JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 17 DE SETEMBRO DE 1977
A partir do próximo dia 21 estará expondo na Galeria ACBEU, na Vitória, o
escultor Josilton Ton. Ele mostrará 16 entalhes e quatro esculturas que
demonstram um amadurecimento precoce de jovem artista, pouco conhecido do
público baiano. Conheço Josilton de alguns anos, quando estivemos conversando
sobre sua obra. Era um iniciante que começava a dar os primeiros passos.
Mostrei a necessidade de continuar esculpindo e trabalhando, estudando. O tempo
passou, e, de repente, ele volta para mostrar-me seus novos entalhes. Fiquei
surpreso com o crescimento deste artista que trabalha com formas abstratas
demonstrando um desenho apurado.
Veio
e trouxe algumas considerações pessoais sobre o trabalho que realiza, no
contato diário com a madeira, que prefiro transcrever na íntegra para que tomem
conhecimento que não é mais um entalhador sem consciência que faz a coisa por
instinto. Ele possui informações, as quais manipula com muita propriedade.
Vejamos:
Na
arte de entalhar, e nela me expressando, através de desenhos exercitados onde,
ás vezes, consigo com alguns traços, focalizar instantes que de imediato
interpreto, sinto, desde já possibilidade do desenho ser transformado em
entalhe.
Quanto
ao sentido do meu trabalho, onde se desenvolve o problema vida-vidências o
ritmo que está presente nas formas orgânicas da natureza; a simetria que
aparece de um modo inconsciente; a proporção, principalmente, quanto à característica tensão entre o homem e o material que ele trabalha, são
elementos que podem surgir formando um equilíbrio quase constante. Independente
da figura global que é um desdobramento ou um amontoado de outras figuras que
muitas vezes, olhadas de outro ângulo, tem o conteúdo alterado, podendo então se
notar o significado da simplificação da figura como preocupação primordial.
Cada
trabalho representa, através de uma harmonia de linhas e formas, uma imagem
realista da vida cotidiana ou impressões e sentimentos, catalogados
simbolicamente ou não. Geralmente os trabalhos prontos podem ser considerados
abstratos-geométricos, figurativos em relação ao motivo de si;
expressionistas pelo contraste das cores
puras e meios tons espontâneos e, futuristas quando á apreensão do instante, do
transitório.
Uma
certa cristalização, no que diz respeito á beleza estética do trabalho, tende a
alcançar o estado equivoco do real e o imaginado, mesmo porque considerar só um
dos pólos é muito fácil e, por isso, o detalhe desnecessário deve ser eliminado
antes do desenho ser transformado em talha.
Quanto
à escultura, que pode ser também uma elaboração de formas não pensadas, ou
seja, um aproveitamento das possibilidades da madeira trabalhada, eu interpreto
como uma necessidade de eliminação da linha reta, certa fuga ao abuso do papel
desempenhado atualmente pela máquina, e, principalmente, a não utilização dos
instrumentos convencionais para trabalhar na madeira.
CINCO TAPECEIROS NA GALERIA MORADA
Lia
Valdetaro, Luiz Adolpho, Myrthes Mello Machado, Thor e Zitto Saback são os
cinco tapeceiros reunidos numa exposição coletiva na Galeria Morada. A mostra
permanecerá aberta até o dia 23 de setembro, das 9 ás 18 horas, exceto sábados
e domingos. Ao lado um tapete de Thor.
Lia Valderat Nasceu no Rio de Janeiro, formada pela Escola Nacional de Belas Artes, dedicou-se à cerâmica, mural e azulejaria antes de voltar-se para a tapeçaria, em 1963. participou da exposição individual na Galeria Portinari, em Lima, Peru 1967 e no Iate Clube do Rio de Janeiro 1976. Nesse mesmo ano, conquistou o 1º prêmio no Salão de Tapeçaria do Clube Naval.
LIA ADOLPHO- Nasceu em Salvador, Bahia. Realizou sua primeira exposição individual em 1972, na Galeria Ricardo Montenegro, seguindo-se outras nas Galerias Gauglin (Fortaleza) e Eucatexpo Rio de Janeiro. Participou de coletivas não só no Brasil, como em Israel, Caracas, Nov Iorque e Long Island. Em 1977, recebeu Prêmio de Aquisição na II Mostra de Artes Visuais da Casa da Bahia.
Lia Valderat Nasceu no Rio de Janeiro, formada pela Escola Nacional de Belas Artes, dedicou-se à cerâmica, mural e azulejaria antes de voltar-se para a tapeçaria, em 1963. participou da exposição individual na Galeria Portinari, em Lima, Peru 1967 e no Iate Clube do Rio de Janeiro 1976. Nesse mesmo ano, conquistou o 1º prêmio no Salão de Tapeçaria do Clube Naval.
