JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO 5 DE
NOVEMBRO DE 1977
Augusto Rodrigues uma sensibilidade à toda prova |
Augusto
Rodrigues, pernambucano de Recife, onde nasceu em 191, é desenhista,
caricaturista e educador. Um dos maiores batalhadores a educação através da
arte. Foi o fundador da Escolinha de Arte do Brasil, que foi a pioneira. Passou
Augusto, por vários jornais e revistas brasileiros sendo seu traço reconhecido
pela leveza e lirismo.
Agora
nos chega Augusto para inaugurar a Galeria Teresa, no Largo da Mariquita com
uma série de trabalhos e lançamento do livro Cartas de Abelardo e Heloísa, da
editora Philobiblion que tem seis ilustrações de sua autoria. Este livro dá
Início a Philobiblion Livros de Arte, que é uma editora fundada por Ênio
Silveira e Leopoldo Jobin. A empresa será voltada para a produção de livros de
arte e literatura com especial atenção e apresentação gráfica. Deverá lançar um
livro por mês, em média, e os exemplares serão comercializados em livrarias e
galerias, de arte de todo o país.
Além
dessas ilustrações, um livro de poesias; Largo do Boticário palavra e imagem
será lançado brevemente por esta editora brindando os brasileiros com belas
poesias de Augusto Rodrigues.
IDENTIDADE
Vivemos
hoje num mundo conturbado onde quase não existe lugar para as boas ações e
sentimentos. Mas Augusto Rodrigues é um homem vinculado completamente ás coisas
boas, um humanista e um amigo da criança. Ele gravou para sempre, uma frase: Um
dia Guinard me falou que havia feito na véspera o seu melhor quadro, uma
paisagem. E acrescentou: Mas o céu, Augusto Rodrigues, eu roubei de uma
criança.
É
deste homem um artista eclético, caricaturista, desenhistas, pintor, poeta e
educador, que ora falo. A poesia é a própria expressão do trabalho de Augusto
que hoje é reconhecido e disputado por todos. A rebeldia da infância determinou
já adulto, a fundar a Escola de Arte do Brasil, onde a criança tem o direito de
criar o que bem entender.
A
HISTÓRIA DE ABELARDO E HELOÍSA
Um
jovem de rara beleza e de elevada estatura chegava a Paris. Seu nome é Pedro Abelardo.
Filho
de senhor feudal da Bretanha, manifestara acentuada e singular predileção pelos
estudos, paixão irresistível que irá dominar e explicar todas as suas atitudes
na vida.
Paris
já era o centro cultural do Ocidente e acolhia uma juventude ardorosa, sempre
pronta para a discussão das idéias, particularmente dos dois sistemas
filosóficos que então se assinados
por dois mestres igualmente notáveis: o realismo de Guilherme de Champeaux, e o
nominalismo, de Rocelin.
Abelardo
se guardou a princípio, estudando os dois sistemas antagônicos. E como se
mostrava independente, ousado, mais orgulhoso e eloqüente que seus colegas,
logo tornou-se um líder.
Formando-se
pela Universidade de Paris, atraiu os ciúmes de Guillaume de Champeaux que já o
temia como a um rival, e também se afastou do nominalismo de Rocelin,
elaborando um terceiro sistema, o conceitualismo. Em poucos anos tornou-se o
mestre mais conceituado de Paris.
Junto
á Catedral de Notre-Dame vivia o cônego Fulbert e sua sobrinha Heloísa, órfã desde
muito cedo, estudiosa, equilibrada e muito bonita. Desejando obter para ela o
privilégio dos ensinamentos de Abelardo, Fulbert convidou o mestre para viver
na sua casa e encarregar-se da educação de Heloísa. Cativado pela graça e pela
inteligência da moça, Abelardo aceitou o convite. Heloísa tinha então dezessete
anos, e Abelardo, trinta e oito.
Ambos
se apaixonaram pela primeira e última vez nas suas vidas. Descuidando-se da
filosofia, Abelardo passou a compor poemas e músicas de viola, para cantar sua
amada. Heloísa entregou-se totalmente a ele e acabou por engravidar. Para
escapar á ira de Fulbert, a jovem se vestiu de freira e fugiu para a casa de
uma irmã do seu amante, no pequeno burgo de Pallet.
