JORNAL A TARDE, SALVADOR, SÁBADO, 22 DE OUTUBRO DE 1977
O artista Franz Krajberg vive em contato com a natureza mas ainda não encontrou a paz desejada |
As
cenas mostradas pela televisão deixam assim patenteada a capacidade de agressão
do Sr. Krajcberg. Já conhecia seu temperamento. Há pouco tempo ele foi
envolvido com uma ação semelhante. Um marginal carioca conseguiu reunir algumas
telas ditas de autoria de Krajcberg feitas quando ainda não tinha mercado. A
exposição foi montada num hotel e o artista foi lá e declarou que tudo era
falso. A briga ainda continua no tribunal, mas segundo as últimas informações
que li num jornal de circulação nacional tudo indica que as telas foram
realmente pintadas por ele. Verdade ou não, o que estou analisando no momento é
a atitude inconsequente do Sr. Krajcberg na bienal paulista.
Lembro
ainda que ele trabalha no município baiano de Nova Viçosa, que fica no
extremo-sul. Foi levado para lá pelo seu ex-companheiro e ex-amigo Zanini com o
qual terminou se desentendendo. O Júri da Bienal paulista escolheu os trabalhos
para premiação e entre eles encontravam-se os do Sr. Krajcberg que queria o
primeiro prêmio. Ora, isto é uma pretensão fora de qualquer limite. A artista
Maria Bonomi, membro do Conselho de Arte e Cultura da Bienal, amiga do artista
afirmou que ele não tinha o direito de criar esta situação, porque as cartas
não estavam marcadas para premiação. Exatamente o que buscava o Sr. Krajcberg,
a julgar por sua estúpida atitude era o vedetismo. É o caso de não mais convidar
este senhor para participar da Bienal porque da próxima vez será capaz de tomar
atitudes ainda mais inconsequentes.
Quero
lembrar a título de esclarecimento que essa atitude é constante na vida
profissional deste artista. Lembra o Prof. Clarival Prado Valadares que em
1966, na Bienal realizada em Salvador ele concorria junto com 14 outros. Quando
soube que o principal prêmio cabia a Lygia Clark, entrou no local da exposição
conversou o vigilante e levou todas as suas obras. Portanto, uma atitude ensaiada,
só que desta vez teve mais público porque foi exposta na televisão e aconteceu no sul do
País.
Quanto a seus defensores que afirmam que
Krajcberg estava reclamando o prêmio para outro grupo brasileiro em defesa da
arte nacional é uma discriminação também, condenável porque trata-se de uma bienal internacional.
MAIS
UM REBELDE EM MOSCOU
O Reacionário, obra de Ylia Glazunov |
Há
três meses Glazunov desafiava todos os movimentos culturais soviéticos, quando
tentou exibir um quadro controvertido, banido em seu próprio país, qualificado
de Caricatura Anti-Soviética.
Glazunov
chama a enorme tela que, toma praticamente uma parede inteira de seu Studio, o
mistério do século vinte.
A
obra é descrita pelo seu autor como um trabalho de realismo filosófico que
tenta resumir a História Contemporânea, da mesma forma que Dante Alighieri fez
há 600 anos com a Divina Comédia.
As
autoridades soviéticas criticaram o quadro porque, entre as várias
personalidades representativas da História Moderna, estão incluídos alguns
considerados párias para a Civilização Russa, como por exemplo Trotsky, Stalin,
Mao TSE-Tung e Solzhenitsyn.
Salientando
que este trabalho e sua primeira obra de arte, o artista de 47 anos preferiu
cancelar sua primeira exibição em Moscou em 13 anos a abrir mão quanto as
exigências das autoridades soviéticas para retirar o quadro da mostra.
O artista Ilya Glasunov Foto recente |
Durante
sua estada de um mês na Sibéria Ocidental, Glazunov trabalhou das oito da manhã
até ás 11 da noite e produziu 50 quadros e desenhos, que serão apresentados
para publicações.
O
pintor disse que uma Editora Soviética convidou-o a fazer esta viagem há um
ano, mas ele recusara o convite porque na época estava se preparando para e
estava programada para exposição cuja abertura junho passado.
Os
inimigos de Glazunov disseram que em agosto o pintor estava implorando as
autoridades para ir para a Sibéria sua única via de reabilitação com as
autoridades governamentais de Moscou.
