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domingo, 12 de maio de 2013

ÂNGELO DE AQUINO NA POUSADA DO CARMO- PROJETO PARA SAUDADE Nº 1


JORNAL A TARDE,SALVADOR, SÁBADO, 10 DE SETEMBRO DE 1977


No próximo dia 13 estará expondo na  galeria da Pousada do Carmo o artista Ângelo de Aquino reunindo pinturas e desenhos. Em sua exposição realizada no ano passado na galeria Luiz Buarque de Holanda, no Rio de Janeiro, dizia Ângelo que a arte que eu fiz até aqui, e que muitos como eu fizeram, estava levando artistas e espectadores, críticos para um túnel escuro, sem saída. Poucos participavam efetivamente de seu conteúdo. Seu hermetismo fez nós solitários e marginais. Vivíamos fechados numa espécie de clube de corações solitários. Não, eu não quero ser um herói da arte, não quero ser marginal consagrado.Quero viver da pintura.Quero especializar-me.Até bem pouco tempo, para sustentar o tipo de arte que fazia, atuava como macaco de circo fazendo de tudo.
Um desabafo de um artista consciente que busca incessantemente uma comunicação maior com o seu público. Mas para isto necessita de subsídios que lhe garantam a subsistência para que suas mensagens sejam espalhadas por todos os lugares e consumidas por um número maior de pessoas. Ele tem idéias e conhecimento do mercado de arte no país, pois já expôs em vários estados brasileiros e até no exterior. Tem um vasto curriculum e consta de várias publicações especializadas em arte de outros países.
Disse Ângelo em 1976:
As galerias de arte, hoje, não querem mais investir no artista, principalmente se ele for jovem. Não querem correr nenhum risco mais, só querem especular. Não se interessam por nada do que está acontecendo, mas apenas pelo artista consagrado, ou morto. No início da década de 60 existiam aqui marchands que investiam no artista jovem, de vanguarda. Ganharam muito dinheiro, mas deram sua contribuição á nossa arte. Hoje, para a maioria das galerias tanto faz expor ou não expor, e se promovem uma exposição não se importam com a venda. Porque seu lucro vem da especulação com obras de autores consagrados ou best-sellers. Se eu vender toda a minha exposição darei á galeria um lucro de CR$ 50 mil. O que significa isto diante do que se pode ganhar com a venda de um único Portinari? A situação, portanto, é dramática. Ninguém estar tentando criar mercado de arte para as novas propostas e novos artistas. Não haverá uma terceira posição entre o artista marginal e o best-seller? Devo acreditar que existe, caso contrário, é o suicídio, é o suicídio. É preciso pensar outras alternativas, uma delas, quem sabe, seria a reunião de artistas em torno de uma galeria administrada pelos próprios artistas.
Estas e outras informações foram prestadas por Aquino em 1976.
Como a vida é um processo dinâmico e só os loucos têm idéias fixas é possível que este artista tenha amadurecido e até fortalecido estas idéias e afirmações que considera da maior importância. Sempre pauto por uma defesa intransigente dos artistas que suam diante de seus cavaletes noites adentro em busca de novas formas e expressões. Sempre defenderei a necessidade de um maior cuidado para com os jovens que necessitam de apoio e incentivo. Porém, é preciso critérios para que não corramos no erro de apoiar jovens artistas sem qualquer possibilidade de profissionalização, porque não dispõem de condições para criação de qualidade. Aguardo Ângelo de Aquino, com a certeza de que suas idéias estão mais firmes e que sua mostra seja realmente tão significativa quanto àquela que realizou em 1976 no Rio de Janeiro.

ANNA CAROLINA EXPÕE GRAVURAS NA 
GALERIA MACUNAÍMA
Com uma série de vinte e duas gravuras recentes, muitas das quais com colagens, a  gravadora Anna Carolina apresenta na Galeria Macunaíma, uma nova exposição individual, co apresentação do crítico Walmir Ayala.
Carioca de nascimento, Anna Carolina começou a participar de salões de arte a partir de 1975, no I Salão Nacional de Desenho e Artes Gráficas, onde conquistou Medalha de Prata. Neste mesmo ano, além de participar de vários salões oficiais, foi também premiada no II Concurso Nacional de Artes Plásticas de Goiás e no 32 Salão Paranaense.
Anna Carolina aprendeu xilogravura com José Altino, na Escolinha Arte do Brasil e frequentou o atelier livre de Abelardo Zaluar. Em 1975, realizou sua primeira mostra individual na Oficina de Arte em Barra Mansa. Em 1976, expôs individualmente no Centro de Pesquisa de Arte no Rio de Janeiro, e no Museu Guido Viaro, em Curitiba.
O telefone tem sido um dos enfoques mais constantes de Anna Carolina, vinculado a símbolos repressivos como a tesoura, o nó, o cadeado, o revólver, conceituando sua idéia com a impressão da gravura na própria página da lista telefônica. Atualmente utilizando colagens, Anna Carolina prossegue em sua pesquisa associando novos símbolos, salsicha/dedo, cigarro/dedo, em gravura que apresenta nesta mostra na Galeria Macunaíma.