LIA ADOLPHO- Nasceu em Salvador, Bahia. Realizou sua primeira exposição individual em 1972, na Galeria Ricardo Montenegro, seguindo-se outras nas Galerias Gauglin (Fortaleza) e Eucatexpo Rio de Janeiro. Participou de coletivas não só no Brasil, como em Israel, Caracas, Nov Iorque e Long Island. Em 1977, recebeu Prêmio de Aquisição na II Mostra de Artes Visuais da Casa da Bahia.
MYRTHES
MELLO MACHADO- Nasceu no Rio de Janeiro.Teve aprendizado de tapeçaria com
Concessa Colaço e, posteriormente, executou cartões assinados pelo artista
uruguaio Vilaró.
Participou
de individuais em Belém, Manaus e Recife e fez exposição individual no Iate
Clube do Rio de Janeiro. Em 1976 teve trabalhos selecionados para a I Trienal
de Tapeçaria, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
THOR-
Torquato G. Bertão- Nasceu em
Recife. Antes da tapeçaria, foi decorador em sua cidade natal
e no Rio de Janeiro, realizou primeira individual de tapeçarias-objetos em
1973, na Galeria CCA, onde apresentar-se-ia anualmente até 1976, paralelamente
a mostras em São Paulo ,
Bahia e Brasília. Em 1977, participou da II Mostra de Artes Visuais da Casa da
Bahia.
ZITTO
SABACK- Nasceu em Salvador, Bahia. Estudou Arquitetura e Belas Artes, antes de
se dedicar à tapeçaria, em 1970. Expôs, individualmente, em Salvador, São
Paulo, Brasília e Miami (EUA). Entre as suas premiações, Menções Honrosas nos
Salões de Maio, Maçônico, no Juiz de Fora 1974 e medalha de Bronze na I Mostra
de Arte da Casa da Bahia 1975.
BRASÍLIA
TEM AGORA CENTRO DE CRIATIVIDADE
Foi
inaugurado o Centro de Criatividade de Brasília, diretamente vinculado à Fundação
Cultural do Distrito Federal com o co patrocínio da Funarte e o apoio da
Unesco. O Centro de Criatividade com atividades de lazer. De instrução e de
informação, tem como objetivo principal promover o desenvolvimento do potencial
criador de seus frequentadores, visando a educação do público em geral e a
criação de condições que o estimule a se exprimir.
O
Centro de Criatividade localizado na Avenida W-Sul quadra 608, Bloco B, já está
funcionando de segunda à sábado, das 8 às 22 horas, e estão programados três
tipos de atividades. O primeiro refere-se às atividades orientadas, que
inicialmente estão divididas em três áreas: a) percepção visual ( artes
plásticas); b) imagem e movimento ( fotografia e cinema); c)expressão cênica (
oficina do corpo). O segundo tipo de atividade3 engloba propostas individuais
ou de grupos que, de acordo com seu interesse possam ser assumidas pelo Centro
na sua execução. Finalmente, prevê-se o desenvolvimento de projetos
relacionados ao artesanato e cultura no Distrito Federal.
Paralelamente
serão organizados seminários, cursos de curtas duração, palestras, projetos de
audiovisuais e filmes, de caráter educativo ou artístico, relativos a assuntos
culturais de interesse geral.
O
Centro de Criatividade deverá ainda servir como pólo irradiador e convergentes
dos valores culturais do Distrito Federal, no desenvolvimento de atividades
semelhantes nas cidades satélites.
EXPOSIÇÃO DE JORGE COSTA PINTO
Estive visitando a exposição do artista Jorge Costa Pinto e pude constatar a fidelidade para com a temática e a própria personalidade artística que caracteriza o seu trabalho. Numa olhadela rápida já podemos identificar um quadro de Jorge Costa Pinto pela maneira da abordagem dos assuntos, pois tem uma linguagem própria, com suas cores fortes e contornos dos volumes. Um advogado e funcionário público, que nunca deixou de pintar,porque a criatividade é inerente à sua personalidade. São trinta anos de trabalho pictórico, que podem ser traduzidos numa fidelidade dupla: a sua temática e a sua cidade, transportada para suas telas de qualidade. Retrata a seu modo as praias e os velhos casarões, fugindo totalmente daquilo que estamos acostumados e cansados de ver nos pintores menores que retratam Salvador. As paisagens ganham uma tonalidade e uma linguagem pictórica forte e pessoal. O que me impressiona é o jogo das formas, das árvores, que viram elementos da geometria sem perderem a poesia. É verdade que os 30 anos de pintura deram a este artista um certo domínio da técnica, que lhe permite brincar com os espaços.
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