JORNA A TARDE,SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 02 DE
OUTUBRO DE 1989
Mais uma vez, a Bahia está ausente do maior evento das artes visuais do País, que é a Bienal Internacional de São Paulo, um dos mais importantes do mundo, perdendo para a Bienal de Veneza, na Itália, e a Documenta, na Alemanha. Basta dizer que este ano participarão 42 países incluindo o Brasil, com trabalhos de 156 artistas, além de um número não determinado de artistas com eventos especiais, com obras de cenografia, teatro, dança, música, eletrografia, arte por computador, Projeto Natureza, dentre outros.
Soube
por intermédio de alguns artistas que uma representação da Bienal veio à Salvador num final de semana e que foi orientada por uma pessoa ligada à ex-Fundação Cultural e teve contatos com uns poucos. Passeou pelas praias
baianas, andou por onde bem entendeu o seu anfitrião e, em seguida,
rumou para São Paulo. Não viu a produção dos artistas baianos como deveria. Não
esteve com quem pudesse lhe conduzir ou apresentar a outras pessoas envolvidas
com a arte baiana. Esta aí o resultado. A Bahia sempre sai perdendo.
Escultura de Brecheret , O Índio e a Suaçuapara,1951 |
Serão
atribuídos dois prêmios internacionais a um artista e ao conjunto de obras de
um país, sendo os mesmos uma réplica em bronze da escultura de Victor Brecheret,
O Índio e a Suaçuapara, que pertence ao acervo do Museu de Arte Contemporânea
de São Paulo. Outro prêmio será destinado aos Eventos Especiais. A
representação brasileira, além de concorrer aos prêmios internacionais, será
contemplada com o Prêmio Fundação Alexandre Gusmão Vinculado ao Ministério das
Relações Exteriores, que e aquisição no valor de 40 mil dólares.
SERVIÇOS
Há
uma equipe de 30 monitores nos idiomas inglês, francês, espanhol, italiano,
japonês e árabe, além de português e dois intepretes para surdos e mudos a
disposição de grupos de visitantes.
Será
promovido um concurso de trabalhos escolares sobre a Bienal para alunos de
escolas municipais da 5ª a 8ª série do
primeiro grau. As escolas interessadas podem solicitar informações pelo
telefone 3572-7722, ramal 25 com Sônia Skroski. O concurso tem apoio da
Secretaria Municipal de Cultura e da Secretaria Municipal de Educação e
outorgará prêmios aos dois melhores trabalhos duas cadernetas de poupança em
nome dos alunos premiados.
Durante
a mostra, estarão funcionando no Pavilhão da Bienal ambulatório médico do
Unicor, com ambulância e helicóptero a disposição: agência bancária com setor
de câmbio: posto policial: sala de imprensa equipada com telex: livraria com
publicações de arte nacionais e estrangeiras: loja com artigos referentes a 20ª
Bienal pôster, catálogo, camisetas etc: lanchonete e restaurante.
A
20ª Bienal estará aberta ao público de 14 de outubro a 10 de dezembro,
diariamente exceto as segundas-feiras das 14 as 22 horas.
Os
brasileiros terão, pela primeira vez, um catálogo em conjunto, enquanto
convidados a representar o Brasil delegação brasileira..
A
Companhia Antártica Paulista patrocinará este catálogo, que será em cores e
bilíngüe. A tiragem Serpa de cinco mil exemplares: 1500 exemplares em capa dura
e 3500 em brochura.
O
catálogo terá, aproximadamente, 120 páginas, com fotos em preto e branco e em
cores e um texto sobre cada artista. Seu formato será o mesmo do catálogo geral
da XX Bienal Internacional de São Paulo.
No
momento estamos recebendo material para o feitio do catálogo, como textos,
fichas técnicas das obras e fotografias.
O
artistas brasileiros convidados pára a
XX Bienal são: Amilcar de Castro, Anésia Pacheco e Chaves, Anna Bella Geiger,
Carmela Gross, Carlos Vergara Cildo Meirelles, Daniel Senise, Eduard Sued,
Emmanuel Nassar, Esther Grinspun, Fábio Miguez, Flávia Ribeiro, Flávio Shiró,
Frida Baranek, Hilton Barredo, Jac Leiner, Jorge Guinle, José Resende, Katte
van Scharpenberg, Marco do Valle, Marcis Coelho Benjamin, Mônica Sartori, Nuno
Ramos e Sérgio Camargo.
