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domingo, 12 de maio de 2013

JOSILTON DE VOLTA


JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 17 DE SETEMBRO DE 1977

Contrição II,  de Josilton

                          


A partir do próximo dia 21 estará expondo na Galeria ACBEU, na Vitória, o escultor Josilton Ton. Ele mostrará 16 entalhes e quatro esculturas que demonstram um amadurecimento precoce de jovem artista, pouco conhecido do público baiano. Conheço Josilton de alguns anos, quando estivemos conversando sobre sua obra. Era um iniciante que começava a dar os primeiros passos. Mostrei a necessidade de continuar esculpindo e trabalhando, estudando. O tempo passou, e, de repente, ele volta para mostrar-me seus novos entalhes. Fiquei surpreso com o crescimento deste artista que trabalha com formas abstratas demonstrando um desenho apurado.
Veio e trouxe algumas considerações pessoais sobre o trabalho que realiza, no contato diário com a madeira, que prefiro transcrever na íntegra para que tomem conhecimento que não é mais um entalhador sem consciência que faz a coisa por instinto. Ele possui informações, as quais manipula com muita propriedade. Vejamos:
Na arte de entalhar, e nela me expressando, através de desenhos exercitados onde, ás vezes, consigo com alguns traços, focalizar instantes que de imediato interpreto, sinto, desde já possibilidade do desenho ser transformado em entalhe.
Quanto ao sentido do meu trabalho, onde se desenvolve o problema vida-vidências o ritmo que está presente nas formas orgânicas da natureza; a simetria que aparece de um modo inconsciente; a proporção, principalmente, quanto à característica tensão entre o homem e o material que ele trabalha, são elementos que podem surgir formando um equilíbrio quase constante. Independente da figura global que é um desdobramento ou um amontoado de outras figuras que muitas vezes, olhadas de outro ângulo, tem o conteúdo alterado, podendo então se notar o significado da simplificação da figura como preocupação primordial.
Cada trabalho representa, através de uma harmonia de linhas e formas, uma imagem realista da vida cotidiana ou impressões e sentimentos, catalogados simbolicamente ou não. Geralmente os trabalhos prontos podem ser considerados abstratos-geométricos, figurativos em relação ao motivo de si; expressionistas  pelo contraste das cores puras e meios tons espontâneos e, futuristas quando á apreensão do instante, do transitório.
Uma certa cristalização, no que diz respeito á beleza estética do trabalho, tende a alcançar o estado equivoco do real e o imaginado, mesmo porque considerar só um dos pólos é muito fácil e, por isso, o detalhe desnecessário deve ser eliminado antes do desenho ser transformado em talha.
Quanto à escultura, que pode ser também uma elaboração de formas não pensadas, ou seja, um aproveitamento das possibilidades da madeira trabalhada, eu interpreto como uma necessidade de eliminação da linha reta, certa fuga ao abuso do papel desempenhado atualmente pela máquina, e, principalmente, a não utilização dos instrumentos convencionais para trabalhar na madeira.

