projetado para os baianos.
Poderíamos
dizer que a intimidade deste artista com o Brasil é tão grande que sua obra
passa a ser dividida em etapas, sendo que a fase brasileira tem talvez mais
maturidade. Sua trajetória de retratista, caracturista, ilustrador e pintor lhe
permitiu um amadurecimento na escolha dos temas e das cores. Tem exposições
realizadas em vários museus de renomes internacionais e esteve ligado por
relações de amizade e grande nomes da pintura como Portinari ao escritor José
Lins do Rego, dentre outros. Seus murais são igualmente famosos.
Em
1972 foi editado em Milão o seu livro Disegni, por Luigi Maestri, famoso
artesão bibliófilo. Este livro abrange toda sua obra de 1927 a 1971.
Obra de Kantor onde ele pintou o seu atelier na Argentina |
O
arquiteto Oscar Niemayer falando sobre o artista disse Kantor apresenta uma
fase dedicada ao porto de La Boca ,
em Buenos Aires.
Período que me agrada particularmente pela sua simplicidade,
pelos aspectos severos, quase ciclópicos, com que trata a arquitetura, num
clima de poesia e surrealismo. Mas não é apenas sua pintura que me comove e a
vocês recomendo, mas o amigo fraterno que tantas vezes encontrei pela vida
afora, abraçado ás suas telas, otimista e generoso com o mundo e os homens.
Como
todo homem que gosta de viajar é um encantado pelo mar e pelas coisas que dizem
respeito aos oceanos. Os barcos são uma presença constante em seus trabalhos,
especialmente áqueles ligados ao bairro de La Boca , pequeno porto em Buenos Aires onde
vive grande número de artistas. Enamorado os barcos e do mar Kantor retrata-os
com uma pureza e uma leveza sem igual. Parecem sobrenaturais. Os mastros cortam
os céus escurecidos e as casas paradas e cálidas, guardam os segredos dos
séculos. A singeleza da pintura de Kantor é um traço de sua personalidade. Um
tipo que se adapta ao temperamento sem preconceito do baiano.
Riso
largo e algumas palavras de carinho para falar desta terra que agora será
pintada por ele. Esta fase que ora se inicia certamente será um marco na
pintura de Kantor e a Bahia figurará com seus casarões e suas praias. Ele está
trancado em seu atelier no Hotel Vila Romana, na Barra pintando e fazendo seus
estudos para uma exposição que fará em breve no Museu de Arte Moderna da Bahia.
No Solar do Unhão.
ESTUDANTES
NOS MUSEUS
Seguindo
a diretriz de aprender fazendo, no oferecimento de orientação sobre a maneira
mais objetiva de utilização do acervo do Museu de Arte Sacra da UFBa, para
atividades de pesquisas escolares, será realizado o II Encontro de Professores
do 1º Grau de Museológicos, nos próximos dias 15 a 17. As inscrições já se
encontram abertas, para qualquer interessado, com taxa de trinta cruzeiros.
Este
II Encontro de Professores do 1º Grau de Museólogos é em continuação ao que foi
anteriormente realizado, e dará prosseguimento aos trabalhos iniciados por
professores e museólogos. O objetivo é proporcionar aos participantes a
oportunidade de determinar Novas maneiras de utilização do Museu de Arte Sacra
da UFBa, para atividades de pesquisa dos currículos escolares. A coordenação do
Encontro está a cargo das museólogas Neuza Borja e Valdete Paranhos.
No
final, os participantes que apresentarem trabalhos receberão certificados como
efetivos, e os demais terão certificados como ouvintes.