SALA
VICTOR BRECHERET
O
escultor Victor Brecheret ( Foto) será homenageado, na XX Bienal Internacional de São
Paulo, com uma Sala Especial de 300², patrocinada pelo Banco do Brasil.
Coordenada
pelo curador arquiteto Cesar Luís Pires de Mello e orientada por Sandra
Brecheret filha do grande escultor que integrou o grupo de artistas da Semana
de 22, uma equipe de especialistas fez uma seleção de cerca de 20 obras
representativas de sua produção, inclusive algumas inéditas.
As
peças expostas serão cedidas por museus, bancos e colecionadores.
As
fotos serão de Rômulo Fialdini.
A
pesquisa histórica cuidará da parte informativa da mostra.
DA
SALA
O arquiteto César Luís Pires de Mello criou
para o espaço um projeto em que formas, luzes e telas metálicas envolvem os
módulos, dando destaque a cada uma das peças.
Para
que a sala fique em destaque, as cores da bandeira paulista, vermelho, preto e
branco, vão simbolizar a justa homenagem do povo de São Paulo ao eminente
artista.
Edição
Comemorativa, patrocinada pela Fundação Banco do Brasil S/A. Durante a XX
Bienal Internacional de São Paulo, será lançado, na Sala Especial.
Uma
Edição Comemorativa, sobre Brecheret, com texto de apresentação de autoria do
professor de História da Arte da Unicamp, Luiz Marques.
CONFRONTO
DOS BRASILEIROS
O
confronto dos artistas brasileiros no início dos anos 50 com a produção
internacional que chegava ao País através da Bienal provocou alguma reação.
Pintura Abstrata: Efeito Bienal- 1954, 1963 será uma sala para estudar tal
questão.
A
equipe de trabalho, o curador Cassimiro Xavier de Mendonça, a pesquisadora
Cecília Ribeiro e o arquiteto Augusto Lívio Malzoni estão procurando localizar
obras de 24 artistas, correspondendo ao que foi visto entre a 2ª e a 6ª
Bienais, dentro da abstração informal. Dividida entre o abstracionismo lírico e
o expressionismo abstrato, tanto na França, onde ela caracterizava a maior
produção da Escola de Paris, como nos Estados Unidos, onde teve teóricos
importantes como o critico Clement Greenberg, ela provocou o aparecimento de
artistas fundamentais para o avanço da arte do século XX. Mas como é que essa
pintura se irradiou para o Brasil? Ela surgiu em sintonia com as descobertas
internacionais ou foi um efeito Bienal. Ou ainda graças a Bienal e que os
artistas tiveram confiança de arriscar sena abstração. Essas são as questões
que essa sala pretende colocar para o público. Além disso, a sala volta a ter
uma atualidade além do caráter da informação histórica pois, trata de uma
pintura que lida com a transparência, com a materialidade, com o gesto e o ato
físico da pintura e da incapacidade da arte de trabalhar com o real questões
que voltaram a ter uma pungente atualidade na arte de hoje.
Artistas:
Anatol Wlasditaw, Antônio Bandeira, Arcângelo Ianelli, Arthur Luiz Piza, Celso
Renato de Lima, Danilo de Prete, Ernestina Karman, Franz Krajcberg, Glauco
Rodrigues, Henrique Boese, Iberê Camargo, Ivan Serpa, Laszio Meither, Loio
Pérsio, Maria Leontina, Maria Leonita, Maria Helena Andrés, Manabu Mabe, Mira
Shendel, Samson Flexor, Sheila Brannigan, Tomie Ohtake, Yolanda Mohaly, Wega
Nery.
DUAS
GERAÇÕES NA ARQUITETURA
Obra de Paulo Mendes da Rocha, em Vitória, ES |
Poetas
do concreto armado, sediam suas arquiteturas em São Paulo , fazendo-as
nacionais e internacionais. Com obras realizadas por toda parte, no Brasil e
fora, armam ma arquitetura paulista, na sua beleza clara, transparente, sem
subterfúgios.
Ambos,
a quem o espaço funcional e a proposição estrutural representam um único
princípio, e o concreto a matéria-prima, cuja plasticidade tudo permite, são
convidados a compor esta Sala Especial Arquitetura. Artigas através da Fundação
Vilanova Artigas, e Paulo pessoalmente.
Vilanova
Artigas, nascido em 1915 e falecido em 1985, é o grande responsável pela
materialização do que conhecemos, hoje, por arquitetura paulista.
Paulo
Mendes da Rocha, 1929, também com intensa atividade na formação de arquitetos,
na USP contribuiu no impulso à modernização do ensino desta arte.
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