Por
seu turno, Glazunov diz que está andando numa verdadeira corda bamba, pois se
de um lado é criticado por se afastar do realismo socialista, de outro é
acusado de agente da Polícia Secreta Soviética (KGB) os dois lados o chamam de
oportunista, acusações que ele obviamente refuta. Contudo, Glazunov admite seu
contentamento pela viagem a Sibéria.
Outra obra genial do artista soviético |
Duas
coisas ficaram patentes: Giazunov realmente produziu assustadoramente neste
curto espaço de tempo e fez muitas amizades na Sibéria, inclusive com o gerente
de construção, o secretário do Partido, o presidente sindical e o secretário da
Komsomol da área que ele visitou.
No
ano passado, foi um dos vários artistas soviéticos solicitados a pintar os
retratos oficiais do septuagésimo aniversário de Leonid Brezhnev.
O
trabalho feito por Glazunov, mostrando Brezhnev sem suas medalhas e as cúpulas
das igrejas do Kremelin sem as cruzes foi reproduzido pela revista Ogonyok.
Os
resultados deste trabalho foram fantásticos. De repente, Ilya Glazunov estava
sendo descrito como um proeminente pintor soviético e o Pravda começou a
reproduzir suas obras.
Os
jovens construtores da ferrovia convidaram-no a comparecer a um festival de
arte do final de setembro, na cidade de Yst-Tsilma, e um outro no dia 22 de
outubro, como convidado do primeiro trem que percorrera os 200 quilômetros que
ligam Magistralnyi e yulkan.
Parece
agora que as coisas se estabilizaram disse Glazunov, que já não teme a perda do
seu estúdio nem do seu apartamento, localizado bem perto do Kremelin.
Dizem que Ilya Glazunov, o maior pintor russo do século XX foi o único cidadão soviético que nunca precisou de autorização especial para sair do país. Entrava e saía da ex URSS para pintar os grandes estadistas do mundo, desde João Paulo II a Indira Gandhi, passando pelo Rei Gustavo da Suécia e Juan Carlos de Espanha sem que ninguém se atrevesse a questioná-lo sobre os seus itinerários.
Dizem que Ilya Glazunov, o maior pintor russo do século XX foi o único cidadão soviético que nunca precisou de autorização especial para sair do país. Entrava e saía da ex URSS para pintar os grandes estadistas do mundo, desde João Paulo II a Indira Gandhi, passando pelo Rei Gustavo da Suécia e Juan Carlos de Espanha sem que ninguém se atrevesse a questioná-lo sobre os seus itinerários.
DUZENTOS ARTISTAS EXPÕEM EM SÃO PAULO
Com
a participação dos 200 artistas no Brasil e de vários outros países da Europa e
da América Latina, do Leste europeu e dos Estados Unidos etc. o Museu de Arte
Contemporânea da Universidade de São Paulo inaugurou a grande exposição Poética Visuais.
A
mostra, destinada a artistas que trabalham alternada ou simultaneamente com a
imagem e a palavra foi estruturada no início de 1976, tendo a sua abertura sido
adiada das datas inicialmente previstas.
Um
grande número de participantes, diretamente convidados pelo MAC ou escolhidos
pelos artistas selecionados, enviou obras. Os mais variados media são
utilizados: do livro-de-artista á fotografia, do Xerox e off-set ao VT etc. A
presença de objetos é rara. Entre os escritos na exposição Poéticas Visuais
acham-se figuras renomadas como as de John Cage, Vostell, Janos Urban, Adriano
Spatola, Koste anetz, Muntadas, Clemente Padin, Dick Higgins, Mallander, Klaus
Groh, Michele Perfetti, Tom Ulrichs, Matsuzawa, Antonio Miralda, Júlio Plaza,
Regina Silveira, Gabriel Borba, Barrio, Regina Valter, Anna Bella Geiger, Sonia
Andrade, Jonier Marin, Letícia Parente, Joaquim Branco, José Paulo Paes,
Fernando Cocchiarale e outros.
GRAVURAS
NACIONAIS ESTÃO NO MAC
O
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo acaba de adquirir uma
série de gravuras, em várias técnicas, de artistas nacionais, enriquecendo seu
acervo especializado nessa área de expressão As novas obras que entram para as coleções do MAC geralmente
cobrem fase recentes de artistas. Já representados na coleção, o que torna mais
complexa sua documentação no acervo.