Ele
permaneceu em Paris, onde passou a sofrer a perseguição feroz de Fulbert. Essa
perseguição não cessou depois que Abelardo, arriscando sua reputação, casou-se
em segredo com Heloísa, Já mãe de um menino. E culminou numa noite trágica, em
que quatro homens contratados, pelo cônego castraram Abelardo.
Neste
instante, Abelardo parece ter sentido uma espécie de rancor contra a mulher que
fora a causa do seu castigo.
A
seguir veio-lhe o temor ciumento de que ela pudesse algum dia pertencer a um
outro. Sabia o quanto era ardente, cheia de atrativos, Insigne pela beleza
inteligência. Foram essas, sem dúvida, as razões que o levaram a pedir a
Heloísa que consagrasse a Deus o restante dos seus dias, já que estava ele
próprio decidido a tomar o hábito. Embora convencida de que não tinha vocação
para o claustro, ela se sacrificou para tranquilizar o amante.
Foi
assim, cada um do seu convento, que eles vieram a trocar uma série de cartas
que exaltam um amor irresistível, mas
frustrado por um golpe do destino.
Uma
história de amor eterno, pois não perdeu a força e a emoção, oitocentos anos
depois de vivida.
BELLIENI
E SUA TEMÁTICA BAIANA
Esta
é a primeira exposição individual de Bellieni, que escolheu a Bahia como
temática. São casarios, marinhas e figuras humanas que preenchem nossas ruas,
vielas e praias. É verdade que já falei por muitas vezes sobre esta temática
desgastada, por ter sido explorada demasiadamente e sem critérios. Porém, posso assegurar que
não é o caso de Bellieni, um artista que inicia sua carreira profissional e me
deixa impressionado pela qualidade e originalidade no jogo livre das tintas
especialmente nos casarios. Certamente ele vai continuar seu caminho em busca
de novas formas, maior perfeição técnica e outras temáticas virão. Tudo no
entanto, demanda um pouco de tempo. É só uma questão de esperar porque Ballieni
está empenhado nesta tarefa.
Foram
estas palavras que dediquei à apresentação da mostra de Bellieni ora na Cabana
da Barra. Estive na abertura da exposição e pude sentir que o jovem artista
teve boa receptividade, pois muitos dos quadros foram adquiridos, o que
comprova de certa forma as afirmações feitas por mim.
NOVA
GALERIA
A
primeira galeria de arte baiana no estilo international-set será inaugurada no
próximo dia 10 por Katya Fragoso, que vem atuando no mercado artístico há mais de
15 anos. A Katya Galeria de Arte inicialmente trará a Salvador grandes artistas
baianos, que em função do sucesso obtido fixaram residência no sul do país ou
mesmo no exterior.
A
Katya Galeria de Arte, considerado por alguns como uma das mais bem montadas e
sofisticadas entre as que funcionam na Bahia está instalada na loja 5 do
Salvador praia Hotel. Para a inauguração estão sendo convidados pintores,
escultores, gravadores, colecionadores de arte e jornalistas, sendo que serão
mostrados os trabalhos de Adilson Santos na Abertura oficial no próximo dia 10.
GUILHON
Uma
exposição de obras surge das espatuladas fortes e Guilhon. Nascido em Belém do
Pará em 1928 sempre teve a arte como elemento vital para uma formação, como
afirma Vicente de Pereia que faz apresentação da sua mostra na Signo Galeria de
Arte, no Rio de Janeiro.
As
cores fortes, grandes espaços em vermelhos e azuis enchem suas telas mostrando
uma força criativa muito grande deste artista que extravasa através da espátula
tudo que sente. É como um grito. Cada espatulada representaria um grito de
alegria ou de dor, de protesto ou de qualquer conotação que possamos imaginar.
Á um desabafo consciente ou inconsciente que se manifesta em frente ás telas
brancas que as pessoas vão ganhando vida.
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