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sábado, 11 de maio de 2013

A PINTURA ETERNA DE RUBENS

JORNAL A TARDE ,SALVADOR, SÁBADO, 09 DE JULHO DE 1977



O pintor Rubens com trajes aristocráticos
Transcorre este ano o quarto centenário de Pietro Panola Rubens (1577-1640), que nasceu em Siegen, na Alemanha, onde sua família se encontrava exilada. O pintor flamengo do período barroco viveria a maior parte de sua vida na cidade de Antuérpia. Sua pintura de excepcional qualidade fez dele um dos artistas mais influentes de seu tempo com ressonâncias, que se estenderam muito depois de sua morte. Inúmeras manifestações estão em curso na Europa, em comemoração ao quarto centenário de seu nascimento notadamente na Bélgica, onde o Ano Rubens 1977, inclui a realização de várias exposições, encontros de estudiosos em programas de rádio e televisão.
O seu pai, João Rubens, era filho de um farmacêutico pertencente à burguesia de Antuérpia, fez os estudos de Direito em Louvaina, Pádua e Roma. O Século XVI foi uma época de muita agitação nos Países-Baixos do Norte (A Holanda de hoje), que lutavam pela independência contra os ocupantes espanhóis. Dadas as suas funções de advogado, seu pai julgou na qualidade de magistrado municipal alguns luteranos e calvinistas, e por causa disto, entrou em conflito com várias autoridades espanholas. Daí obrigado a viajar acompanhado de sua esposa Maria Pypelinckx, e dois filhos.
As mulheres sensuais em sua obra O Julgamento de Paris
Em 1598, com vinte anos de idade, Rubens foi admitido como Mestre de Corporação dos Artistas na Antuérpia, e ali trabalhou dois anos, seguindo depois para a Itália. Com 23 anos, recebeu o título oficial do pintor da Corte do Duque de Mantua. Casou com Isabel Brant de quem teve três filhos.

Ela morreu em 1626, e Rubens teve um grande desgosto aceitando a seguir várias missões diplomáticas.
Autodidata e dono de uma cultura invulgar. Era pintor e embaixador, mas terminou por abandonar a diplomacia para dedicar-se exclusivamente a sua atividade artística. No dia 06 de dezembro de 1630, voltou a casar desta vez com Helena Fourmet, de quem teve vários filhos.Vivia como um fidalgo entre sua propriedade do Steen, em Elewyt, a sua casa de campo em Echeren e a moradia de Antuérpia.
Rubens herdou do passado a pintura dos Países-Baixos Meridionais ( a Bélgica de hoje e carregou consigo o ardor e o entusiasmo da renascença e o lirismo da arte barroca.
Mulheres sensuais preferência do pintor
Ele une os seres e as paisagens num universo generoso e alegre, feliz, e isso com uma prodigiosa sabedoria e maestria das linhas e das cores. Abordou todos os temas, e muito trabalhou sob encomendas das cortes europeias. As suas paisagens, como afirma Leo van Puyvelde - " São jardins paradisíacos dourados pela luz, e que convidam a um passeio personagens vestidos de seda e de veludo, ou então são pátios de quintas que acolhem com alegria as danças da aldeia, ou ainda as profundas florestas do Norte agitadas pela tempestade."
Sua obra é universal.Não tem limitação de tempo e espaço e certamente será reconhecido com o passar dos anos. Ele mesmo dizia que minha pátria é o mundo, e muito contribuiu como diplomata para dirimir dúvidas e acabar com disputas tão comuns na época em que viveu.
Os estudiosos de sua obra pictórica falam da capacidade física e mental deste artista que produziu mais de 2.500 pinturas. Dedicou-se a temas sacros e a pinturas das mulheres belíssimas completamente despidas. Um desnudamento que não agride, porque não é gratuito, e, sim dentro de um clima de sensualidade percebida até hoje. Fora os seus temas inspirados pela mitologia e a arqueologia.
Seus famosos quadros O Rapto Das Filhas de Leucipo, Estudo Sobre Mulher, Três Graças.
Isabele e Helena suas esposas, foram as modelos preferidas de Rubens. As telas produzidas por ele representam a mulher carregada de toda a grandeza e fantasia que a envolve. Rubens sabia como viver um homem afortunado e tranqüilo, mas deixando uma obra digna de orgulho de seus descendentes diretos e mesmo das pessoas que viveram ou vivem nas cidades onde este grande artista viveu e trabalhou.
Infelizmente aqui no Brasil não foi programada a que me consta qualquer atividade cultural em comemoração a tão importante data ou seja, o quarto centenário de nascimento de Pietro-Panolo Rubens que nasceu a 28 de junho de 1577.