DOIS ESCULTORES

Tati Moreno e Margareth Moura exporão a partir do próximo dia 23 na galeria O Cavalete, no Rio Vermelho. Margareth é gaúcha de nascimento, e está radicada em São Paulo. Tem trabalhos em vários museus, já tendo recebido o prêmio da Bienal de São Paulo em 1974.
A escultora gaúcha vai expor seus últimos trabalhos em bronze e Tati Moreno realizou sua última mostra na galeria do Hotel Meridien, e, agora, volta com novos trabalhos frutos de seu talento criativo. Vamos aguardar que será um importante acontecimento nesta cidade cheia de pintores e pobre em escultores. Na foto um trabalho de Margareth.



               UMA DESCOBERTA IMPORTANTE

Reprodução de uma cena da Dança
Macabra, autor  não especificado
Uma descoberta artístico-histórica foi a mais importante contribuição holandesa para o Ano de Rubens, que agora se celebra. Um pequeno álbum com desenhos, que durante séculos foi atribuído ao pintor Holbein, é comprovadamente uma obra juvenil de Rubens.Foi esta a conclusão a que chegou o historiador holandês de arte, professor I. Q. van Regteren Altena, que realizou a pesquisa por solicitação do antiquário H. D. Pfann.
No momento, circula no mercado uma edição fascinante do caderno de desenho original que, em Amsterdan, está sendo exibido como parte de uma grande exposição em homenagem a Rubens. O álbum, com capa de couro, traz 44 desenhos da Dança Macabra, de Holbein, anteriores a 1600. Estes dados constavam do catálogo do leilão de Mak van Waay, editado em setembro de 1969. Esta observação, acompanhando uma das reproduções, aguçou a curiosidade do bibliofilo H.D. Fann.
No momento, circula no mercado uma edição fascinante do caderno de desenho original que, em Amsterdam, está sendo exibido como parte de uma grande exposição em homenagem a Rubens. O álbum, com capa de couro, traz 44 desenhos da Dança Macabra de Holbein, anteriores a 1600. estes dados constavam do catálogo do leilão de Mak van Waay, editado em setembro de 1969. esta observação, acompanhando uma das reproduções, aguçou a curiosidade do bibliófilo H.D. Pfann.
Através dos Ex Libris da contra-capa, ele reconstruiu interessante história. Após a pesquisa do professor Van Regteren Altena, ficou claro que os desenhos não eram originais.
Holbein gravou a Dança Macabra em madeira, em tamanho menor que os desenhos do livro descoberto. Tudo indica serem os desenhos meras cópias. Mas de quem?
O professor Van Regeteren Altena lembrou então certo fato relatado em livreto do pintor Joachim Von Sandratt que, em 1627, se encontrara com Peter Paul Rubens. Quando ambos viajavam em direção ao norte dos Países Baixos. Rubens aparentemente ia se encontrar com alguns colegas pintores, porém, em realidade buscava realizar um contato diplomático secreto visando uma possível paz com a Espanha.
Rubens almoçou com  Honthorst em Utrecht. Partindo dali para Amsterdam, viajando pelos canais em um barco trekschuit o cinquentão Rubens contou ao jovem colega Sandrart que, quando estudante, estudara os trabalhos dos mestres alemães Dürer, Stimmer e Holbein, deste último copiando a Dança Macabra.
Morrendo Rubens, seu aluno Jan van Boechorst herdou o livro de desenhos. Num leilão em Paris, em 1771, um emissário da Rússia adquiriu-o para presentear o Tzar em Petersburgo. Mais tarde um esperto livreiro de Paris o readquiriu, e por intermédio dos príncipes de Liechtenstein Fê-lo chegar às mãos de Pfann, em Amsterdam.
Durante todo o tempo era crença geral que se tratava de uma obra de Holbein. Suposição sem fundamento. O professor Regteren Altena considera estas cópias de Holbein feitas por Rubens como os mais antigos trabalhos conhecidos do mestre de Antuérpia.
O pequeno álbum, de autor agora identificado, é atração na mostra comemorativa dos 400 anos da morte de Rubens. Segurado contra roubo pela quantia de meio milhão de florins, foi comprado há tempos por Pfann por apenas 3.800 florins.
A edição fac-símile - uma obra prima elaborada pelas firmas Enschede ,de Haarlem  e De Schutter, da Antuérpia custa apenas 200 florins. São dois, os livrinhos: um com os desenhos de Holbein/Rubens e outro com o texto explicativo do professor Van Regteren Altena.

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