JORNAL A TARDE, SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA 30
DE OUTUBRO DE 1989
NOVE PAINÉIS DE PATRÍCIA BORGES
EXPOSTOS NO ROMA
Coragem
e originalidade. Duas palavras que podemos escolher para expressar a arte
elaborada por Patrícia Borges, que deixou sua Minas Gerais e empenhou-se na
Chapada Diamantina com seu companheiro, também artista Jorge Arbach e hoje
residem em Lençóis.
Coragem por ter escolhido uma temática que a princípio
assusta ou causa repugnância em algumas pessoas menos avisadas. Estou falando
de serpentes. Foi exatamente na plasticidade das linhas e formas das serpentes
que a artista se inspirou para fazer ou criar suas obras. São nove painéis de
tamanhos variados de batik que ela está expondo no Rama, que fica na Rua Lord
Cochrane, na Barra.
As
formas, os movimentos, o forte colorido e ainda por cima, a presença desses
ofídios na Chapada Diamantina contribuíram por sua opção pelas serpentes.
Desde
o princípio da nossa história que a serpente está ligada a coisa peçonhenta,
ruim. Lembremos que para representar o pecado que Adão e Eva cometeram surgem
sempre as ilustrações com uma serpente ofertando uma maça. Na realidade, servem
ainda para piadas sobre masculinidade e outros assuntos nunca elogiosos ou
positivos. Daí a coragem de Patrícia em elaborar o seu trabalho, utilizando a
serpente como temática. Confesso que ela conseguiu captar formas e cores muito
expressivas e chegam a surpreender. É preciso estar atento se não fizer uma
leitura do cartaz ou tiver uma informação sobre a exposição para a pessoa
identificar as serpentes, porque a artista fragmentou, juntou pedaços e com a
temática do batik ainda surgem linhas partidas que contribuem para dar uma boa
composição visual e retirar o peçonhento que alguns poderiam encontrar.
Ao
chegar a redação portando na cabeça um chapéu, que me fez essas bailarinas
espanholas, Patrícia entregou-me uma pesquisa manuscrita sobre o batik e
algumas considerações pessoais sobre a técnica.
Não
publico essas informações por total falta de espaço.
EXPOSIÇÃO
DE UNIVERSITÁRIOS
Sob a coordenação da professora Leda Cerqueira, de Fundamentos da Linguagem Visual, o Instituto de Música d UCSal., através de seu Departamento de Artes, foi montada no Shopping Barra uma mostra das obras dos universitários do curso de Educação Artística.
Dele
participaram, apresentando trabalhos de técnicas variadas óleo sobre tela,
acrílica sobre tela bico-de-pena, aquarela, e técnica mista Carlos Vilmar,
Ayrson Heráclito, Wildvan, Rita Portela, Ana Comini, Fátima Oliveira, Obadina
Freitas, Vera Peixoto, Jorge Mendes e Amélia Satiko.
Segundo
a professora Leda, os caminhos do discurso sobre o trabalho pictórico dos
universitários determinarão, certamente, um reconhecimento público da
criatividade e da competência técnica nessa trajetória cheia de compromissos
com a realidade.
Na
classificação do critico de arte Aldo Tripodi, esses artistas pertencem a um
núcleo, que optou por uma forma de inserção a vida, onde o mórbido cede lugar ao criativo, inerente a
situação econômica em que vivemos, sem todavia estar alienado a ela. Para
Tripodi esses artistas estão onipresentes em suas obras, que trazem sua mais
pura sensibilidade para o deleite e a observação contemplativa.
A
mostra que se estendeu até o último sábado apresentou como estilos
predominantes o figurativo expressivo e o abstrato na elaboração da forma como
programa produtivo de trabalho, que promove um diálogo inovador com o
intérprete.
NATUREZA,
TEMA DO LIVRO DO ANO DA VOLKSWAGEN
A
Natureza na Arte Brasileira é o tema do oitavo livro de arte da Volkswagen do
Brasil lançado em São Paulo ,
recentemente obra que dá seqüência ao projeto cultural da empresa, iniciado em
1982 e que teve como objetivo valorizar e incentivar a produção artística
nacional. Desta vez, a Volkswagen homenageou o meio ambiente reunindo trabalhos
de 25 artistas plásticos que utilizam elementos da natureza em suas obras:
sementes, búzios, fibras vegetais, pigmentos de areia, galhos de árvores,
cascas, seixos rolados, madeira, conchas marítimas e até o ar e a água. É o
primeiro livro do gênero no País.
O
projeto cultural da Volkswagen pretende envolver todas as formas de
manifestação das artes plásticas, da pintura á escultura, do pincel a mão que
molda o barro. Em oito anos, a empresa patrocinou a edição de publicações que
mostram A Cor na Arte Brasileira, Mestres do Desenho Brasileiro, Artistas
Gravadores do Brasil, Artistas da Cerâmica Brasileira, Artista de Escultura
Brasileira, Artistas da Tapeçaria Brasileira e Artistas do Muralismo
Brasileiro.
Uma
rara coletânea apresentada em edições bem-cuidadas e ricamente ilustradas.
Para
provar que a produção brasileira nesse segmento da arte é, possivelmente, a
mais importante do mundo, pela sua qualidade de produção, o jornalista e
critico de Arte Jacob Klintowitz, responsável pela edição do livro, reuniu em
220 páginas 180 com fotos as obras de Marlene de Almeida Lourdes Cedran, Paulo
Dias, Atalmir Galimbert, Zorávia Bettiol, Macaparana, Carybé, Claudio Tozzi,
Ermelindo Jardim, Ernestina S. Karman, Fernando Coelho, Mário Cravo Jr., Juarez
Paraíso, Megumi Yuasa, Diva Elena Buss, Antônio Hélio Cabral, José Valter
Ponte, Renata Telles, Bené Fonteles, José Patrício, Sérvulo Esmeraldo Cildo
Oliveira, João Rossi, José Cláudio e Eduardo Eloy.
A
Natureza na Arte Brasileira exigiu quatro meses de preparação da pesquisa á
impressão e concretiza um projeto idealizado por Klintowitz há um ano e meio,
no qual pretende mostrar que existe uma tendência mundial no sentido de
revalorização da natureza como suporte da arte e não apenas como tema.
BONFIM
DÁ CURSO DE PINTURA
O
artista plástico João Augusto do Bonfim, 31 anos, está ministrando curso de
pintura em sua oficina de Arte e Molduras, na Ladeira dos Galés, para adultos e
crianças. Com duração mínima de seis meses, o curso exige dos interessados
noções básicas de desenho. Bonfim é formado pela Escola de Belas Artes da
Universidade Federal da Bahia e, atualmente, expõe na Galeria Sagitário, no Rio
de Janeiro, e no Praia-mar Hotel.
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