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domingo, 12 de maio de 2013

AUGUSTO RODRIGUES


JORNAL A TARDE, SALVADOR,  SÁBADO 5 DE NOVEMBRO DE 1977

     

Augusto Rodrigues uma sensibilidade
à toda prova
O traço fino sugerindo as formas, os volumes e principalmente a captação da almas das coisas, faz de Augusto Rodrigues um lírico. Os desenhos leves e belos lembram aqueles tempos de calmaria quando ouvíamos nas cidades os cantos dos pássaros hoje substituídos pelos roncos e ruído das descargas dos automóveis. Mas ele sabe buscar nas figuras diferentes, nos boêmios, as figuras de rua e também nas crianças este lirismo tão reclamado por aqueles que param para pensar nas coisas boas que desapareceram.
Augusto Rodrigues, pernambucano de Recife, onde nasceu em 191, é desenhista, caricaturista e educador. Um dos maiores batalhadores a educação através da arte. Foi o fundador da Escolinha de Arte do Brasil, que foi a pioneira. Passou Augusto, por vários jornais e revistas brasileiros sendo seu traço reconhecido pela leveza e lirismo.
Agora nos chega Augusto para inaugurar a Galeria Teresa, no Largo da Mariquita com uma série de trabalhos e lançamento do livro Cartas de Abelardo e Heloísa, da editora Philobiblion que tem seis ilustrações de sua autoria. Este livro dá Início a Philobiblion Livros de Arte, que é uma editora fundada por Ênio Silveira e Leopoldo Jobin. A empresa será voltada para a produção de livros de arte e literatura com especial atenção e apresentação gráfica. Deverá lançar um livro por mês, em média, e os exemplares serão comercializados em livrarias e galerias, de arte de todo o país.
Além dessas ilustrações, um livro de poesias; Largo do Boticário palavra e imagem será lançado brevemente por esta editora brindando os brasileiros com belas poesias de Augusto Rodrigues.
IDENTIDADE
Vivemos hoje num mundo conturbado onde quase não existe lugar para as boas ações e sentimentos. Mas Augusto Rodrigues é um homem vinculado completamente ás coisas boas, um humanista e um amigo da criança. Ele gravou para sempre, uma frase: Um dia Guinard me falou que havia feito na véspera o seu melhor quadro, uma paisagem. E acrescentou: Mas o céu, Augusto Rodrigues, eu roubei de uma criança.
É deste homem um artista eclético, caricaturista, desenhistas, pintor, poeta e educador, que ora falo. A poesia é a própria expressão do trabalho de Augusto que hoje é reconhecido e disputado por todos. A rebeldia da infância determinou já adulto, a fundar a Escola de Arte do Brasil, onde a criança tem o direito de criar o que bem entender.