             A PAZ DE ESSE PIMENTA

O pintor Esse Pimenta ao lado de uma obra de sua autoria
Um temperamento pacato leva o artista Esse Pimenta a buscar os locais onde possa externar sem interferências de estranhos todo um sentimento de afeto e amor pelas coisas da Bahia.Ele veio de uma longa viagem. Apareceu por essas bandas depois de percorrer por obrigação de sua profissão outras terras. Mas, foi aqui que encontrou toda um ambientação necessária para o desenvolvimento de seu trabalho. É a Bahia antiga tão badalada e cantada em versos e prosa que Esse Pimenta prefere retratar. Com maestria ele joga as tintas nas alvas telas. Minutos depois um bonito esboço de uma rua enladeirada ou as paredes melancólicas de uma centenária igreja baiana. Esse é uma pessoa que procura uma identidade muito grande com as coisas que pinta. Ele procura captar os detalhes e com ligeiras pinceladas sugere os contornos e esses detalhes. Uma pintura cheia de luminosidade.
Uma pintura de uma artista maduro. Alguns o consideram impressionista pela deformação dos contornos e elevação da luz. Porém, não podemos dizer com segurança que seja um impressionista porque isto não interessa a este artista que prima pela liberdade de expressão. O que lhe interessa realmente é a extração dos elementos componentes de uma paisagem, de uma rua, de uma sacristia. Enfim o que Esse Pimenta sente é uma necessidade orgânica de criar, de transportar para a tela a sua visão sobre os objetos e os elementos que naquele momento descortinam em sua frente. O s temas abordados dão a ele um caráter de volta ao passado tendo em vista que os jovens artistas estão mais preocupados numa arte de vanguarda.
Ele não, procura reviver aqueles locais, antes tão freqüentados e disputados, hoje tão deixados de lado.
Quero finalizar dizendo que a exposição de Esse Pimenta que ficará até o dia 30 do corrente no Grande Hotel da Barra merece ser vista e revista por todos aqueles que gostam da beleza e da qualidade.

                        AS ANDANÇAS DE YRAPUÃ

“A essência astral de um estradeiro exposta no seu trabalho e na sua consciência de convivência Humana”.
Há 11 anos o artesão Yrapuã enveredou pelas estradas do mundo, onde aprendeu a liberar sua tendência à arte, descoberta ainda nos tempos em que frequentava um colégio de padres no interior da Bahia. Com apenas dez anos de idade surpreendeu os professores por sua habilidade em forjar figuras de arame. Algum tempo depois, decidiu dedicar-se inteiramente à sua arte, hoje, marcada pela influência azteca, onde as figuras são baseadas em totens, deuses indígenas, fruto de dois anos passados no México e no Peru.
Yrapuã é autodidata.
Nunca frequentou qualquer escola de arte e o que aprendeu foi através de leitura e observação. O contato com outros povos representou uma fonte importante de informação e considera que os hippies, os ciganos do século vinte, ajudaram muito na popularização do artesanato.
Do artesanato em couro, Yrapuã passou a trabalhar com ligas de prata, já que sempre teve preferência por metais, pesquisando durante anos como transportar os totens, sempre feitos em madeira, para o metal. E conseguiu. Por isso seu trabalho atual é muito mais consciente e amadurecido, fruto de longa experiência.
Ainda este Mês, na galeria Lambe-Lambe, Yrapuã fará sua primeira exposição individual na Bahia, onde através de seus trabalhos pretende mostrar que o artesanato hippie não é somente bijuteria como é quase considerado, e sim uma arte com propostas variadas.

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