JORNAL A TARDE,SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 31
DE JULHO DE 1989
Uma exposição itinerante dos gravadores espanhóis dos séculos XVIII e XIX organizada pela Direção Geral de Relações Culturais do Ministério de Assuntos Exteriores está sendo realizada até hoje na Casa da Cultura Brasil-Espanha- na Rua da Paciência, no Rio Vermelho. São trabalhos de Manuel Alegre, Blas Ametler, Joaquim Bellester, Juan Barcelon, Ricardo Baroja, Ramon Bayeu, Simon Brieva, José Camaron, Tomas Campuzano, Juan A. Salvador Carmona, Manuel Salvador Carmona, José Del Castillo, Tomas Enguidanos, Rafael Esteves, Mariano Fortuny, Francisco de Goya, Carlos de Haes, Luiz Hernandez Noseret, Juan Miguel, Pedro Moles e Fernando Selma.
Segundo
Ceferino Moreno pode afirmar-se que a gravura espanhola começa no século XVIII,
mesmo sabendo que antes havia alguns gravadores no país, inclusive existem na
Biblioteca Nacional de Madri várias gravuras datadas do século XV. Sabe-se que
no século XVII os grandes artistas espanhóis se interessaram pela pintura, uma
conseqüência talvez do temperamento quente do espanhol, já que a gravura exigia
um trabalho mais lento, naquela época.
Mas
com o início do desenvolvimento da escrita e da literatura o surgimento de
livros trouxe como consequência a necessidade de ilustrações atrativas.
Porém,
no século XVIII com a criação da Calcografia Nacional, a gravura espanhola
forma impulso e surgem os grandes valores entre eles o mais famoso: Goya.
O Regulamento da Calcografia é do ano de 1790; foi um passo decisivo, informa
Ceferino Moreno no desenvolvimento da gravura espanhola, primeiro porque foi o
começo da reprodução do acervo gráfico, possibilitando um inventário do que
existia. O trabalho de recuperação do passado sucedeu uma fase de expansão e
difusão. Graças a Calcografia ocorreu o acesso ao riquíssimo tesouro gráfico
espanhol! E esta exposição é uma pequena amostra do seu rico acervo.
O
nome mais antigo desta mostra é Manuel Salvador Carmona, que dá início de
alguma forma á história da gravura espanhola
com seu trabalho na Academia de Belas Artes São Fernando, de onde saíram
muitos gravadores de primeira linha.
Francisco
de Goya, uma presença importante com suas águas-fortes da série Los Caprichos
só comparável como Durer e Rembrandt. Encerra a exposição Ricardo Baroja que
tem alguma ligação com as ideologias da chamada Geração de 98.
MUSEU
DE ARTE FECHADO PARA PEQUENAS REFORMAS
A claraboia com vazamento |
A
Valdete Paranhos gerente do Museu de Arte da Bahia, divulgou uma carta aberta á
comunidade informando que o museu está fechado para as obras de conservação.
Faço daqui votos que não fique fechado uma eternidade, nesta cidade pobre de
museus e acervos. Eis a carta de Valdete que publico na íntegra, já que venho
batendo nesta tecla de conservação dos nossos museus que devem abrir seu leque
e sua visão para outros setores que não o público em busca de uma vida mais
atuante em parceria com a comunidade. Já falei do imobilismo, e ela ainda
continua. Os dirigentes dessas instituições tem uma grande parcela de culpa.
Ficam olhando estrelas, contando dissabores sem uma ação criativa. Eis a carta:
Impelidos
a suspender temporariamente á visitação pública do Museu de Arte da Bahia, para
submeter o seu acervo e prédio a um trabalho de conservação imprescindível,
dirigente técnicos lamentam privar o público visitante deste contato com o seu
acervo:
Baldes, arma contra as goteiras |
Como
o acervo é um patrimônio da comunidade, todo o trabalho de recuperação está
sendo levado ao seu conhecimento através dos meios de comunicação, para,
legitimar a transparência das nossas ações.
O
questionamento é fundamental e fará parte do processo. Buscamos o apoio e o
estímulo recíproco.
Dirigentes
técnicos e comunidade assumirão posições, promessas e cobranças pela guarda e
utilização do patrimônio comum.
Assim
sendo, fechado a partir da presente data, reabrirá o mais breve possível, com uma
nova proposta museológica a partir de uma conceituação museal atualizada do
papel social do museu.
Durante
o curso dos trabalhos abrirá suas portas ás quartas-feiras á comunidade para
que esta acompanhe in loco o processo de recuperação da Memória Histórica da
Bahia, quando dirigente, corpo técnico e administrativo estarão disponíveis
para prestar as informações solicitadas.
SALÃO
DE ARTES VISUAIS NA UNIVERSIDADE DE VIÇOSA
Um
salão de artes visuais de abrangência estadual e um dos mais importantes salões
do País, promovido pela Universidade Federal de Viçosa com a colaboração das
universidades federais de Minas- Circuito Cultural, chama-se Salão Nélio Nuno e
foi criado em 1976, por intermédio de sua Divisão de Assuntos Culturais, em
homenagem á medida do artista viçosense Nélio Nuno. O objetivo do salão é
reunir e valorizar a obra de artistas mineiros contemporâneos e estimular a
livre expressão e desenvolvimento das artes visuais em Minas Gerais.
O
salão é aberto a todos os estudantes de curso superior de qualquer instituição
educacional, aos estudantes de artes de modo geral e a artistas, todos de Minas
Gerais. Terá as modalidades de pintura, gravura, fotografia, técnicas,
alternativas e vídeo-arte. Os temas são livres para todas as modalidades, cabendo
ao júri premiar as obras consideradas de maior criatividade.
O
artista apresentará três trabalhos para cada uma das modalidades. Todas as
obras devem estar embaladas e só serão aceitas em perfeito estado de
conservação e convenientemente apresentadas para serem julgadas.
Serão
distribuídos os seguintes Prêmios: Pintor Carlos Bracher- Ouro Preto/MG;
Fundação Ormeu Botelho- Cataguases/MG; e MESA Títulos e Valores Mobiliários/SP,
para as categorias estudante e artista. Para a primeira categoria, o prêmio será
de NCz$1.200,00 e para a segunda, de NCz$4.000,00 considerando-se a decisão do
júri para as obras mais criativas, independente da modalidade.
Os
prêmios serão entregues, em cheque, na abertura do salão, dia 29 de setembro de
1989, no Centro de Vivência da Universidade Federal de Viçosa.
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