     CINCO TAPECEIROS NA GALERIA MORADA                      

Lia Valdetaro, Luiz Adolpho, Myrthes Mello Machado, Thor e Zitto Saback são os cinco tapeceiros reunidos numa exposição coletiva na Galeria Morada. A mostra permanecerá aberta até o dia 23 de setembro, das 9 ás 18 horas, exceto sábados e domingos. Ao lado um tapete de Thor.
Lia Valderat Nasceu no Rio de Janeiro, formada pela Escola Nacional de Belas Artes, dedicou-se à cerâmica, mural e azulejaria antes de voltar-se para a tapeçaria, em 1963. participou da exposição individual na Galeria Portinari, em Lima, Peru 1967 e no Iate Clube do Rio de Janeiro 1976. Nesse mesmo ano, conquistou o 1º prêmio no Salão de Tapeçaria do Clube Naval.
LIA ADOLPHO- Nasceu em Salvador, Bahia. Realizou sua primeira exposição individual em 1972, na Galeria Ricardo Montenegro, seguindo-se outras nas Galerias Gauglin (Fortaleza) e Eucatexpo Rio de Janeiro. Participou de coletivas não só no Brasil, como em Israel, Caracas, Nov Iorque e Long Island. Em 1977, recebeu Prêmio de Aquisição na II Mostra de Artes Visuais da Casa da Bahia.
MYRTHES MELLO MACHADO- Nasceu no Rio de Janeiro.Teve aprendizado de tapeçaria com Concessa Colaço e, posteriormente, executou cartões assinados pelo artista uruguaio Vilaró.
Participou de individuais em Belém, Manaus e Recife e fez exposição individual no Iate Clube do Rio de Janeiro. Em 1976 teve trabalhos selecionados para a I Trienal de Tapeçaria, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
THOR- Torquato G. Bertão- Nasceu em Recife. Antes da tapeçaria, foi decorador em sua cidade natal e no Rio de Janeiro, realizou primeira individual de tapeçarias-objetos em 1973, na Galeria CCA, onde apresentar-se-ia anualmente até 1976, paralelamente a mostras em São Paulo, Bahia e Brasília. Em 1977, participou da II Mostra de Artes Visuais da Casa da Bahia.
ZITTO SABACK- Nasceu em Salvador, Bahia. Estudou Arquitetura e Belas Artes, antes de se dedicar à tapeçaria, em 1970. Expôs, individualmente, em Salvador, São Paulo, Brasília e Miami (EUA). Entre as suas premiações, Menções Honrosas nos Salões de Maio, Maçônico, no Juiz de Fora 1974 e medalha de Bronze na I Mostra de Arte da Casa da Bahia 1975.

                BRASÍLIA TEM AGORA CENTRO DE CRIATIVIDADE
Foi inaugurado o Centro de Criatividade de Brasília, diretamente vinculado à Fundação Cultural do Distrito Federal com o co patrocínio da Funarte e o apoio da Unesco. O Centro de Criatividade com atividades de lazer. De instrução e de informação, tem como objetivo principal promover o desenvolvimento do potencial criador de seus frequentadores, visando a educação do público em geral e a criação de condições que o estimule a se exprimir.
O Centro de Criatividade localizado na Avenida W-Sul quadra 608, Bloco B, já está funcionando de segunda à sábado, das 8 às 22 horas, e estão programados três tipos de atividades. O primeiro refere-se às atividades orientadas, que inicialmente estão divididas em três áreas: a) percepção visual ( artes plásticas); b) imagem e movimento ( fotografia e cinema); c)expressão cênica ( oficina do corpo). O segundo tipo de atividade3 engloba propostas individuais ou de grupos que, de acordo com seu interesse possam ser assumidas pelo Centro na sua execução. Finalmente, prevê-se o desenvolvimento de projetos relacionados ao artesanato e cultura no Distrito Federal.
Paralelamente serão organizados seminários, cursos de curtas duração, palestras, projetos de audiovisuais e filmes, de caráter educativo ou artístico, relativos a assuntos culturais de interesse geral.
O Centro de Criatividade deverá ainda servir como pólo irradiador e convergentes dos valores culturais do Distrito Federal, no desenvolvimento de atividades semelhantes nas cidades satélites.

                           EXPOSIÇÃO DE JORGE COSTA PINTO

 


Estive visitando a exposição do artista Jorge Costa Pinto  e pude constatar a fidelidade para com a temática e a própria personalidade artística que caracteriza o seu trabalho. Numa olhadela rápida já podemos identificar um quadro de Jorge Costa Pinto pela maneira da abordagem dos assuntos, pois tem uma linguagem própria, com suas cores fortes e contornos dos volumes. Um advogado e funcionário público, que nunca deixou de pintar,porque a criatividade é inerente à sua personalidade. São trinta anos de trabalho pictórico, que podem ser traduzidos numa fidelidade dupla: a sua temática e a sua cidade, transportada para suas telas de qualidade. Retrata a seu modo as praias e os velhos casarões, fugindo totalmente daquilo que estamos acostumados e cansados de ver nos pintores menores que retratam Salvador. As paisagens ganham uma tonalidade e uma linguagem pictórica forte e pessoal. O que me impressiona é o jogo das formas, das árvores, que viram elementos da geometria sem perderem a poesia. É verdade que os 30 anos de pintura deram a este artista um certo domínio da técnica, que lhe permite brincar com os espaços.


  

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