A HISTÓRIA DE ABELARDO E HELOÍSA

Corria o ano de 1105.
Um jovem de rara beleza e de elevada estatura chegava a Paris. Seu nome é Pedro Abelardo.
Filho de senhor feudal da Bretanha, manifestara acentuada e singular predileção pelos estudos, paixão irresistível que irá dominar e explicar todas as suas atitudes na vida.
Paris já era o centro cultural do Ocidente e acolhia uma juventude ardorosa, sempre pronta para a discussão das idéias, particularmente dos dois sistemas filosóficos que então se      assinados por dois mestres igualmente notáveis: o realismo de Guilherme de Champeaux, e o nominalismo, de Rocelin.
Abelardo se guardou a princípio, estudando os dois sistemas antagônicos. E como se mostrava independente, ousado, mais orgulhoso e eloqüente que seus colegas, logo tornou-se um líder.
Formando-se pela Universidade de Paris, atraiu os ciúmes de Guillaume de Champeaux que já o temia como a um rival, e também se afastou do nominalismo de Rocelin, elaborando um terceiro sistema, o conceitualismo. Em poucos anos tornou-se o mestre mais conceituado de Paris.
Junto á Catedral de Notre-Dame vivia o cônego Fulbert e sua sobrinha Heloísa, órfã desde muito cedo, estudiosa, equilibrada e muito bonita. Desejando obter para ela o privilégio dos ensinamentos de Abelardo, Fulbert convidou o mestre para viver na sua casa e encarregar-se da educação de Heloísa. Cativado pela graça e pela inteligência da moça, Abelardo aceitou o convite. Heloísa tinha então dezessete anos, e Abelardo, trinta e oito.
Ambos se apaixonaram pela primeira e última vez nas suas vidas. Descuidando-se da filosofia, Abelardo passou a compor poemas e músicas de viola, para cantar sua amada. Heloísa entregou-se totalmente a ele e acabou por engravidar. Para escapar á ira de Fulbert, a jovem se vestiu de freira e fugiu para a casa de uma irmã do seu amante, no pequeno burgo de Pallet.
Ele permaneceu em Paris, onde passou a sofrer a perseguição feroz de Fulbert. Essa perseguição não cessou depois que Abelardo, arriscando sua reputação, casou-se em segredo com Heloísa, Já mãe de um menino. E culminou numa noite trágica, em que quatro homens contratados, pelo cônego castraram Abelardo.
Neste instante, Abelardo parece ter sentido uma espécie de rancor contra a mulher que fora a causa do seu castigo.
A seguir veio-lhe o temor ciumento de que ela pudesse algum dia pertencer a um outro. Sabia o quanto era ardente, cheia de atrativos, Insigne pela beleza inteligência. Foram essas, sem dúvida, as razões que o levaram a pedir a Heloísa que consagrasse a Deus o restante dos seus dias, já que estava ele próprio decidido a tomar o hábito. Embora convencida de que não tinha vocação para o claustro, ela se sacrificou para tranquilizar o amante.
Foi assim, cada um do seu convento, que eles vieram a trocar uma série de cartas que  exaltam um amor irresistível, mas frustrado por um golpe do destino.
Uma história de amor eterno, pois não perdeu a força e a emoção, oitocentos anos depois de vivida.

               BELLIENI E SUA TEMÁTICA BAIANA

Esta é a primeira exposição individual de Bellieni, que escolheu a Bahia como temática. São casarios, marinhas e figuras humanas que preenchem nossas ruas, vielas e praias. É verdade que já falei por muitas vezes sobre esta temática desgastada, por ter sido explorada demasiadamente  e sem critérios. Porém, posso assegurar que não é o caso de Bellieni, um artista que inicia sua carreira profissional e me deixa impressionado pela qualidade e originalidade no jogo livre das tintas especialmente nos casarios. Certamente ele vai continuar seu caminho em busca de novas formas, maior perfeição técnica e outras temáticas virão. Tudo no entanto, demanda um pouco de tempo. É só uma questão de esperar porque Ballieni está empenhado nesta tarefa.
Foram estas palavras que dediquei à apresentação da mostra de Bellieni ora na Cabana da Barra. Estive na abertura da exposição e pude sentir que o jovem artista teve boa receptividade, pois muitos dos quadros foram adquiridos, o que comprova de certa forma as afirmações feitas por mim.

NOVA GALERIA

A primeira galeria de arte baiana no estilo international-set será inaugurada no próximo dia 10 por Katya Fragoso, que vem atuando no mercado artístico há mais de 15 anos. A Katya Galeria de Arte inicialmente trará a Salvador grandes artistas baianos, que em função do sucesso obtido fixaram residência no sul do país ou mesmo no exterior.
A Katya Galeria de Arte, considerado por alguns como uma das mais bem montadas e sofisticadas entre as que funcionam na Bahia está instalada na loja 5 do Salvador praia Hotel. Para a inauguração estão sendo convidados pintores, escultores, gravadores, colecionadores de arte e jornalistas, sendo que serão mostrados os trabalhos de Adilson Santos na Abertura oficial no próximo dia 10.

GUILHON

Uma exposição de obras surge das espatuladas fortes e Guilhon. Nascido em Belém do Pará em 1928 sempre teve a arte como elemento vital para uma formação, como afirma Vicente de Pereia que faz apresentação da sua mostra na Signo Galeria de Arte, no Rio de Janeiro.
As cores fortes, grandes espaços em vermelhos e azuis enchem suas telas mostrando uma força criativa muito grande deste artista que extravasa através da espátula tudo que sente. É como um grito. Cada espatulada representaria um grito de alegria ou de dor, de protesto ou de qualquer conotação que possamos imaginar. Á um desabafo consciente ou inconsciente que se manifesta em frente ás telas brancas que as pessoas vão ganhando vida.


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