São
os seguintes os artistas que tiveram seus trabalhos adquiridos: Fayga Ostrower,
Edith Behring, Regina Silveira, Júlio Plaza, Tereza Miranda, Odetto Guersoni e
Luis Fernando Voges Barth.
COSTIGLIOLO
O
Museu de Arte Contemporânea adquiriu também a pintura Rectangulos Y Cuadrados LXXVI,
datada de 1976, do artista José Pedro Costigliolo, um dos pioneiros da arte
construtivista no Uruguai.
O
Museu já possuía de Costigliolo a obra Composição n.88, de 1953. Rectangulos Y
Cuadrados LXXVI já se encontra em exposição nas salas das coleções
internacionais do MAC.
PAINEL
CARLO
BARBOSA- Está expondo na galeria brasiliense Eucatexpo. Ele pinta temas e
imagens na vida do povo, registrando a poesia, o sonho, a fantasia e a
resistência de seu testemunho.
SAULO DE COL- Desde ontem que Saulo de Col está mostrando seus trabalhos na Galeria O Cavalete, no Rio vermelho.
JOSILTON TON- Na minigaleria Acbeu está expondo Josilton Ton, de quem falei há duas semanas sobre suas esculturas. Um jovem de talento.
QUEM VEM LÁ?- É o Edmilson Ribeiro com seus entalhes de anjos que voam com asas compridas em frente ao casario da Bahia. É o Edmilson Ribeiro, de Vitória da Conquista, que chega e conquista a Rua do Sodré, com seus entalhes místicos e sua própria figura. Ele está expondo na galeria da ESAF, no Ministério da Fazenda.
FAROLEO- está expondo na Galeria da Alliance Française. Por ser um primitivo de qualidade tem boa aceitação na França onde seus quadros estão em várias coleções.
OURO DO PERU- Enquanto o Museu Romer-Pelizaeus ,de Hildeshein conseguiu atrair ano passado quase 400.000 visitantes para sua exposição Echnaton-Nefretite Tutankamun. Neste verão oferece novamente uma atração cultural de nível internacional: na ampla exibição de Ouro do Peru o museu mostra não apenas sua rica coleção de cerâmica peruana antiga, mas também 250 peças emprestadas pelo Museo Oro Del Peu que só muito raramente podem ser apreciadas na Europa.
Os
objetos da exposição deste país latino-americano não procedem das riquezas dos
conquistadores espanhóis. Trata-se, isto sim, de objetos de arte de diferentes
épocas da cultura pré-colombiana, começando pela cultura Chavin a partir do ano 1000 a .C. aproximadamente ,até a época do Império Inca. Foto.
DE
FIORI- O professor alemão Dierk Engelken, da Universidade de Colônia,
encontra-se em São Paulo
onde vem efetuando pesquisas visando o levantamento da obra de Ernesto de Fiori
realizada no Brasil.
Ernesto
de Fiori, de origem ítalo-alemã 1884-1945, viveu no Brasil entre 1936 e 1945 e
aqui produziu inúmeras esculturas além de retomar a pintura, arte pela qual
começou sua carreira.
Dierk
Engelken já conseguiu realizar grande parte do levantamento da obra do escultor
nos museus europeus. Sua pesquisa em São Paulo vem sendo ultimada junto aos
colecionadores e particularmente junto ao Centro de Documentação do MAC, que,
em 1975. apresentou uma mostra retrospectiva do artista.
Concluídos
seus estudos, o pesquisador visitante apresentará uma tese de doutorado junto á
Universidade de Bonn.
REMBRANDT-
Vândalos jogaram ácidos em três quadros de Rembrandt e um de Willian Drost que
estavam em exposição na Galeria de Arte do Castelo Wilhelmshohe.
Um porta-voz da polícia disse que ficaram seriamente, danificados os quadros
Apóstolo Tomes, Selbstbildnis (auto-retrato) e Der Segen Jacobs ( Benção de Jacó) ,
pintados por Rembrandt.
O
outro quadro também seriamente danificado foi Christus Erscheint Magdalena Als
Gaertner, ( Cristo Aparece a Madalena como Jardineiro), de Drost.A
polícia informou que está buscando um homem alto de idade entre 40 e 45 anos.
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