O
programa do Encontro será o seguinte: dia 15, ás 10 horas, abertura; ás 10h, e
30m, palestra: A dinâmica no Museu de Arte Sacra, Valdete Paranhos; ás 14
horas, apresentação de um trabalho pela coordenação do Programa Museu/Escola da
Fundação Cultural do Estado da Bahia; dia 16, apresentação da apostila
Histórico do Museu de Arte Sacra, de autoria da estudante Marise Largo da
Rocha; ás 14 horas, apresentação de trabalhos dos participantes inscritos; dia
17, ás 10 horas, debates sobre os trabalhos apresentados, tomando como base o
currículo do 1º e 2º Graus, na parte de atividades que sugerem: Aprender
fazendo, conscientizando os professores no sentido de que o Museu de Arte Sacra
pode servir de laboratório para pesquisas extra-classe.
PAINEL
DESENVOLVIDO-
Enquanto enchemos nossos estádios de famintos torcedores vinte e dois milhões
de visitantes estiveram admirando as peças e objetos de arte expostos nos
museus da Alemanha. Este número foi alcançado devido ao interesse dos diretores
dos museus em realizar exposições que atraem grande público. Assim o Museu de
Etnografia, em Munique inaugurou a África Central, composta de esculturas de
madeira e farto material sobre a polêmica existente entre os modelos europeus e
árabes. Na foto cabeça de uma figura masculina, Baluba, Zaire.
SEMANA
DA MARINHA- Uma coletiva de trabalhos de Joselito Duque, Antoneto, Benedito
Barreto, Rescala, Juarez Paraíso, Calixto Sales, Alfonso Lafita, Edson da Luz,
José Artur, Pedroso, Yuriko, Costa Lima, Ivan Lopes, Leonardo Alencar e Joel
Estácio será realizada na Base Naval de Aratu em comemoração a Semana da
Marinha. A mostra está sendo coordenada por Roberto Araújo da Galeria Rag, Boca
do Rio.
SERTÓRIO-
o artista Sertório está expondo na Galeria Dart, que fica na Siqueira Campos no
Rio de Janeiro. São trabalhos executados desde 1954 que ele vinha guardando e
agora devido a insistência dos amigos resolveu mostrá-los ao público carioca.
ARTE
LATINA- Uma exposição de artes latino-americanas, inaugurada recentemente em
Washington, vem demonstrar a riqueza de desenhos e do artesanato que havia no
Hemisfério à época da Revolução Americana.
Cerca
de 150 objetos e pinturas encontram-se em exposição na Galeria Renwick da
Coleção Nacional de Belas Artes da Instituição Smithsoniana. A exposição
intitulada Américas: As Artes Decorativas na América Latina à Época da
Revolução permanecerá aberta até abril de 1977.
Inclui
peças de prata, têxteis, mobiliário, cerâmica e couro criadas na Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Panamá, Paraguai,
Peru, Porto Rico e Venezuela.
Entre
os itens figuram vestimentas litúrgicas uma taça de prata e palha, uma peça de
cerâmica ricamente decorada, um tapete, bordado, uma mala de couro, uma moldura
de madeira com ilustrações de ouro, uma sandália de prata para a imagem de um
santo.
Mais
de 1.000 pessoas, entre artistas, autoridades governamentais, membros da
comunidade diplomática latino-americana e o público em geral compareceram á
inauguração oficial.
O
Dr. Joshua Taylor, diretor da Coleção de Belas Artes, referindo-se á exposição,
disse que as artes decorativas, quer castamente funcionais ou em suas
expressões mais exuberantes, foram partes das fantasias pelas quais os povos
vivem.
Formas
e adornos oferecem uma noção de valor bem além das de mercado, elevando a
necessidade ao domínio da opção. Expressam, pois um sentido de vida, de
expectativa, de realização.
Estudar
as artes decorativas da América Latina do período da Revolução Americana é
participar de uma visão complementar, um momento tão semelhante e ao mesmo
tempo tão diferente do nosso.
Quando
a Instituição Smithsoniana decidiu reunir os mais belos exemplares disponíveis
da arte decorativa latino-americanas, como parte das comemorações do
Bicentenário dos Estados Unidos, solicitou á escritora e consultora Mildred
Constantine para coordenar a exposição. Miss Constantine tomou as providências
necessárias para conseguir sob empréstimos das peças de vários museus e coleções
particulares, principalmente na América Latina.
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